Páginas

domingo, 31 de maio de 2020

DUPLA MARAVILHA!!!

"Aí está. Bruno de Carvalho está de volta depois da surreal absolvição no caso Alcochete, mesmo com todos as provas que foi efectivamente o mandatário do acto terrorista aí cometido.
E, estando de volta, está também de regresso a famosa Aliança do Altis, a qual foi também fruto das mentes doentes de Bruno de Carvalho e do Fugitivo de Vigo. Francisco Marques, Manuel Tavares e Nuno Saraiva foram apenas os peões destacados para a execução do plano. A vergonhosa reunião Anti-Benfica onde foi delineada a estratégia de destruição da marca Benfica sem olhar a meios para o fazer.
https://www.cmjornal.pt/desporto/detalhe/alianca-para-tirar-dominio-ao-benfica
Pois bem, os veículos dessa campanha começam já a aquecer os motores e preparam-se para voltar em força novamente, sem a oposição firme e definitiva que se exige do Benfica, na pessoa do seu Presidente e direcção.
Record atribuiu na edição de hoje as medalhas de ouro e prata ao Branca de Carvalho e ao Fugitivo de Vigo num claro sinal que está aí para as curvas para através do seu Director e fanático lagarto Bernardo Ribeiro ser um dos pilares da Aliança do Altis.
Venha de lá o circo novamente! Cá estaremos para fazer a defesa do Benfica, à falta de quem de direito o faça."

OS 5 MELHORES JOGOS DA ERA JORGE JESUS NO SL BENFICA

"Dado o tropeção monumental de Bruno Lage na última fase pré-pandemia, o nome de Jorge Jesus regressou à agenda dos benfiquistas quanto à eterna discussão sobre a figura do treinador da equipa principal.
Neste caso, o saudosismo por seis anos marcantes fala mais alto em certa parcela de adeptos, que defenderão o seu regresso até às ultimas instâncias, apoiando-se no argumento de que nunca viram um SL Benfica tão forte; outros, agarrando-se às estatísticas e ao argumento da paciência obrigatória em projectos como o do Seixal, entregam-se com toda a confiança aos destinos do técnico setubalense.
Seja como for, a história recente do Benfica tem em Jorge Jesus uma figura preponderante, elevando os níveis competitivos da equipa e repondo-a no frontão do futebol português, com a mesma eficácia e regularidade dos anos áureos: trabalho que Rui Vitória e Bruno Lage souberam continuar, com abordagens diferentes e comportamento distinto.
Mas já que aqui estamos, valerá a pena relembrar os jogos capitais da era Jesuíta no reino da Águia – jogos que definiram temporadas e aqueles encontros que demonstraram todo a capacidade do técnico de 63 anos, agora campeoníssimo ao leme do Mengão Flamengo.

1. SL Benfica 8-1 Vitória FC (2009/2010) – Existiam ainda desconfianças várias. Isto apesar da promessa feita por Jesus na sua apresentação, dizendo que a equipa ia… «jogar o dobro» da que fora orientada por Quique Flores.
A pré-época deu sinais nesse sentido, com bom futebol e automatismos a serem criados à velocidade da luz; o 4-1-3-2 que serviria de base para os anos vindouros encaixou na perfeição e o Torneio de Amesterdão foi conquistado com toda a naturalidade.
Porém, nos jogos oficiais, o empate na estreia com o CS Marítimo e a vitória tirada à cabeçada em Guimarães não tinham mostrado ainda a verdadeira força daquele fantástico conjunto de jogadores.
À terceira jornada, o Vitória sadino veio confuso à Luz e os 8-1, com 5-0 ao intervalo, foram espectáculo de enorme calibre, com nota artística em doses industriais. A onda encarnada pode finalmente explodir e levar ao ‘colinho’ uma equipa que só parou de atropelar adversários em Maio, quando chegou ao Marquês.
Eternizado ficou o enorme raspanete de Jorge Jesus à equipa pelo golo sofrido em cima dos 90’, consequência de um desentendimento entre Quim e David Luiz: a confirmação de que a exigência era, definitivamente, outra.
Do outro lado, Carlos Azenha desculpava a derrota com o facto de a equipa estar ainda em… «construção». Ex-adjunto de Jorge Jesus e com ele às avessas, tentou surpreender com o 5-3-2, mas ficou longe do efeito desejado.
Demonstrou desde cedo inaptidão como técnico principal, consolidando a ideia de ser um intelectual do jogo sem propensão para tarefas de comando. Confirma definitivamente ser um erro de casting quando, na jornada seguinte, é derrotado (0-4) pelo U. Leiria em pleno Bonfim.
Fernando Oliveira, presidente de um histórico aflito de dinheiros, mostrou-lhe imediatamente a porta da saída e soltou um famoso desabafo: «Com tantos tremores de terra que já tínhamos, [Carlos Azenha] foi mais um». 

2- SL Benfica 5-0 Everton (2009/2010) – Se nas provas nacionais havia já ritmo cruzeiro, uma derrota em Atenas na segunda jornada europeia antevia ultimato britânico na recepção ao Everton FC de David Moyes.
Yakubu, Cahill, Fellaini, Coleman, Howard: os Toffees traziam as estrelas da companhia para Lisboa, apesar de terem a enfermaria cheia. As ausências na defesa até ajudam a explicar o descalabro, mas até Saviola desmanchar estratégias aos 14’, a equipa ainda aguentou o ímpeto benfiquista.
A verdadeira diferenciação de qualidade viria numa entrada de rompante na parte seguinte, com três golos em seis minutos, fixando os 4-0 aos 52 minutos. Se Jorge Jesus e a sua obra de arte eram já apreciados dentro de portas, aquele festival foi o início da recuperação do prestígio internacional que se seguiria nos anos seguintes.
E se antes do jogo o técnico português afirmava não ser «jogo decisivo», certamente outra opinião teve quando preparou a equipa para ir a Inglaterra vencer novamente, por 0-2, e garantir o apuramento para a próxima fase. Demasiado fácil.

3. FC Porto 0-2 SL Benfica (2010/2011) – Era o poderoso FC Porto de André Vilas Boas. Jesus ainda não tinha ganho no Dragão, contava por derrotas os jogos lá realizados e, dois meses antes, tinha sido trucidado quando Roberto encaixou cinco bolas na sua baliza.
Depois da saída de Ramires e a lesão prolongada de Rúben Amorim, o lugar de interior direito estava entregue a um menino chamado Salvio, ainda pouco confortável a compensar defensivamente a equipa. Se o ataque era demolidor, a fragilidade encarnada era aproveitada por equipas mais equilibradas como aquele Porto, num 4-3-3 que engolia Javi García, muitas vezes polícia sinaleiro na enorme estrada em que se tornava aquele meio-campo.
Mas, Jesus aprendeu e demonstrou neste jogo a evolução que teria contornos permanentes nas épocas seguintes: puxou César Peixoto para junto do espanhol, montou um duplo pivot e estancou as transições supersónicas comandadas por Hulk. Não foi certamente apenas por isso a vitória clara naquele dia, mas a capacidade de reinvenção foi fulcral para a evolução subsequente a que se existiu no seu sistema nas épocas seguintes, onde o equilíbrio substituiu a procura despreocupada do golo.

