quinta-feira, 23 de março de 2017

OS PRESIDENTES E OS SEUS CHICOTES


"Vinte e seis jornadas do principal campeonato do futebol português (faltam ainda oito) e já vamos em dezassete mudanças de treinador. Duas por razões especiais, provocadas por transferências pela simples lei da oferta e da procura, e quinze por verdadeira crença de nada menos de doze(!) presidentes na chamada chicotada psicológica.
Claro que todas as épocas existem razões especiais que justificam a mudança, mas um triste recorde de troca massificada de treinadores durante uma época só pode ter uma justificação global: a preocupante impreparação, para não dizermos incompetência, de muitos desses presidentes, com reflexos graves na gestão financeira dos magros recursos dos seus clubes.
Há, para cúmulo, quatro situações extremas de clubes que já vão no seu terceiro treinador da época. É um bem para a melhoria dos níveis de emprego da população portuguesa, mas é um certificado de desqualificação que aqueles que tomam tais decisões passam e assinam sobre si próprios.
É natural que haja situações de puro engano, de erros não forçados, como se diz no ténis, mas com números com esta amplitude é inevitável pensar-se que o presidencialismo do futebol português carece, em parte significativa, de gente com outro sentido de responsabilidade, outro nível de conhecimento e, sobretudo, outra capacidade de gestão.
Definitivamente: a escolha de um treinador para uma equipa de futebol tem de ser um acto de grande critério, porque se trata de uma escolha de um quadro decisivo no funcionamento do grupo. Não pode continuar a ser um acto irreflectido, nem de mero instinto."

Vítor Serpa, in a bola

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