sábado, 25 de fevereiro de 2017

A MÃO QUE DÁ E A MÃO QUE TIRA


Disse Nuno Espírito Santo no final do jogo com a Juventus que o árbitro condicionou o resultado quando expulsou Alex Telles aos 27 minutos.. Não contestou a justiça da decisão - nem podia, só podia mesmo queixar-se da imprudência do seu jogador -, mas afirmou que o alemão Felix Brich podia ter «contemporizado». Percebo a ideia do treinador do FC Porto. Até concordo com ela, porque um jogo em que uma equipa fique em inferioridade numérica ainda na primeira parte fica estragado e muito menos interessante.  Mas são as regras - não há lá nada que diga ao árbitro para contemporizar em nome do espetáculo - e enquanto não forem mudadas são para se cumprirem.
Posto isto, há também que lembrar que o FC Porto desse rigor dos árbitros beneficiou para chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. A justiça das decisões nos lances em causa (também) não merecem contestação, mas nos dois jogos do play-off a Roma ficou reduzida a dez ainda na primeira parte: Vermaelen foi expulso no Dragão aos 41 minutos e na segunda mão de Rossi viu o vermelho aos 39 e Palmieiri aos 50. E não consta que NES tenha vindo a terreiro defender o espetáculo. Assim como não o fez no final das partidas com o SC Braga (Artur Jorge expulso aos 35 minutos), Feirense (Ícaro, aos 3), Moreirense (Francisco Geraldes, aos 45) ou Tondela (Osório, aos 45+2).
Nuno Espírito Santo pode pode, claro, falar do assunto sempre que entender. Não deve é fazê-lo em tom crítico depois da sua equipa ser penalizada, esquecendo-se de que em situações semelhantes se referiu de forma elogiosa aos trabalhos de árbitros que tomaram as mesmas decisões, mas ao contrário. Este não é, atenção, um problema exclusivo do treinador do FC Porto. É até uma coisa muito portuguesa: «com o mal dos outros posso eu bem», costuma dizer-se. Talvez seja esse um dos grandes problemas do nosso futebol...

Ricardo Quaresma, in a bola

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