4. Manchester United FC 2-2 SL Benfica (2011/2012) – O Benfica não se qualificava para os oitavos desde 2005, igualmente em derradeiro jogo contra Alex Ferguson. Jesus, depois de fracassar no ano anterior na maior prova, provou ter aprendido com os erros.
Chegado à quinta jornada, o empate era suficiente para as águias se qualificarem e o golo inaugural, aos 3’, mostrou ao que a equipa vinha. Jesus tinha dito na conferência de imprensa que um bom resultado era ganhar e a equipa assim tentou, exibindo-se a grande nível e silenciando Old Trafford em largos períodos do encontro.
Confronto olhos nos olhos com os campeões ingleses, vergando-os a um domínio natural assente na qualidade técnica de Gaitán e Aimar. Umas semanas antes, aquele United tinha atropelado o Arsenal por… 8-2!

5. Juventus FC 0-0 SL Benfica (2013/2014) – Como as grandes epopeias são aquelas em que os heróis derrotam gigantes monstros e ultrapassam incontáveis dificuldades, o herói Benfica não poderia ser diferente.
A grande história começa-se a escrever no dealbar da segunda metade, quando Mark Clattenburg mostra o vermelho a Enzo Pérez. Faltavam 23 minutos para o final e a equipa via-se sem o seu motor, o que obrigou Jesus a mostrar todo o seu manancial táctico: faz entrar Almeida para apoiar Rúben Amorim, e obriga Markovic e Gaitán a acompanharem os alas adversários, locomotivas que faziam girar a engrenagem do 3-5-2 de Conte, que dinamitaria a Premier League anos depois.
A Juventus montou o cerco mas não se pode dizer que tenha feito mossa. Ao posicionamento irrepreensível do… X encarnado, juntou-se a frieza sobrenatural que só Jan Oblak sabia ter em alturas de maior pressão.
Nos descontos, e já com nove jogadores por força da lesão de Garay, o Benfica revelava toda a sua valia numa simples, mas ousada, armadilha de fora-de-jogo: há canto do lado direito para os da casa. Com seis minutos na compensação, todos sobem, até Buffon, no esforço final em procura do golo que dava direito a disputar a final no seu próprio estádio.
Assim que Pirlo cruza, a linha benfiquista avança de forma sincronizada. Há um cabeceamento fraco, Oblak defende para o lado, a bola sobra para Pogba, mas a bandeirola sobe, naturalmente. O craque francês fica confuso; quando se apercebe e olha para trás, já os jogadores encarnados assumiam as posições para o livre indirecto…"

sábado, 30 de maio de 2020

VENCER POR NÓS


"Dir-se-ia que, agora, os motores já estão naquela fase do aquecimento pleno. O ponto-morto ficou para trás e, portanto, de mudança engatada, com o motor a soar o surdo som da potência que a tensão dos músculos do pé direito deixa experimentar e o volante bem agarrado por mãos firmes, só falta a hora de ligarem o semáforo da partida. Para nós, as dez voltas ao circuito nesta decisivíssima fase final da corrida apenas valem por mais uma época; para alguns dos nossos concorrentes, praticamente pode valer-lhes a vidinha inteira...
O destino é assim: enquanto uns estão sempre prontos para disparar para o Futuro, outros, ou só pensam que a pista está cheia de buracos, ou tentam, mas é, descobrir atalhos e carreiros informais que lhes encurtem o caminho, a ver se ninguém dá pela golpada...
Mas, de uma vez por todas, é importante que a gente saiba fazer a destrinça e tenha consciência do que valeu o Benfica, num dos períodos mais difíceis da nossa História contemporânea. Mesmo que os nossos piores adversários e inimigos, ou até alguns idiotas úteis, se desdobrem em malabarismos e manigâncias para tentarem apoucar a dimensão das coerentes atitudes que o nosso Glorioso Clube pôde e soube implantar, para responder aos gigantescos desafios da tragédia.
O Benfica atravessou o tempo da calamidade sempre com um posicionamento confiante, logo afirmado desde o primeiro momento em que o país teve de fechar. E, depois, foi com uma impressionante cadência de sucessivas decisões e actos que veio provando à saciedade a verdadeira dimensão da sua grandeza institucional. Seja como for, agora que vimos experimentando essa estranha espécie da 'nova normalidade', inquestionavelmente ficam para a história de Portugal nestes dias os insofismáveis exemplos, sempre pioneiros, da solidariedade, da confiança, da credibilidade e das capacidades que, hoje mais do que nunca, definem o Sport Lisboa e Benfica e, ao mesmo tempo, caracterizam o homem fora do comum que felizmente o dirige num cenário (ainda) tão difícil e complexo. Mas, de novo, aí temos, então, à porta o Futuro: o voltam as mesmas exigências de sempre dos Benfiquistas.
A imposição de responsabilidade máxima volta a incidir sobre os ombros dos nosso Técnicos e dos nossos Atletas - esses mesmos ombros que nesta circunstância inédita e histórica assumem a honra de envergar o Manto Sagrado.
Agora, a hora passa a ser 'a hora' deles. Assim saibam eles honrar o impressionante exemplo que receberam do Glorioso Clube que tão bem os acolheu.
E como dizem os Sócios do Benfica, assim sejam eles capazes de 'ousar um lugar na nossa História' e 'vençam por nós'!"

José Nuno Martins, in O Benfica

BENFICA E BAYERN


"O Benfica deve trabalhar para ter uma hegemonia em Portugal idêntica àquela que o Bayern fez por merecer na Alemanha

