domingo, 4 de dezembro de 2016

TRIBUNA EXPRESSO


Um Azar do Kralj acha que há uma correlação entre o nível capilar do central sueco e as suas exibições pelo Benfica. E sentiu placas tectónicas a mexer quando André Almeida tentou usar o pé esquerdo

EDERSON

Importante momento formativo para o jovem brasileiro, que descobriu esta noite a sensação de perder um jogo do campeonato. Curiosamente, hoje que era um bom dia para vomitar, pareceu-nos impecável, tendo inclusivamente evitado golos.

NÉLSON SEMEDO

Participou em dois ressaltos de bola, um que bateu nos seus pés e dá golo ao Marítimo, e um outro chamado Gonçalo Guedes. Tentou algumas vezes repetir o golaço de há poucos dias, dando a entender que o seu pé esquerdo não é tão forte como o direito. Enquanto continuar a colocar um à frente do outro, como fez durante todo o jogo em tarefas ofensivas e defensivas, ninguém lhe irá pedir satisfações.

LUISÃO

Escorrega no lance do primeiro golo, borrando espectacularmente a pintura do seu jogo 300 no campeonato. Gente mais obtusa dirá que está na hora de Luisão pendurar as botas. Gente mais obtusa dirá que está na hora de chamar o Lisandro, o Jardel, o Kalaica ou irmão mais novo do Malacia. Gente mais obtusa deverá aproveitar esta noite para descansar, que amanhã é outro dia e já ninguém vos consegue ouvir.

LINDELÖF

Há uma estranha correlação positiva entre a evolução capilar de Lindelöf e a degradação do seu nível exibicional. Quanto mais comprido o cabelo, maior a tendência para cometer erros. Das duas, uma: ou Lindelof aceita a deliberação de milhões de adeptos e sujeita a sua carreira à máquina zero, ou nada. Não há mais nenhuma hipótese. Os benquistas têm-se habituado, e bem, a defesas centrais que não usam cera no cabelo. Luisão: não tem cabelo. Jardel: cabelo curto, quase sempre tapado por uma ligadura na cabeça que acabou de partir. Lisandro: não interessa, já perceberam o exemplo. Põe-te fino, sueco.

ANDRÉ ALMEIDA

Nenhum plano sobrevive ao primeiro encontro com o inimigo. A afirmação pertence a um general qualquer que já morreu e não a Rui Vitória, um marechal a quem os planos têm corrido lindamente, mas não sobreviveram ao primeiro encontro com um lateral esquerdo adaptado. O momento-chave do jogo, protagonizado pelo nosso Egas, dá-se aos 67 minutos quando o rapaz tenta, por razões que levaremos tempo a decifrar, utilizar nem mais nem menos que o seu o pé esquerdo. Esta intervenção viria a provocar um abrupto movimento das placas tectónicas e o terceiro lance de bola parada consecutivo da sua responsabilidade, tudo no espaço de dois minutos. Não satisfeito, André Almeida quis ver até esta espiral de erros poderia conduzir o jogo, a sua vida e o estado anímico de milhões de pessoas. Cedeu o seu lugar em campo imediatamente a seguir ao segundo golo do Marítimo, numa substituição que, em rigor, foi bem pensada, mas pecou por ligeiramente tardia.

FEJSA

Se toda a gente neste país só perdesse uma vez a cada 42 jogos estaríamos nós bem melhor. A estatística mais importante da carreira de Fejsa, pai todo poderoso do meio-campo benfiquista e talismã que tem piada recordar em conversas como as de hoje, essa mantém-se: há quase 10 anos que não sabe o que é não ser campeão nacional. E continua a jogar com a atitude de quem não encomendou as faixas. Clone-se.

PIZZI

Novamente o melhor do Benfica. A prova de que foi o indivíduo mais lúcido em campo, se não vos bastar as várias jogadas bem desenhadas na construção ofensiva e o apoio constante a Fejsa na recuperação e cobertura de espaços. Mas, dizíamos, a maior prova da sua lucidez foi mesmo não ter espetado uma lambada a um dos vários maritimistas que o provocaram na esperança de sacar o amarelo que o impediria de defrontar o Sporting. Comporta-se como um capitão de equipa, o que é bonito de ver. Lá estará na próxima semana para bater continência.

SALVIO

Como grande benfiquista que é, irá falar com Rui Vitória e colocar temporariamente o seu lugar à disposição para o jogo contra o Sporting. Isso ou cala-nos com mais uma grande exibição como só ele sabe. Hoje não foi o caso, mas, venha o que vier, parece-nos bem.

CERVI

Tinha acabado de participar num lance perigosíssimo quando recebeu instruções para ceder o seu lugar a Carrillo. Como bom miúdo que é, acatou, mas as crianças que escrevem isto não apreciaram a sua substituição. Aguerrido, disciplinado tacticamente, rigorosamente sempre solidário, é vê-lo no ataque e segundos depois a safar uma bola qualquer junto a Luisão e Lindelöf, às vezes até por baixo deles. Só lhe queremos bem. Ah, e aquele corte de cabelo continua a ser uma das melhores piadas desta temporada.

GONÇALO GUEDES

Excelente nos movimentos de costas para a baliza, em especial aos 27 minutos, quando se isolou pela direita e finalizou da melhor forma um remate de Nélson Semedo.

MITROGLOU

Analisar as exibições de Mitroglou nos dias que correm é mais fácil se fingirmos que isto é um boletim clínico. Kostas Mitroglou apresenta ligeiras melhorias, mas continua na unidade de cuidados intensivos. Mantém um quadro gravoso de estiramento cerebral, agravado por delírios relacionados com o ex-companheiro no ataque, que resultaram numa rotura muscular da sua confiança. Continua a fazer trabalho de ginásio mental com forte vigilância técnico-táctica. Não é seguro que jogue contra o Sporting, apesar de poder vir a estar no relvado.

RAFA

Precisamos todos, nós e o Rafa, de mais minutos seus em campo. Por favor tratem disso. Hoje voltámos a avistar o Rafa de há três meses. Fez jogar, quase marcou por duas vezes e parece-nos que só precisa de 90 minutos contra um adversário razoável. À falta de melhor, pode ser já no próximo domingo.

JIMÉNEZ

Gottardi está recuperado, aparentemente.

ANDRÉ CARRILLO

Gottardi pede novamente assistência.

1 comentário:

  1. Parabéns!
    Divertida até à exaustão, a análise acertadíssima do desempenho dos jogadores na Madeira. Critério isento e esmerado humor.
    Então equipa para amanhã, 3ºfeira com o Nápoles? e nas bancadas, 40.000?
    Força Glorioso.

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