quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

ESCALA DE RICHTER


O sísmógrafo futebolístico, ao longo de uma temporada, é a expressão de sucessivos e antagónicos estados de alma e de tão definitivas como precárias sentenças mediáticas de ciência exata.
Um bom exemplo é o que se diz e escreve sobre o Benfica, que já passou por todas as fases da escala de Richter. O favorito dos favoritos, um tipo de jogo sustentado, uma defesa inexpugnável, uma equipa inconsistente, um ataque com soluções para dar e vender, uma eficácia tremenda, uma equipa com duas faces, uma forma de jogar sem soluções, uma equipa segura, um conjunto de tremedeira, confiança a rodos, perda de identidade, equipa abalada, suplentes à altura, etc. Enfim, para todos os gostos. Ainda que em tempos e de modos diferentes, Porto e Sporting são apreciados com o mesmo e telúrico ritmo bipolar. O porto, o outro candidato ao título, já passou entre cinzento e luz (salvo seja), paciente e impaciente, previsível e surpreendente, sem banco e com banco para todas as variações, sem estofo de campeão e campeão à condição, etc. Nós, adeptos, olhamos para estas variações vertiginosas, entre optimismo e pessimismo inconsequentes. São matéria - prima para todas as apaixonadas discussões. O curioso é caráter provisoriamente definitivo de cada uma das variações, até que outra definitivamente provisória se instale a seguir. Basta um golinho, um erro do árbitro, um sopro de sorte ou uma bola na trave, para que estabilidade e instabilidade troquem de posição, a depressão vire euforia e esta retorne à deceção, e jogadores sofríveis se tornem imprescindíveis e vice-versa. Bipolar, mas não tanto, por favor!

Bagão Félix, in a bola

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