Na próxima semana já temos telefutebol. Vem com alterações, sem adeptos e alguns receios. Vejamos, na Alemanha o regresso parece corado de êxito. Há futebol, há golos e já percebemos que o vencedor será o habitual, o Bayern vai ganhar uma vez mais.
O Benfica deve trabalhar para ter uma hegemonia em Portugal idêntica àquela que o Bayern fez por merecer na Alemanha. É um caminho, uma ambição que deve ser trilhada no respeito pelos adversários e pela competição. O valor das vitórias do Bayern tem muito mais significado quando vemos a qualidade do Dortmund ou do RB Leipzig.
O Benfica tem de nivelar por cima e não esperar ganhar pelo desnorte financeiro dos rivais. A nossa exigência connosco mesmo não pode abrandar. O Benfica sempre soube recriar esta ambição e sempre soube superar as dificuldades e transformá-las em oportunidades.
Para a semana, regressa o futebol, mas desta vez não houve pré-época, não vimos os jogadores que estão em forma, não vimos as promessas e certezas em torneios de exibição e, no entanto, foram três meses sem competição. Não sabemos quem está bem e quem está mal, quem vem melhor e quem estará pior, quem surpreende pela positiva e pela negativa. Há 18 incógnitas a entrar em competição. Em rigor ninguém sabe o valor de nenhuma equipa. Para mim o Tondela parece-me o Real Madrid de Lafões e só sabemos que equipa de amarelo. Todo o respeito a expectativa para o jogo de quinta-feira, 4 de Junho. Benfica-Tondela para descarregar toda a ambição de uma época.
Para já o medo das lesões levou os responsáveis pelo nosso futebol a aumentar para cinco as substituições autorizadas, ou seja, meia equipa pode ser alterada.
Foi publicado ontem uma lista dos emblemas mais valiosos do mundo, o Benfica subiu no ranking. Esse facto aumenta o orgulho, as sobretudo redobra as nossas obrigações competitivas. As condições económicas e financeiras são meios para atingir os fins desportivos e não um escopo em si mesmo. O objectivo é ganhar títulos, o nosso maior capital está nas vitrinas do museu e no maior desafio são as novas taças que lhes queremos somar."

Sílvio Cervan, in A Bola

SERÁ QUE ME VOU LEMBRAR DO GOLO DE KIMMICH?

"Ao comentar em directo o golo de Joshua Kimmich, frente ao Dortmund num estádio vazio, Luís Cristóvão disse, e cito de memória, “tenho a certeza que 100% dos nossos espectadores se vão lembrar deste golo por vários anos”. Lamento, meu caro Luís, acho que o belíssimo golo de Kimmich cairá rapidamente no nosso esquecimento.
A memória colectiva está a esfumar-se. Não só no futebol: a quantidade de séries, discos, filmes ou livros a que temos acesso rápido e facilitado faz com que seja difícil acompanhar “as tendências”. Tirando casos pontuais, conseguimos esquecer rapidamente um golo que vimos dezenas de vezes num determinado fim-de-semana, e que foi partilhado por milhões de pessoas nas redes sociais porque rapidamente surgiu outro que o substituiu no nosso imaginário. Nos anos 90, delirámos uns anos seguidos com os golos de Ronaldo em Barcelona, sofremos com a sua lesão, quando ele regressou no Mundial asiático os golos ao Compostela ou ao Valência pareciam que tinham acontecido…há menos de um ano.
Em tempos de pandemia, a maioria dos órgãos de comunicação social ligados ao desporto teve que parar e ir ao baú: contar histórias de jogadores antigos, revisitar jogos do passado, recordar efemérides. No meio da angústia que muitos de nós vivemos, para quem gosta de futebol esta ida ao passado foi um bálsamo. Na vertigem dos dias pré-covid, às vezes era difícil ter tempo para acompanhar tudo o que se passa, quanto mais parar para recordarmos coisas de há 20 ou 30 anos. Espero que esta opção (?) estratégica dos últimos meses possa ter alguma continuidade.
Mas não só os órgãos de comunicação social têm essa responsabilidade. As próprias organizações devem tentar parar para pensar nos modelos competitivos. A juntar à habitual profusão de informação sobre futebol – variada e com qualidade, basta saber e querer procurar – somos ainda diariamente confrontados com outro tipo de abundância, a dos jogos grandes. Todos os fins-de-semana, ou melhor, todos os dias de um período que começa na sexta à noite e muitas vezes acaba na segunda à mesma hora, temos direito às vezes a mais do que um jogo especial para assistir, sempre em latitudes variadas para satisfazer o maior número de pessoas possível. E depois até a maior competição de futebol da Europa, a Liga dos Campeões, cai nesta lógica. Demasiados jogos pouco competitivos durante demasiado tempo – na fase de grupos até pode haver muitas vertentes tácticas para apreciar mas eu perco-me no catálogo futebolístico da mesma forma que fico sem saber por onde ir na página inicial da Netflix. E se fosse então pegar no exemplo da Liga Europa ou da Taça da Liga em Portugal - é mesmo necessária uma competição sobre a qual teremos pouquíssima coisa a dizer dentro de 20 anos? Em 2040, numa próxima pandemia e quando o futebol voltar a parar três meses será que os media vão relembrar jogos da taça da liga? Duvido.
A solução não passa, evidentemente, pela criação de super ligas europeias. A elitização do futebol não é o caminho, mas sim a inclusão: dar a oportunidade a mais equipas de poderem ter as suas páginas douradas rememoradas quando o futebol não for possível de ser jogado e só nos restar vasculhar o baú. Porque, como adeptos neutrais, é com enorme gozo que gostamos de recordar ou conhecer a história de vencedores inesperados como Hellas Verona, Zaragoza, Lens, Roma, Boavista ou Nottingham Forrest. Mas se só houver espaço para brilharem sempre os mesmos, ainda que com as suas próprias narrativas, mais rapidamente chegaremos a um ponto de saturação."

CAMPEÃO DE VOLTA


"Quase três meses depois, o futebol português voltará a entrar em campo. E, para nós, futebol português, escreve-se com sete letras: Benfica. É já próxima quinta-feira, num Estádio da Luz sem cor, que a nossa equipa terá de voltar a ganhar. Depois disso, terá mais nove partidas para recuperar a liderança e festejar (de que forma, agora não interessa) o 38.º campeonato. Não é obviamente o regresso que os adeptos desejavam.
O futebol sem público é como comida sem sal, e mesmo através da televisão perde grande do seu encanto. Temos visto algumas partidas da liga alemã à porta fechada, e, com aquele ambiente enfadonho, silencioso e incolor, por muito que brilhem os artistas, é difícil manter 90 minutos de atenção. Claro que com o Benfica em campo será diferente, pois a importância do resultado trará outras sensações - embora não sejam decerto comparáveis àquilo que estamos habituados a viver nas bancadas da Luz. Enfim, é o que há, neste tempo que nunca mais acaba.
Futebolisticamente, espera-se que o mau momento de Fevereiro e início de Março tenha ficado para trás. Espera-se um Benfica, pelo menos, ao nível daquele que conseguirá 18 vitórias nos primeiros 19 jogos deste campeonato, que então nos valeram uma vantagem pontual que chegou a parecer decisiva. Depois, entre penáltis falhados, menor fulgor e alguma infelicidade, deixámos escapar a liderança. É hora de recuperar a confiança e partir para a recuperação. É hora de voltarmos para o nosso lugar: o primeiro. E, para tal acontecer, teremos de ultrapassar, um por um, os adversários que ainda temos pelo caminho. Venha o Tondela!"

