domingo, 18 de março de 2018

O GRANDE CAMPEONATO DA ANTEVISÃO


Perguntaram ao treinador do Benfica a sua opinião sobre João Félix, um jovem futebolista dos quadros do Benfica que tem vindo a impressionar favoravelmente todos os que o têm visto jogar na equipa B e na equipa de juniores da Luz. Da Luz ou do Seixal, como preferirem. Rui Vitória, que é por definição um homem ponderado, satisfez a curiosidade da imprensa dizendo que "em Portugal faz-se uma jogatanazinha gira e já se é craque", o que não deixa de ser verdade em muitas ocasiões. No que a João Félix, ou a qualquer outro jovem promissor, diz respeito compreende-se e aceita-se a cautela pedagógica do treinador do Benfica ao recusar, sensatamente, alçar um miúdo ao topo do Mundo quando, na realidade, em termos de futebol sénior nada se viu a este teenager viseense. Ainda não houve oportunidade para isso. Quando houver, oh, oh…

O que se revelou francamente invulgar nesta situação provocada pela pergunta de um jornalista a Rui Vitória não foi, portanto, a circunspeção da sua resposta. Que o treinador do Benfica é um diplomata popular ao gosto da casa toda a gente sabe. A novidade é que Rui Vitória, que segue cumprindo o seu terceiro ano na Luz, nunca como neste episódio se pareceu tanto com Jorge Jesus no campo da retórica. "Uma jogatanazinha gira"? "… e já se é craque"? Nada indica, é certo, que o treinador do Benfica vaticine a João Félix uma profícua carreira como lateral-esquerdo. E nem há razão para suspeitar que o tal Félix vai ser um dia para Rui Vitória aquilo que Bernardo Silva já é e sempre será para Jorge Jesus. Em poucas palavras, uma pedra no sapato. Mas isto de menosprezar "jogatanazinha giras" por atacado é um perigo, acreditem. Houvesse a certeza entre os os benfiquistas de que hoje, em Santa Maria da Feira, o Cervi ou o Rafa ou o Zivkovic – ou de preferência os três – iriam fazer uma "jogatanazinha gira" e já podiam considerar o assunto resolvido para sossego das hostes.
Com a presença anunciada do palestrante Fernando Madureira – sim, o especialista em estruturas de betão e o mesmíssimo que ‘palestrou’ de megafone em punho na direção do guarda-redes do Paços de Ferreira no domingo passado – teve ontem lugar no Auditório do Parque Biológico da Maia um alegado simpósio sobre o não menos alegado jogo de futebol subordinado ao capitoso tema da atualidade ‘Violência versus Valores, Qual o Futuro?’. Ora bem, a coisa saldou-se assim: Violência, 10 – Futebol, 0. E qual vai ser o futuro? Promissor, sem dúvida. Aguarda-se um futuro inacreditavelmente promissor.
Sentindo-se seguríssimo no seu posto no Dragão com os seus 2 pontos de avanço sobre o Benfica e antevendo o jogo com o Boavista, Sérgio Conceição anteviu inocentemente que Marco Silva poderá vir a ser o próximo treinador do Benfica. É legítimo, sim senhor. E o Marcano? Qual será o próximo clube do Marcano, míster? Estamos em pleno campeonato da antevisão, obviamente.
Leonor Pinhão, in Record

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