sábado, 25 de novembro de 2017

FALTA DE COMPARÊNCIA


Krovinovic escapou aos desastres e pode apresentar-se com o moral intacto.
Solidário com os árbitros portugueses, vítimas de uma campanha de coação por parte de estranhos – tal como o Benfica proclamou através da sua estação de televisão –, entendeu o mesmo Benfica que o modo mais eficaz de apoiar a anunciada falta de comparência dos ditos árbitros na próxima jornada do campeonato seria rubricar estrategicamente a sua posição sobre este tema com uma estrondosa falta de comparência da sua equipa principal no jogo de Moscovo na quarta-feira seguinte. Dito e feito. Os árbitros, entretanto, resolveram pensar melhor no assunto, reuniram-se e desconvocaram a greve com que chegaram a ameaçar o ‘status quo’ – expressão latina que significa qualquer coisa como o ‘estado atual’ – do futebol português apresentando, em alternativa, um caderno de reivindicações semânticas que pretendem ver respeitadas com caráter de urgência sob pena de voltarem a equacionar o uso do último recurso das classes laborais, a malfadada greve. Por pura maldade, está visto, a assembleia de árbitros ocorreu já depois das sete da tarde de quarta-feira, não dando a mínima hipótese ao Benfica de rever a sua expressão de solidariedade com a falta de comparência dos juízes de campo que seria desconvocada já depois de a equipa campeã de Portugal ter assumido no relvado a sua própria falta de comparência no decisivo jogo com os russos do CSKA. Foi, assim, em vão o sacrifício da equipa orientada por Rui Vitória. A falta de comparência, a não-exibição em Moscovo redundou naturalmente numa derrota por 2-0 que acabou por não servir para coisíssima nenhuma a não ser para dar moral e para devolver o bom nome ao guarda-redes do CSKA, que vinha sofrendo golos há 43 jogos consecutivos na Liga dos Campeões e que, ao 44º jogo, tendo pela frente o Benfica lá conseguiu ver interrompida a sua série negra. Digo-te já, meu caro Akinfeev, que ou era naquela noite ou nunca mais era. Chegando o Benfica à gélida da Rússia com um cúmulo adquirido de quatro faltas de comparência nos quatro jogos entretanto disputados nesta fase inicial da prova e apenas com um golo apontado, ser-lhe-ia, na realidade, muito difícil contrariar o padrão imposto. A greve total do Benfica na Europa teve, no entanto, um mérito que poderá vir a servir para alguma coisa tendo em conta que ainda faltam seis meses para o fim da temporada. É que, no meio de tudo isto, salvou-se Filip Krovinovic. Por não ter sido inscrito na UEFA – bem visto! – o croata escapou à mão cheia de desastres internacionais e pode apresentar-se com o moral intacto para o muito que ainda vem aí. É o único.
Leonor Pinhão, in Correio da Manhã

2 comentários:

  1. Até acharia engraçadas estas declarações vindas de um qualquer adepto rival,naquelas brincadeiras tão comuns após um jogo que não nos correu de feição,aquelas tão conhecidas picardias entre adeptos,agora saídas da boca deste senhor,que tão mal tem feito ao futebol Português causam-me no minímo asco.Não sei como é que há tipos que chamam a isto ironia fina,eu chamaria,antes,"bimbalhadas provincianas"!Nunca lhe achei piada alguma,e acho que os que se riem com isto,não é por acharem engraçado,é por cobardia.Quando li que o futebol Português está assim por causa do Gobern e do Rui Gomes da Silva,ri para não chorar,que falta de vergonha.Pensará ele sériamente que não temos memória,ou estará a tratarmos a todos como atrasados mentais?Ele é o maior incendiário que alguma vez teve este País,que tentou mesmo dividir através do futebol,com a complacência de diversos governos,e vem agora falar do pobre Gobern?Estas afirmações não são para levar a sério,quando muito entrarão para o anedotário nacional.Até quando este individuo brincará com um país inteiro,sem que nada lhe aconteça?

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