Luís Fialho, in O Benfica

O MARTELO DE NIETSCHE IV


"1. Perante as jogadas de bastidores, as retiradas oportunistas, os golpes de mão, as hipocrisias descaradas, os apegos ao poder, a falta de vergonha, as perseguições políticas, as alianças de conveniência, o retirar dos papetes e os discursos em que o significado das palavras muda segundo as conveniências de cada momento, pergunto aos dirigentes políticos e associativos do mundo do desporto se ainda sabem qual é o significado da palavra paixão? Os gregos antigos quando alguém morria não queriam saber se o defunto era rico ou pobre, alto ou baixo, bonito ou feio. O que eles queriam saber era se tinha vivido a vida com paixão. Perante o degradante espectáculo que alguns dirigentes políticos e associativos do vértice estratégico do desporto nacional têm proporcionado ao país recomendo-lhes a leitura de uma entrevista de Elisabete Jacinto ao DN (2019-02-14). Talvez possam ficar com uma ideia do que é o “impulso lúdico” que comanda a vida e se projecta numa verdadeira paixão pelo desporto.
2. Friedrick Schiller (1759-1805) foi o primeiro filósofo na era moderna a tratar a questão do jogo no ser humano. Na obra “The Aesthetical Essays” (Cf. Proj. Guteenberg) define jogo como o dispêndio exuberante de energia, cuja acção sem finalidade própria, se esgota em si mesma. Ainda na ideia do filósofo, o homem joga somente quando é homem no pleno sentido da palavra e, somente, é homem pleno quando joga. Trata-se do “play drive”, quer dizer, do “impulso lúdico” tão mal compreendido e tratado pelos políticos e não políticos que desgraçadamente têm gerido o desporto nacional. E o Codvid-19 ainda veio acentuar mais esta desgraça.
3. Herbert Spencer (1820-1903) no livro “Education: Intellectual, Moral and Physical” editado em 1866, defendeu o interesse das crianças pelos jogos e considerava a alegria das suas brincadeiras tão importantes quanto os esforços que as acompanhavam. E concluía que uma ginástica que não fornecesse os estímulos mentais próprios das brincadeiras dos jogos devia ser considerada defeituosa. Trata-se de uma obra que, apesar de terem passado mais de 150 anos, recomendo ao Ministro da Educação, ao Secretário de Estado da Juventude e Desporto e ao Presidente do Comité Olímpico de Portugal. Porque, para compreender verdadeiramente uma questão não existe melhor solução do que compreender o momento original em que ela se coloca.
4. Em 1901, o alemão Kral Groos publicou nos EUA (Nova Iorque) em língua inglesa o livro “The Play of Man” de onde colhi a seguinte máxima ? pro patria est, dum ludere videmur. Esta máxima significa ? “parece que estamos a jogar, mas estamos a preparar-nos para servir a nossa terra natal”. Era o mote das actividades físicas por toda a Europa antes da 1ª Guerra Mundial. Hoje, quando olho para o comportamento de algum dirigismo desportivo da cúpula do desporto nacional lembro-me da máxima que aprendi com Karl Groos, mas ao contrário: ? Parece que estamos a servir o País, mas estamos, simplesmente, a divertirmo-nos, deviam dizer alguns dirigentes desportivos. Trata-se da metáfora do “dress code” que significa as preocupações de um alto dirigente desportivo que, ao partir para um evento desportivo internacional, estava mais preocupado com o “dress code” obrigatório das festarolas onde ia participar do que nas condições em que os atletas iam competir.
5. Já não me lembro quando comecei a comprar diariamente jornais desportivos. Ao cabo de uma vida já devo ter gasto uma fortuna em jornais desportivos. Nunca me arrependi de os comprar apesar de, algumas vezes, ao cabo de uma leitura vazia de conteúdo, ter chegado à conclusão de que deitei o dinheiro fora. Apesar disso, centenas de vezes, comprei no mesmo dia os três desportivos. Na leitura dos desportivos, sigo uma regra sagrada que nos foi deixada pelo saudoso Prof. Moniz Pereira de quem fui aluno: ? Os jornais desportivos são para ser lidos de trás para a frente.
6. Neste tempo de pandemia, eu que sou filho e neto de jornalistas e ainda não tinha atingido a adolescência já sabia o que era a redacção dos jornais e conhecia bem o cheiro da mistura do chumbo com o óleo que lubrificava as “linotypes”, é com um enorme sentimento de tristeza que vejo a situação em que os jornais desportivos se encontram. Hoje (2020-05-28) foi um dia em que comprei os três desportivos. Pouco passava das oito da manhã. Quando há uns anos via as bancas com dezenas de exemplares hoje comprei o único exemplar d’A Bola, um dos três do Record e d’ O Jogo, se não estou em erro, ficou lá um exemplar. Pelo que me é dado perceber os jornalistas têm cometido um erro. Querem, numa perspectiva corporativa, encontrar as soluções dentro da classe dos jornalistas. Ora, as eventuais soluções, se estiverem em algum lado, estão na sociedade. Os jornalistas têm de deixar de pensar em circuito fechado.
7. As instituições quer elas sejam religiosas, políticas, económicas ou jornalísticas, vivem na necessidade constante de se terem de adaptar à média da cultura das pessoas que estão debaixo da sua influência. A dificuldade é que, como essas pessoas estão sempre a mudar, a adaptação está a ser cada vez mais imperfeita. A continuar-se assim, por mais balões de oxigénio que possam ser disponibilizados, a morte é o destino mais certo, a menos que as instituições se consigam remodelar a uma velocidade superior à rapidez da mudança. Infelizmente, não é fácil embora não faltem por aí musas e pitonisas, videntes, astrólogos e bruxos a pretenderem adivinhar o futuro. Nos tempos de: (1º) Incerteza e dúvida permanentes; (2º) Grande volatilidade em que tudo muda constantemente, (3º) Enorme ambiguidade uma vez que, num grande número de situações, os problemas sugerem caminhos opostos para a sua solução. Nestas circunstâncias, adivinhar o futuro é, tão só, mais uma das impossibilidades da vida. Por isso, é necessário construí-lo. Claro que fica por saber se os atuais líderes, que nas mais diversas áreas sociais estão numa situação de comando, têm alguma ideia acerca do futuro que devem construir. E como…
8. Lamento dizê-lo, mas no momento de crise que se vive, o desporto nacional encontra-se completamente à deriva. Não há dia nenhum que não surjam nos jornais os dirigentes federativos que enquanto gestores intermédios arcam com todas as responsabilidades sobre um desporto que já vinha a funcionar mal, hoje está parado e ninguém sabe para onde é que o deve conduzir. O último presidente federativo a manifestar as suas angústias foi o da Federação de Natação. Diz António José Silva (Record, 2020-05-28) que “a FPN está a ajudar indiretamente junto das entidades no sentido de alargar as medidas de apoio económico do Governo às organizações desportivas e já foram feitas várias iniciativas e propostas, quer ao IPDJ e à Secretaria de Estado, secundadas por outras organizações, como a Confederação do Desporto e Comité Olímpico de Portugal”. Compreendo o discurso de desespero do presidente da FPN. E não queria estar no seu lugar porque ele, dramaticamente, expressa o estado de desorganização total em que a estrutura administrativa do desporto nacional se encontra. Nos tempos que correm o peso do descalabro recai sobre os gestores intermédios. Eles, quando olham para cima veem a nomenklatura completamente aparvalhada sem saber o que deve fazer e quando olham para baixo veem aqueles que deles dependem completamente desesperados. A minha solidariedade para o presidente António José Silva… e outros em semelhante situação.
9. Quando se esperava que o Comité Olímpico de Portugal (COP), com a autonomia e responsabilidades que lhe advém da Carta Olímpica profusamente esplanada na legislação portuguesa, à semelhança das demais organizações de liderança sectorial da sociedade civil, estivesse a preparar um caderno de encargos amplamente participado por todos os agentes desportivos a fim de o apresentar ao Governo fomos surpreendidos pela notícia (Lusa, 2020-05-26) de que, afinal, o COP se limitou a pedir à tutela "orientações específicas" para a retoma do desporto. Como referiu Mário Santos, o Chefe de Missão aos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e actual responsável pelo desporto na Universidade de Coimbra, cito de cor: ? tratou-se de mais uma oportunidade entre aquelas que têm vindo sistematicamente a ser perdidas pelo COP. Por mim, lamento.
10. A adocracia, enquanto processo de gestão informal, expedito, criativo, adaptativo, integrador e temporário que, geralmente, acontece no âmbito das organizações burocrático-mecanicistas a fim de se resolverem problemas inesperados ou situações de crise, é um útil instrumento de gestão. O desastre começa a acontecer quando a adocracia se institucionaliza no âmbito das organizações burocrático-mecanicistas, como, desde 2005, tem vindo a acontecer no Sistema Desportivo nacional. Em resultado, está criada uma situação em que todos têm opiniões, mas ninguém é capaz de resolver as complicações de todo o género que surgem por todo o lado. Hoje, o desporto vive uma cultura de cada um por si e fé nos deuses do Olimpo. Todavia, os deuses do Olimpo já não respondem aos homens como o faziam ao tempo da Grécia antiga. Em consequência, temos um Sistema Desportivo a funcionar na mais completa ausência de uma liderança sustentada num poder hierárquico bem definido, competente, racional e gerador de confiança. Quando no âmbito do livre associativismo, por incapacidade das estruturas do vértice estratégico, as estruturas intermédias e da base do Sistema Desportivo, numa dinâmica mais ou menos anarquizada do salve-se quem puder, são obrigadas a tomar a iniciativa perante as entidades oficiais a fim de resolverem dificuldades que já vinham de trás mas que, agora, se agravaram com a crise do Codvid-19, é porque há qualquer coisa que vai mesmo muito mal no desporto da pátria de Camões. E essa qualquer coisa é: Líderes incompetentes fazem incompetentes aqueles que lideram."

