sexta-feira, 28 de abril de 2017

OLHEM PARA ELES


"Não acredito que seja coincidência: estamos a ter uma das piores edições do campeonato do que à qualidade global do futebol diz respeito e talvez nunca como nesta temporada assistimos a tanta polémica e jogo sujo. Que a malta anda a portar-se mal, isso todos estamos de acordo, mas interessa-me, como cidadão, jornalista e amante deste jogo, perceber como chegámos aqui.
Olhemos para a justiça, por exemplo: a possibilidade de um caso ser julgado por dois organismos (um da Liga e outro da Federação) é absolutamente anacrónico e anedótico para casos como o de Slimani ou o do túnel de Alvalade (ou o de Samaris, vale uma aposta?) que demoram mais tempo a resolver-se do que construção de um prédio de 10 andares.
Urge por isso simplificar: um único órgão de disciplina e outro de arbitragem, de preferência fora da Liga, que está (e estará, devido à sua natureza) refém de interesses de quem não pensa global. Porque quem anda nos bastidores do futebol sabe como são tomadas as decisões em Assembleias Gerais: os grandes a competirem entre si e contando as espingardas, ou seja, clubes aliados, que devido à sua fragilidade estrutural, financeira e (porque não dizê-lo) com dirigentes de horizontes muito curtos, não têm outro remédio senão o de fazer de alinhado, caso contrário não recebe aqueles atletas emprestados ou aquele dinheirinho da venda de um jogador que nunca chega verdadeiramente a actuar pelo clube que o contrata...
São formas de agir de há 30 anos que continuam em voga, apenas mudando os protagonistas e a cor das gravatas. É tempo de haver uma reciclagem dos dirigentes. É muito bafio e bolor junto. Olhem cada vez mais para os jogadores e deem-lhe o espaço que merecem. Estão a dar várias lições. Como a de ontem no novo restaurante de Schelotto."

Fernando Urbano, in a bola

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