domingo, 10 de setembro de 2017

OS ÁRBITROS E O DISCURSO DE ÓDIO


"Na sequência da vandalização do prédio onde mora o árbitro Vasco Santos, o Conselho de Arbitragem (CA) da FPF fez um pungente apelo ao fim do «discurso de ódio dos agentes desportivos (que) tem como principal vítima a arbitragem - e o futebol! -, o que é insuportável e inaceitável». No mesmo comunicado pode ainda ler-se que existe um «comportamento irresponsável de agentes desportivos em relação aos árbitros e à arbitragem», juntando o CA que «os castigos a árbitros são efectivos enquanto os castigos a dirigentes desportivos produzem reduzido efeito prático». A terminar é feito um apelo «às autoridades públicas para que não esperem por uma tragédia para intervir».
Apesar de estarem carregados de razão, os árbitros dificilmente encontrarão o respaldo que merecem; porque o poder público só sabe andar de joelhos perante os clubes e porque os clubes, que se veem com a faca e o queijo na mão, não querem que nada mude, vivendo, ao que parece, quase todos confortáveis no lodaçal em que está transformado o futebol português.
Nunca, como hoje, o debate foi tão rasteiro, tão básico, tão desprovido de ideias, resumido a uma série de provocações e de arruaças. Nunca, como hoje, a insinuação e a calúnia foram a regra e não a excepção. Nunca, como hoje, a criaturas que nada têm a ver com o futebol foi dado o palco que deveria ser ocupado por quem faz o espectáculo dentro das quatro linhas. Nunca, como hoje, o futebol deu um contributo tão negativo à sociedade, tomando-se num mero sinónimo de local mal frequentado. Nunca, como hoje, o futebol português precisou tanto de parar para pensar."

José Manuel Delgado, in A Bola

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