NINGUÉM NOS PARA!


"Neste ano, a pandemia impôs-se e quis mandar em nós. Não quis que jogássemos à bola juntos, nem que juntos gritássemos na Luz. Quis que nos amedrontássemos a cedêssemos à paralisa, que defenhássemos entre paredes e espreitássemos a medo para o futuro. Mas a tudo isto resistimos a continuamos a resistir, porque somos Benfica.
Também nas escolas foi assim, duro a desafiante para todos, mas não seria por isso que não se faria a tradicional sessão de avaliação e premiação do segundo período. Nem pensar! Como sempre, houve que inovar e dar a volta por cima das limitações, evitando os pontos fracos e tirando partido dos pontos fortes e das oportunidades que uma crise, por mais dura que seja, sempre oferece. E assim foi, na verdade, pois, se são pudemos estar presente de carne e osso em todas as escolas do projecto, pudemos estar todos juntos ao mesmo tempo numa sessão inédita com dimensão nacional muito apreciada por todos que resultou em motivação redobrada e espírito de equipa reforçado. Foram inúmeras as adaptações na vida escolar e familiar, e todos os nossos jovens, famílias e escolas deram e estão a dar uma resposta à altura. Só por isso já estariam de parabéns, mas o que conta, verdadeiramente, são os resultados, e esses continuam a consolidar-se, mostrando que os nossos jovens aprenderam a principal lição do projecto Para tu Se não falares!, a resiliência.
Essa palavra que designa a capacidade humana de resistir e prosperar nas condições mais adversas envolve muitas qualidades, valores que importa cultivar pela vida fora. Desde logo a humildade, não em excesso nem corrosiva da vontade própria, aquela humildade de quem não se deslumbra com o que sabe ou tem, de quem olha os outros, num patamar de nível e reconhece que, não estando sozinho no mundo, sem eles será sempre muito pouco.
Mas também a autoconfiança, o saber de que 'tudo vai ficar bem' e do trabalho a fazer para isso, quantas, vezes nada menos que a superação. Essa mobilização do que somos, que desperta o sangue e faz subir a adrenalina da conquista num quase-revolta que nos faz levantar depois de cada queda, erguer e cabeça sem altivez, mas com firmeza pétrea, mostrando ao mar revolto que a cada investida a nossa nau progride, range e balança, mas progride ligeira e forte como se roubasse energia a cada vaga e tornasse épica a viagem da vida. É desta fibra que somos feitos, é esta a estatura indestrutível do Benfica, e é essa também a sua maior inspiração para todos. Do vigor dos relvados ao calor das bancadas, e daí ás batalhas da vida real, transformamos trabalho em sucesso, o sonho em vitórias. É assim também com estes jovens que mostram estar à altura desde legado!"

Jorge Miranda, in O Benfica

GRATIDÃO


"As datas de comemoração dos vários títulos conquistados pelo Sport Lisboa e Benfica, neste século, têm permitido reviver momentos únicos, graças à BTV e à programação inteligentemente delineada pelos seus responsáveis. As entrevistas aos vários protagonistas dessas conquistas permitiram-nos recordar acontecimentos verdadeiramente empolgantes e alguns mesmo surpreendentes. Todas as entrevistas sobre o tetra foram reveladoras de um clube moderno, inovador e claramente virado para o futuro.
A conversa entre Luís Filipe Vieira, Luisão, Jonas e Salvio bastaria para explicar a razão da hegemonia benfiquista no futebol português. Aconselho vivamente a todos benfiquistas que revejam aquele momento sublime, com o presidente a confessar saudades do trio-maravilha. Andando bem mais para trás, recordamos o feito de 2005, com a conquista do 31.º título e sempre com Luís Filipe Vieira ao leme. A entrevista de Hélder Conduto a Simão Sabrosa foi tocante e esclarecedora.
O nosso capitão contou alguns episódios que provam que o Benfica é uma família. Simão revelou ainda que jogou vários jogos incapacitado, com uma lesão que o perseguiu quase metade da época, mas ele nunca desistiu e fez os 34 jogos do campeonato. É de jogadores desta fibra que o SL Benfica precisa! A resposta final de Simão Sabrosa à pergunta para definir numa palavra o que sentia sobre o Clube diz tudo sobre a sua categoria - gratidão. Eis como numa simples palavra o nosso capitão disse tudo. É essa gratidão que nós também sentimos por ele, pelo seu exemplo e, sobretudo, pela sua postura pós-Benfica. No fundo, nós sentimos que Simão Sabrosa saiu do Benfica, mas o Benfica nunca saiu dele."

