segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

UM VOO SÓLIDO DA ÁGUIA


"A primeira parte do Benfica foi avassaladora, com muita dinâmica da ala esquerda.

Centrais decisivos
1. Jogo muito interessante do Benfica, com uma primeira parte avassaladora dos encarnados. Mérito da equipa de Rui Vitória, que assinou duas ou três jogadas brilhantes. O Benfica acaba por chegar aos golos de bola parada com os dois centrais a revelarem-se decisivos. Neste aspecto, demérito também do Boavista, que defendia estes lances numa zona mista, mas que se mostrou muito passiva, porque os dois/três jogadores encarregues dessa tarefa não conseguiram travar as movimentações de Jardel, que foi fundamental nos dois golos. Este factor acabou por ser determinante.

Uma esquerda de luxo
2. Porém, existem outros vectores que explicam a exibição avassaladora do Benfica na primeira parte, que passam, também, por uma excelente dinâmica do seu futebol ofensivo, nomeadamente da sua ala esquerda, constituída por Grimaldo, Zivkovic e Franco Cervi, que estiveram em grande plano. Além disso, o Benfica conseguiu na primeira parte fazer a primeira fase de construção com alguma tranquilidade, uma vez que a primeira e a segunda linha do Boavista permitiam que os encarnados chegassem com facilidade ao último terço do terreno. Os axadrezados, nesta fase do jogo, demonstraram uma total incapacidade para chegar à baliza defendida por Bruno Varela, que comprometeu no Bessa mas ontem viveu um final de tarde relativamente tranquilo.

Boavista melhora
3. Por se ter visto em desvantagem de dois golos ao intervalo e pelas alterações produzidas por Jorge Simão - entraram Mateus e Renato Santos para as saídas de Rui Pedro e de Kuca, respectivamente -, o Boavista iniciou melhor a segunda parte. Para este melhoria, há que destacar também o mérito de Jorge Simão, pois colocou Yusupha e Fábio Espinho no corredor central e estes fizeram uma pressão mais eficaz. Desta forma, o Boavista conseguiu subir o bloco - defender mais à frente do que tinha feito durante a primeira - e o Benfica teve mais dificuldade a construir. Além disso, os boavisteiros também conseguiram construir lances de perigo, sobretudo através dos movimentos interiores de Mateus e da acutilância de Yusupha. No entanto, como o Boavista se viu obrigado a subir o seu bloco, isto acabou por criar mais espaços nas costas da sua defesa, concedendo muitos metros na profundidade. E o Benfica, em contra-ataque, conseguiu algumas saídas muito rápidas e chegar com naturalidade a um resultado bem desnivelado.

Permeabilidade e dinâmica
4. Em suma, o Benfica mostrou-se sólido durante todo o jogo, o que explica, em boa parte, o resultado. A juntar a este ingrediente, há ainda a enorme dinâmica na primeira parte e um Boavista incapaz ofensivamente durante uma fase muito alargada do encontro. Além disso, os axadrezados mostraram também permeabilidade, pois foram pouco capazes de impossibilitar a construção do futebol ofensivo dos encarnados."

João Carlos Pereira, in A Bola

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