sábado, 23 de setembro de 2017

AVALANCHE OFENSIVA


Golo de Cervi abriu o marcador no regresso do Benfica às vitórias. Jonas fez o segundo e garantiu os três pontos antes de mais uma jornada europeia.
O Benfica venceu este sábado o Paços de Ferreira por 2-0, em jogo a contar para a sétima jornada do campeonato nacional, e aproveitou o empate do Sporting em Moreira de Cónegos para reduzir a distância para os 'leões'. Cervi abriu o marcador aos 20' minutos enquanto que Jonas fixou o resultado final aos 61'.
Depois de três jogos consecutivos sem vencer, o Benfica regressava ao Estádio da Luz com a obrigação de vencer o Paços de Ferreira para não deixar escapar o pelotão da frente e afastar o espectro de uma crise de resultados.
Rui Vitória apostou na continuidade de Júlio César na baliza dos 'encarnados' depois da titularidade do guardião brasileiro no empate frente ao SC Braga para a Taça da Liga, e fez regressar Fejsa ao meio-campo do Benfica. Na defesa, o Benfica apresentou Grimaldo no lado esquerdo e André Almeida no lado direito com a dupla de centrais constituída por Luisão e Rúben Dias. Na frente de ataque, a dupla voltou a ser Jonas e Seferovic enquanto que nas alas Cervi e Zivkovic municiavam os avançados juntamente com Pizzi.
O Paços de Ferreira apresentou-se na Luz com Mário Felgueiras na baliza e o quarteto defensivo constituído por Francisco Afonso, Rui Correia, Miguel Vieira e Bruno Santos. No meio-campo, Vasco Seabra apostou em Vasco Rocha, e André Leão com a frente de ataque constituída por Medeiros, Mateus, Xavier e Welthon.
Com as bancadas a registar um total de mais de 47.000 espectadores foi o Paços de Ferreira a dar o pontapé de saída. A equipa de Rui Vitória cedo recuperou a posse de bola e os ataques à baliza de Mário Felgueiras foram consecutivos com Jonas, logo aos 4' minutos, a desperdiçar uma ocasião soberana para abrir o activo no marcador. Aos 8' minutos, o Benfica voltou a criar muito perigo junto da baliza pacence com Grimaldo a atirar uma bola ao ferro na sequência de um pontapé livre.
Aos 17' minutos, a equipa do Paços de Ferreira voltou a ver uma bola bater no poste da baliza de Mário Felgueiras a remate de Jonas, com os defesas pacenses a conseguirem afastar o perigo na sequência de vários remates do Benfica.

O Benfica dominava, mas não conseguia abrir o marcador, e o Paços de Ferreira aproveitou o balanço da equipa de Rui Vitória para, num rápido contra-ataque aos 20' minutos, testar a atenção de Júlio César. Xavier tentou o remate de longe, mas o guardião brasileiro mostrou segurança.
A incursão do Paços de Ferreira à baliza do Benfica abriu espaços e na sequência do contra-ataque de Xavier, a equipa de Rui Vitória chegou ao golo numa bela jogada entre Pizzi, Zivkovic e Cervi, com o extremo argentino a 'fuzilar' o guarda-redes pacense com um remate violento à entrada da grande área.
Ao contrário dos jogos anteriores, em que o Benfica perdeu intensidade com o golo inaugural, a formação comandada por Rui Vitória não baixou a pressão e continuou à procura de dilatar a vantagem. Seferovic tentou um remate cruzado de muito longe, e esteve perto de fazer o 2-0, mas a bola acabou por bater na trave e sair.
Antes do intervalo, o Benfica voltaria a criar vários lances de perigo, mas o resultado continuaria 1-0 no regresso aos balneários.
No segundo tempo, o jogo começou praticamente com um lance de muito perigo do Paços de Ferreira com Rui Correia a colocar Júlio César em sentido com um cabeceamento por cima da baliza.
Aos 55' minutos, o ataque do Benfica voltou a desperdiçar mais um lance de perigo com Mário Felgueiras a defender um remate à meia-volta de Jonas. Na recarga, Pizzi e Cervi tentaram o golo, mas sem eficiência.
Na sequência de um pontapé de canto aos 61' minutos, Jonas não desperdiçou um desvio de Seferovic, e com tranquilidade fez o 2-0 perante Mário Felgueiras.
A vencer por 2-0, o Benfica ganhou ainda mais confiança e Rui Vitória aproveitou para lançar Raul Jiménez em jogo aos 70' minutos e tirar Seferovic.