Pedro Guerra, in O Benfica

OS JOGOS DO BENFICA VÃO TER ADEPTOS


"Não me lembro de estar tão ansioso por uma quinta-feira desde 2014, antes daquela quinta-feira de 1 de Maio, quando fomos a Turim explicar a Pirlo,Buffon, Pogba, Vidal,Tévez e companhia que a aventura deles na Liga Europa ficava pelas meias-finais. A quinta-feira da próxima semana, 4 de Junho, assinala o regresso do Benfica à competição após a interrupção motivada pela pandemia e marca também o meu regresso ao sofá lá de casa. Não há qualquer dúvida: o futebol é estranho sem adeptos. Sem cachecóis no ar, sem abraços nas bancadas e sem aquele gajo que aos 20 minutos já está aos berros a pedir ao Bruno Lage para meter o Cervi, o Rafa ou o Mantorras. A confusão antes de entrar no estádio pode até ser incómoda, mas de repente já me apetece que, algures no meio da multidão, alguém me entorne meio copo de cerveja pela cabeça abaixo.
Para nossa sorte, os jogos do Benfica vão pode ter alguns adeptos. Onze dentro de campo e mais alguns no banco. O adepto com a missão mais complicada é Bruno Lage. Agora, não só tem de orientar a equipa no sentido de conquistar os três pontos como tem de assegurar que o Rúben Dias e o Ferro vão cantando o '1904' enquanto o Pizzi faz uma assistência a isolar o Vinícius. Nas bolas paradas, o Vlachodimos tem de cantar o 'Tudo a Saltar', e o banco de suplentes tem de formar um coro a cantarolar o 'E quem não canta fica em casa'. É bom que os jogadores treinem este novo estilo de jogo durante a semana, estou certo de que Bruno Lage começará a deixar de fora da convocatória quem não se conseguir adaptar. A música do Taarabt pode ser cantada por ele próprio.
Nunca mais é quinta-feira!"

Pedro Soares, in O Benfica

CHEGOU A HORA


"Esta é a última vez que falamos antes do regresso do campeonato 2019/20. Na próxima quinta-feira, 4 de Junho, às 19h15, na Catedral, o campeão nacional recebe o CD Tondela. E o nervosismo habitual antes de qualquer jogo do Benfica já começa a sentir-se deste lado. Têm sido meses bastante complicados - todos sabemos disso - e já é tempo de a nação benfiquista sorrir. É o regresso possível do futebol: à porta fechada, com todas as condições de higienização e segurança, com um controlo apertado da saúde dos profissionais de futebol e restantes equipas técnicas e staff.
Não é o que todos nós, adeptos, queríamos, mas é o que temos. E é com esta realidade que vamos a jogo.
Desde o início de pandemia que tive - tenho - muitas dúvidas se esta é a solução mais acertada. E isto serve para Portugal e para os restantes países que retomaram os respectivos campeonatos. Confesso que ainda tenho aquela visão romântica do desporto e dos seus valores, como a superação individual e colectiva, a competição ou o jogo limpo. Mas também acredito que há momentos na vida em que tudo se relativiza e em que um troféu ou uma medalha valem menos do que o bem comum. Mas não sou eu quem decide, por isso há quem decide, por isso há que respeitar a decisão de retomar a liga. E agora já não chega apenas respeitar. É preciso esquecer as diferenças de opinião quanto ao processo e concentramo-nos naquilo que realmente importa - o Sport Lisboa e Benfica e, neste caso, a sua equipa principal de futebol masculino.
Agora, é para apoiar onde quer que seja: no sofá, sozinho ou com a família e amigos, nas Casas do Benfica respeitando a distância física, no café ou no restaurante de esquina, em Lisboa e no Porto, nas Ilhas e em Trás-os-Montes, no Alentejo ou na Austrália, em Angola ou na Suíça. Não interessa onde, só importa como. E vai ter de ser com toda a energia acumulada nestes meses. É tempo de recuperar o que é nosso: a liderança."

Ricardo Santos, in O Benfica

REGRESSO


"Se tudo correr bem (ou se nada correr mal), a bola voltará a rolar nos relvados portugueses da primeira liga (nem todos são sempre de 'primeira liga') já na próxima quarta-feira (quinta-feira, dia de Benfica, é o que verdadeiramente interesse). O uso excessivo de parêntesis acima (não me levem a mal) é propositado. As dez jornadas do campeonato, mais a final da Taça, oxalá sejam realizadas, senão, espero poder vir a dizê-lo daqui a uns anos, um breve hiato na nossa vivência benfiquista. No meu caso em particular, tal é a frequência com que vou ao Estádio da Luz, sempre, sinto que o Benfica só joga verdadeiramente em casa se eu lá estiver nas bancadas. Mesmo a ocasional alteração de lugar, que é rara e nunca desejada, revela-se-me, de certa forma, desarmoniosa. Mas pior que futebol sem público é nenhum futebol. Teremos jogos para ver, golos para festejar e, assim o esperamos, títulos para celebrar.
Exigir a eventual perpetuação da suspensão das competições - quando será possível a reabertura dos estádios? - seria um atentado à sobrevivência do futebol tal como o conhecemos.


Pelas avultadas quebras de receitas (direitos televisivos e patrocinadores), mas também por um fenómeno de desabitação. Desconheço estudos sobre este hipotético fenómeno, mas desconfio de que, a cada dia que as novas plataformas de distribuição de entretenimento conquistam adeptos, o potencial de transferência destes existe em alguma medida. Afinal, os dias continuarão a ter 24 horas, e as carteiras não engordarão certamente. Dir-me-ão que tal nunca aconteceria, mas acho avisado mitigar-se esse risco. E nós, os que vamos aos estádios, até somos minoritários. É na TV, de longe, que se vê mais futebol."



João Tomaz, in O Benfica

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A LISTA...!!!

