terça-feira, 4 de abril de 2017

QUANDO JÁ NADA NOS SURPREENDE


"Um árbitro foi agredido, ontem, por um jogador num encontro entre o Rio Tinto e o Canelas, da fase final da Divisão de Elite da AF Porto. Mais um episódio triste no futebol português, onde já nada nos surpreende. Há, neste grave incidente, dois aspectos a ter em conta. Primeiro, o facto de o agressor ser futebolista do Canelas. Há muito se percebeu que a AF Porto tem ali um problema, sobre o qual preferiu não fazer muito - como se a principal competição que organiza pudesse decorrer de forma normal quando quase todos os clubes que nela participam se recusam a jogar contra um adversário. Não sei se a razão está no lado da maioria dos clubes ou se o Canelas está a ser vítima, como diz, de uma conspiração. Mas sei que não é bom sinal quando se é notícia quase sempre pelas piores razões.
O outro aspecto da questão é mais profundo. Nas últimas semanas têm sido vários as notícias de árbitros agredidos. Vídeos desses momentos tornaram-se virais. Mas parece que muitos olharam para estes casos com desdém, fruto da mentalidade tão nossa de que o árbitro é sempre o mau da fita. Não é. Mais: se há alguns (poucos) que conseguirem viver da arbitragem, muitos há que andam nisto por carolice. Ainda há dias A Bola contou a história do árbitro agredido em Viseu: ganha 10 euros por jogo e tem de passar recibo verde. Não sei se será o caso de José Rodrigues, que ontem acabou no hospital só porque expulsou um jogador aos dois minutos, mas de certeza que não merecia aquela joelhada na cara.
O Regulamento Disciplinar da AF Porto prevê, para estes casos, pena entre seis meses e quatro anos de suspensão. Pena que desapareceu a figura de irradiação. Quem faz algo assim nem com os amigos devia jogar. Mas à falta de melhor, que se aplique a pena máxima. Há que começar a dar o exemplo."

Ricardo Quaresma, in a bola

1 comentário:

  1. A pena de irradiação desapareceu graças à inteligência dos dirigentes dos clubes que calaram a voz dos árbitros desde que os árbitros foram obrigados a integrarem-se na FPF, pois quando eram independentes e pertenciam à Comissão Central de Árbitros ( a nível nacional ) e à Comissão Regional de Árbitros ( a nível distrital ).

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