domingo, 23 de julho de 2017

DA FRONTALIDADE


"Octávio Machado foi, revelou-o Bruno de Carvalho, a terceira escolha quando, no início de 2015/16, foi convidado pelo Sporting para director geral do futebol. Para os mais atentos não terá sido novidade - basta ler as notícias dessa altura -, mas a confirmação desse facto foi a forma encontrada pelo presidente leonino para atingir o agora ex-funcionário onde todos sabem que lhe dói mais: no orgulho.
Diz Bruno de Carvalho que a única coisa que não lhe agradece é a entrevista concedida numa altura inconveniente para os interesses do Sporting. Admite-se, até que Bruno de Carvalho se tenha sentido magoado. Mas não terá ficado, de certeza, surpreendido. Porque foi Octávio Machado a ser ele próprio. E foi por Octávio Machado ser como é, e sempre foi, que o Sporting decidiu convidá-lo numa altura em que a Bruno de Carvalho - e talvez a Jesus - pareceu ser importante contar na estrutura com alguém com o seu perfil: beligerante, sem medo do confronto, disposto a dar o peito às balas sem receio das consequências - mesmo que já então talvez desactualizado quanto às necessidades do futebol moderno. Não estaria agora, por certo, à espera que Octávio saísse (ou fosse empurrado) de forma pacífica. Esperou umas semanas e desabafou. Como se sabia que faria.
Quanto à frontalidade - ou à falta dela - de Octávio Machado, acusado por Bruno de Carvalho de ter demitido por carta e sem com ele falar cara a cara: muito antes do final da época já se sabia que Octávio era visto em Alvalade como estando a mais. Ele percebeu-o sem que alguém lho tivesse dito na cara. E decidiu sair pelo seu próprio pé e de maneira que sempre o caracterizou: sem medo da guerra, não admitindo ser o bode expiatório do insucesso desportivo. Surpresa?
Só para quem não o conhece."

Ricardo Quaresma, in A Bola

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