"Alguns nomes da lista para o Conselho Superior da candidatura de Pinto da Costa:
- Rui Moreira - Presidente Actual da Câmara do Porto
- Eduardo Rodrigues - Presidente Actual da Câmara de Gaia (PS)
- Luís Montenegro - Ex-deputado PSD
- Manuel Pizarro - Vereador da Câmara do Porto (PS)
- Bragança Fernandes - Ex-presidente da Câmara da Maia (PSD)
- Tiago Barbosa Ribeiro - Deputado PS
- Nuno Cardoso - Ex-presidente da Câmara do Porto (PS)
Ficamos a aguardar a intervenção dos paladinos da justiça: Pedro Marques Lopes, Baldaia, Ana Gomes, Rui Santos, etc., sobre a promiscuidade entre política e futebol.
Cláudia Santos num órgão sem ligação clubística foi um problema nacional. A entrada destes membros nos órgãos do #PortoaoColo, certamente, não trará problema nenhum ao mundo e é mais uma coisa “normal”.
Para concluir, deixamos uma pergunta: "O que seria se Fernando Medina pertencente a uma lista de Luís Filipe Vieira?""

SEMANADA...


"1. Luís Nazaré apresentou demissão. O Presidente da Mesa de Assembleia Geral apresentou a demissão ontem à noite (quarta-feira). O motivo que deu foi por não concordar com a maneira como a Assembleia Geral de aprovação do Orçamento das Modalidades irá decorrer. Para já ainda não são conhecidos os moldes dessa Assembleia Geral, que normalmente decorre em Junho. No Benfica não são assim tão comuns demissões nos órgãos directivos, principalmente a meio ano do fim do mandato. Provavelmente a relação entre Luís Nazaré e Luís Filipe Vieira já não era a ideal e quase de certeza que LFV já não contava com Nazaré para o próximo mandato. Assim, Luís Nazaré aproveita este atrito na organização da Assembleia Geral e desmarca-se já da organização das eleições, que aparentemente vão ter três candidatos e de certeza que vão dar algum trabalho extra a quem as organizar.
2. Bruno Costa Carvalho. Onze anos depois, Bruno Costa Carvalho volta a ser candidato a Presidente do Benfica. Não é propriamente inesperado, visto que o mesmo já tinha anunciado um plano estratégico para o clube que na altura avaliámos aqui com uma nota positiva. Eu gosto de Bruno Costa Carvalho, tal como gosto de Rui Gomes da Silva e tal como aprecio umas coisas de Luís Filipe Vieira, nomeadamente a visão que teve para o Seixal. Porque é que gosto de Bruno Costa Carvalho? Porque ele fala a minha língua. Luís Filipe Vieira é alguém muito secretista que toma várias decisões sem nenhuma explicação racional. Por exemplo lançar uma OPA sobre uma SAD da qual já tem maioria; Vender quatro titulares e não contratar ninguém para as suas posições num ano do eventual Penta; Contratar do Jhonder Cadiz e dizer que “não pode explicar tudo se não os rivais copiam”. Ao longo dos últimos anos, a Direcção de Luís Filipe Vieira tem tomado decisões que vão contra tudo o que é lógica. Enquanto Bruno Costa Carvalho ao longo destes onze anos tem tido sempre intervenções no espaço público que mostram ao lógica e raciocínio por de trás. Além de boas ideias para o Benfica. Não quer dizer que eu concordo com tudo o que ele diz, mas pelo menos consigo compreender. Algo que na OPA, por exemplo, nunca consegui. Na prática, acho que esta candidatura é só o início de outra coisa qualquer. Tanto BCC como RGS sabem que separados, não têm qualquer hipótese contra LFV (os desagradados dividem-se entre os dois). Mas juntos terão as suas chances.
3. Porque é que Pedro Proença queria os jogos em aberto? O único motivo pelo qual o futebol vai regressar é financeiro. O próprio Pedro Proença confirmou isto esta semana quando disse que muitos clubes entrariam em insolvência caso o Campeonato não regressasse. No entanto, o Presidente da Liga queria os jogos em aberto. Uma medida que até faz algum sentido, pois iria evitar aglomerações em cafés e minimizar as hipóteses de contágio. Só que se os jogos passarem em sinal aberto, as pessoas deixam de subscrever os canais premium onde os jogos passam, as operadoras deixam de receber dinheiro, perdem capacidade de pagar aos clubes e os clubes entram em insolvência na mesma. Aparentemente o que Pedro Proença queria pedir a Marcelo Rebelo de Sousa e ao Governo era que o Estado fosse subsidiar as operadoras. Isto adicionar todo um novo layer de controvérsia, visto que independentemente da tendência política de cada um, acho que é relativamente consensual que o futebol não deve ser uma prioridade para o Estado. No fundo, a ideia de Pedro Proença era boa, mas a execução foi uma completa confusão - o que diga-se de passagem é o habitual.
4. Sergi Aragonès. Ainda não foi oficializado e provavelmente vai demorar algum tempo até o ser - visto que não há como fazer os testes médicos aos atletas - mas Sergi Aragonès tem sido apontado ao Benfica novamente. O que faz algum sentido, visto que se Jordi Adroher está de saída, precisaríamos de mais um avançado e não de um defesa. Caso Aragonès venha de facto, seria um reforço interessante. É o 10º melhor marcador da OK Liga, uma das referências da equipa sensação espanhola deste ano, já é internacional por Espanha e tem apenas 23 anos. A chegada do catalão iria também significar a saída, provavelmente por empréstimo, do Vieirinha ou do Xavi Cardoso. O regresso de Xavi Cardoso tem sido um pouco controverso devido à maneira como saiu do clube há dois anos em plena época. Toda a gente merece uma segunda oportunidade na minha opinião. Tanto Xavi Cardoso como Vieirinha são dois jogadores que o Benfica precisará a médio-longo prazo, com a mudança das regras da FPP que obrigam a ter sempre pelos menos 5 jogadores seleccionáveis por Portugal nos jogos nacionais.
5. Fernando Drasler de saída. Em Espanha vai-se falando da saída do internacional brasileiro Fernando Drasler do Benfica para o Zaragoza. O fixo brasileiro nunca pareceu contar para Joel Rocha este ano. É uma saída que não surpreenderia. Para o seu lugar tem surgido o nome de Arthur, também internacional brasileiro que joga a ala, do Barcelona. Seria um reforço bomba para o Benfica. Arthur poderia ser o melhor jogador do nosso Campeonato durante o período que cá estivesse. O curioso desta história é que Arthur é ala e Drasler um fixo/ala, como tal iríamos abrir mais uma vaga no plantel a fixo, visto que alegadamente André Coelho estava de saída. Mas se vamos contratar um ala estrangeiro, significa que dificilmente vamos contratar um fixo estrangeiro - o Benfica já disse várias vezes que não quer ter 7 estrangeiros no plantel. Isto tudo bateria certo com um outro rumor que tem surgido que é a continuação de André Coelho no Benfica por mais um ano.
6. Cinco Substituições e Final da Taça de Portugal sem prolongamento. A Liga e a Federação anunciaram estas medidas para de alguma forma proteger os jogadores de lesões. A medida faz sentido. Não há muito a dizer aqui. O importante é que numa altura de recta final do Campeonato, onde já sabemos que tendem a aparecer certos incentivos para as equipas pequenas tirarem pontos a Benfica ou Porto, não se aproveite uma medida cujo o intuito é proteger os jogadores para se perder mais tempo de jogo."

