terça-feira, 23 de janeiro de 2018

AFINAL QUE INFORMAÇÃO ME DÁ A POSSE DE BOLA?


Espaço de análise desportiva, onde se pretende interpretar o lado tático/estratégico do jogo de futebol, acreditando que sair a jogar é diferente de começar a jogar.
No passado Domingo, estive com bastante atenção ao embate entre Rio Ave - Boavista, da jornada 19 da Liga NOS. É precisamente sobre esses dois históricos do campeonato português que irei dedicar esta análise.
No vídeo 1 podemos ver o Rio Ave com bola, na tentativa de realizar boas construções, para proporcionar melhores condições a quem cria e, consequentemente, permitir que a finalização seja apenas o coroar de toda uma dinâmica ofensiva, complexa. No entanto, existiram muitas perdas de bola em momento de construção, por mérito do adversário mas, também, por demérito da equipa de Vila do Conde - já lá iremos.
A equipa de Miguel Cardoso revela um critério assinalável em fase de construção, procurando ao máximo o homem livre e os apoios frontais, na tentativa de atacar, quase sempre, as costas da linha que pressiona o portador da bola, porém, por vezes, libertam a bola demasiado cedo ou demasiado tarde, quando as condições para quem está “ativo” como possível recetor deixam de ser as ideais.
Aqui é importante referir que as equipas que procuram realizar o jogo de posição, têm de dominar dois princípios cruciais: o espaço e o tempo. Com o jogo de posição pretende-se criar, com bola, as condições ideias, sobre o terreno de jogo, para que no local certo (espaço) e no momento certo (tempo) os posicionamentos dos jogadores da própria equipa se superiorizem aos posicionamentos dos jogadores adversários, para assim criar desequilíbrios ofensivos. E, frente ao Boavista, apesar de ter sido positivo, acredito que o Rio Ave não conseguiu dominar o espaço e o tempo tal como pretendia, face ao elevado número de perdas de bola em fase de construção, o que, consequentemente, interferiu, negativamente, nas suas transições defensivas.
Porque, na minha opinião, uma equipa que pratique o jogo de posição e que apresente níveis de posse de bola entre 65%-75% significa que: ou teve poucas perdas de bola ou as que teve conseguiu recuperar (indicador de boa transição defensiva). Ora se a posse de bola da equipa de Vila de Conde se situou nos 57%, a mim diz-me o seguinte: ou a equipa teve muitas perdas de bola (confirmou-se) ou as que teve não conseguiu recuperar (também se confirmou). Daí que, para mim, a posse de bola é um excelente indicador da transição defensiva.
Rio Ave | O jogo de posição from Nelson Duarte on Vimeo.
Por seu lado, a equipa de Jorge Simão revelou falta de eficácia no momento de aproveitar as perdas de bola da equipa de Vila do Conde. Foram vários os momentos de jogo que o Boavista poderia ter feito o empate, mas o contexto não o permitiu.
Em fase de construção, o Boavista poderia ter realizado algumas dinâmicas, optando pela construção curta, na tentativa de procurar a progressão no terreno de jogo, fazendo a equipa viajar junta - ver vídeo 2 - e melhor estar preparada para as perdas de bola.
Foi possível perceber que o Boavista apresenta melhores recursos nas suas dinâmicas ofensivas, em fase de criação, do que em fase de construção. Isto é, raramente procuram uma solução (em construção curta) para aquilo que o adversário apresenta como problema, com a sua organização defensiva.
Todavia, em fase de criação, o Boavista é uma equipa diferente da que mostra ser em fase de construção. É uma equipa com vários recursos para solucionar os problemas que o “jogo lhe dá”, apresentando várias soluções para criar situações de finalização.

Boavista | Momentos com bola from Nelson Duarte on Vimeo

Nelson Diogo Duarte, in Zerozero

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