O jogo acabou por perder intensidade, mas os lances de perigo junto à área pacence continuaram a surgir, com Pizzi a ficar muito mal na fotografia com um remate muito torto aos 81' minutos quando tinha tudo para dar outro seguimento ao lance.
Aos 82' minutos, Rui Vitória lançou Krovinovic e aos 86' minutos foi a vez de Diogo Gonçalves entrar para o lugar de Cervi. Krovinovic ainda teve uma ocasião soberana para fazer o golo, mas o remate do avançado croata saiu ao lado.
Instantes depois foi Raul Jiménez a surgir isolado frente a Mário Felgueiras, mas a tentativa de uma chapéu do avançado mexicano ao guarda-redes pacence não foi concretizado.
Até ao apito final, o Benfica ainda procurou mais um golo, mas o jogo acabaria mesmo com o resultado de 2-0 que permite à equipa de Rui Vitória reduzir a distância para o Sporting, que empatou este sábado em Moreira de Cónegos.

FIGURA:


A vitória do Benfica sobre o Paços de Ferreira tem a impressão digital do jogador sérvio em todo o lado. Com ele, tudo parece fluir. Até os golos
Então é assim:
O futebol é um jogo curioso em que o jogador mais importante da equipa não é necessariamente o melhor jogador da equipa, ou sequer o mais habilidoso, vocês sabem qual é, aquele que é a alegria da malta que paga um bilhete cada vez mais caro para ver o número circense dos mais dotados.
Esse não é Fejsa.

Quem viu os últimos jogos do Benfica (sem ele) e este (com ele), vai reparar que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa inevitavelmente melhor. Contra o Paços de Ferreira, o Benfica foi intenso em períodos demorados, cruzou, fintou, marcou dois golos e falhou uns quantos, chutou três bolas aos proverbiais ferros e, pasme-se, conseguiu controlar o jogo até ao fim.

Ora, isto aconteceu porque Fejsa voltou ao onze e os outros 10 sentiram aquele alívio da miudagem num parque quando há um adulto por perto - eles sabiam que podiam fazer asneiras e disparates, que o primo mais velho estava lá para limpar a trapalhada.

Foi assim que Pizzi passou a jogar mais à frente, perto de Jonas, para repetir o que tantas vezes fizeram na época passada. Por outro lado, foi assim também que o Benfica começou a pressionar na saída de bola do Paços, sufocando o adversário até aparecer o erro ou o corredor para explorar.

E fê-lo sem o stress normal de quem não tem olhos na nuca e se põe a pensar no que se estará a passar nas suas costas: será que o Whelton vai fugir por ali?, será que o Xavier consegue passar pelo gajo?

É que mesmo havendo um buraco entre a defesa e o ataque - e ele existe, porque o Benfica a isso obriga - esse espaço estaria a ser ocupado por Fejsa, o mais ubíquio dos futebolistas encarnados - ou melhor, o único futebolista ubíquo dos encarnados.

Portanto, enquanto Pizzi, Jonas, Zivkovic, Cervi e Seferovic foram construindo ideias, e Grimaldo ensaiando correrias na linha, Fejsa ligou o GPS para descobrir os caminhos que os pacenses poderiam explorar - e barrou-lhes a estrada. Cortando-lhes jogadas, antecipando as mesmas, ou simplesmente aparecendo na zona sem grandes correrias, como se soubesse sempre o que é que iria acontecer- a isto chama-se, dizem os entendidos, ler o jogo. Depois, com a bola recuperada, Fejsa foi simples de processos , virou e acelerou o centro do jogo com alguns passes longos, e empurrou figurativamente os colegas para um triunfo fácil com um grande golo de Cervi (na primeira-parte) e o golo do costume de Jonas (na segunda-parte).
O Benfica aproximou-se do Benfica de 2016-17 e toda a gente lhe reconhece o talento do meio-campo para a frente tal como lhe reconhece a escassez de soluções para uma posição específica como a de Fejsa. Em podendo, aquela caixa mágica encarnada do Seixal deveria ir ao futuro, clonar Fejsa e voltar com uma nova história por contar. Rui Vitória agradeceria.

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