5 REGRESSOS AO SL BENFICA QUE PODIAM BENEFICIAR JOGADOR E CLUBE


"Os momentos de cada jogador ao longo da carreira, a sua afirmação, maturidade e espaço potenciam o seu desenvolvimento e levam à ocorrência de inúmeras transferências. Muitas vezes ouvimos que não devemos voltar a uma casa onde já fomos felizes. Ora, aqui apresentamos cinco casos em que essa frase não se aplica, quer pela falta de oportunidades na equipa principal do SL Benfica, quer pelo desaproveitamento de algumas delas. Actualmente, achamos que estes regressos poderiam beneficiar ambas as partes.

1. Rony Lopes – Nos últimos dias tem vindo a público a preferência clubística do jovem jogador português pelo SL Benfica. Aproveitando esse facto, uma possível vinda poderia beneficiar tanto o jogador como o próprio emblema encarnado. A plenitude das suas qualidades foi demonstrada consistentemente ao serviço do Mónaco, porém a recente mudança para Sevilha não tem ajudado na evolução que se esperava e que podia catapultar Rony Lopes para uma chamada recorrente à Selecção Nacional. Por outro lado, para o SL Benfica, antevendo uma possível saída de Rafa ou uma alternativa a Pizzi, seria uma opção tremenda e uma garantia de qualidade.

2. Mário Rui – Por diversas ocasiões foi apontado à Luz nas últimas janelas de transferências. A sua regularidade em Nápoles tem ficado comprometida desde a chegada de Genaro Gattuso, passando de insubstituível a um jogador de rotação. Cremos que seria uma alternativa directa a Grimaldo e que, na eventualidade da saída do espanhol, seria uma aposta segura do SL Benfica, garantindo assim a actual acutilância no processo ofensivo e um conhecimento táctico refinado, face à escola italiana dos últimos anos, podendo ainda beneficiar o desenvolvimento dos jovens laterais que vão surgindo da academia do Seixal.

3. Anderson Talisca – Pelo que demonstrou na Turquia e pelo que tem apresentado no Campeonato Chinês, achamos que a sua passagem por Portugal sabe a pouco e um eventual regresso à Europa e em particular ao SL Benfica poderia antever um futuro bastante promissor. Para o emblema encarnado seria uma verdadeira solução para a posição de segundo avançado, ganhando um último passe bastante refinado e, principalmente, uma capacidade de remate tremenda e eficaz, sendo exemplo disso os 69 golos apontados nas últimas três temporadas.

4. Fábio Cardoso – Nunca seria uma opção directa a uma saída de Rúben Dias, uma vez que a qualidade do camisola seis benfiquista é inquestionável entre os centrais portugueses e a sua saída teria de ser colmatada com um central estrangeiro com garantias dadas. No entanto, seria facilmente um elemento importante do plantel, concorrendo com Ferro por um lugar no 11 encarnado, podendo inclusive beneficiar, comparativamente ao jovem central benfiquista, de uma maior agressividade e segurança, principalmente pela experiência que tem vindo a acumular nos últimos anos.

5. Luka Jovic – Não seria o segundo avançado que muitos têm pedido ou ansiado para o modelo de jogo de Bruno Lage, no entanto, e antevendo uma saída eventual de Carlos Vinícius, seria uma solução inquestionável e à altura do brasileiro. Garantiria maior fulgor e intensidade que qualquer outro avançado do plantel, com uma maior robustez e capacidade de finalização. A sua adaptação a Madrid não tem sido fácil, com apenas dois golos em 24 participações nesta época, pelo que, uma saída por empréstimo poderá estar em equação."

O FUTEBOL PORTUGUÊS CONTINUA A DECIDIR-SE NA BASE DO GRITO

"Será tão difícil assim exigir um pouco mais de intransigência na defesa das boas decisões?

Não é propriamente uma novidade, mas as últimas semanas deixaram-nos na boca aquele travo de insatisfação, como quem pensa que era tão fácil fazer as coisas melhor. Confusões, exigências, lóbis, o regresso do futebol foi enfim uma bagunça.
E não precisava de o ser.
Acima de tudo fica a sensação que tudo em Portugal se resolve na base do grito. Quantos mais decibéis o audímetro acusar, mais perto se fica do sucesso.
Se não veja-se: a Direcção-Geral de Saúde apresentou um parecer técnico que indicava um total isolamento de jogadores, árbitros, técnicos e funcionários de apoio à equipa. Aconselhava-se apenas a saída do domicílio para os compromissos obrigatórios: treinos e jogos.
O parecer ia ao ponto de aconselhar até os familiares que habitam com os jogadores a ficarem eles próprios fechados em casa. O clube devia garantir a satisfação das necessidades dos atletas e de suas famílias, para evitar que estes tivessem que se expor a riscos desnecessárias.
Esta era a ideia, e era uma boa ideia. Mas bastou o Marítimo gritar, naquele jeito estridente de Carlos Pereira, para tudo mudar: obriga-se as pessoas a ficar em casa, mas não se vê nenhum problema em colocar os jogadores em aeroportos, mangas, autocarros públicos e salas de espera.
Mas há mais, claro.
O parecer técnico indicava que a competição devia realizar-se no menor número possível de estádios. O que faz sentido, claro. Épocas invulgares exigem medidas invulgares e seria muito mais fácil controlar o vírus quanto menor fossem os espaços para o fazer.
Era uma espécie de confinamento do próprio futebol.
Inicialmente falou-se de seis estádios, mas alguém gritou que também queria e passou a sete, mais alguém gritou e passou a oito, mais alguém gritou e já vamos em dezasseis recintos. Nesta altura mais de 80 por cento dos clubes da Liga vão jogar em sua casa, e o número ainda pode subir.
Mas ainda há mais, sim.
O parecer técnico apontava para dois testes laboratoriais antes de cada jogo, mas afinal percebeu-se a uma semana do início da competição que os jogos são muito próximos. Por isso far-se-á apenas um teste, a não ser que haja mais de cinco dias de intervalo entre jogos.
No fundo fica sempre a sensação que por muito boas que sejam as ideias iniciais, o futebol português consegue encontrar uma tendência barulhenta para estragar as coisas. Tudo se resolve na base do grito, e não há coragem nem força para resistir à força dos berros.
Também por isso é impossível não ficar com um sentimento de decepção: é muito difícil acreditar num futebol mais limpo, com menos guerras e menos conversas sobre árbitros, quando se sente que vale a pena chorar: quando se sente enfim este ambiente de permeabilidade."