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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A TAÇA HABITUAL DO BENFICA


"Algarve recebe a fase decisiva da Taça da Liga com uma certeza: haverá um não grande na final pelo 8.º vez em 10 edições. Sem Sporting e FC Porto, Rui Vitória quase obrigado a erguer troféu

Domingo que vem, nesse bonito elefante muticolorido que é o estádio do Algarve, o Benfica deverá erguer a sua oitava Taça da Liga (em dez edições). Tudo o que não for assim tem de ser considerado surpresa. Da grossa. Por dois motivos. Primeiro: o Benfica tem imenso jeito para vencer esta competição talvez porque é o único dos três grandes que a tem levado a sério (e faz muito bem). Segundo: não estão na final four algarvio as duas únicas equipas que, nos confrontos directos, têm sido superiores ao Benfica de Rui Vitória - FC Porto e Sporting. Afastados esses dois incómodos e sabendo-se que o Benfica de Vitória tem por hábito aviar todos os outros clientes - tanto os pequenos (como o Moreirense), como os médios (como o V. Setúbal) e os médios-grandes (como o Braga) - há uma probabilidade altíssima, seja qual foi a final, de a nação encarnada festejar o título que a Liga algo pomposamente designa de «campeão de Inverno». Há ainda outro lado estatístico a favorecer Rui Vitória, que é o da looooonga invencibilidade benfiquista na Taça da Liga: o clube soma 42 jogos (!) e mais de 9 anos sem perder neste torneio, o que é um argumento tão impressionante quanto o resultado do último Benfica - Moreirense para a Taça da Liga: 6-1 para as águias em Moreira de Cónegos, há exactamente um ano! É claro que Augusto Inácio vai lembrar tudo isto quando fizer a antevisão da meia-final de amanhã, quicá lembrando que o FC Porto também era favoritíssimo e ficou pelo caminho.
Na meia-final de hoje medem forças os outros dois clubes que ganharam a Taça da Liga: o V. Setúbal (vencedor da primeira edição, em 2008, com Carlos Carvalhal no banco) e o SC Braga (201; José Peseiro). Aqui não há favorito claro, tendo em conta o belo momento de forma dos sadinos (chapeau a José Couceiro, o que este homem tem feito com um orçamento pindérico...); e o que tem sido o percurso do Braga de Jorge Simão, algo titubeante e não isento de fricções - o corte drástico com o central André Pinto colheu os próprios braguistas de surpresa. Deve acrescentar-se que o SC Braga chega ao Algarve algo desfalcado e sob o efeito de uma derrota muito dolorosa - com o rival V. Guimarães em casa; conhecendo o perfil de António Salvador, que quer ser campeão nos próximos quatro anos (e faz muito bem em pensar assim), não me custa imaginar a fúria que o assaltará se o Braga hoje falhar a presença na segunda final da época - provavelmente contra o mesmo adversário da Supertaça.
Independentemente do nome do finalista apurado hoje é cenrto que haverá uma equipa não grande na final da Taça da Liga pelo 8.ª vez em 10 edições. O que, ironia!, reforça o perfil popular de uma prova prensada, para ter sempre os três grandes nas meias-finais... o que só acabou por acontecer em duas edições (2008/09 e 2009/10). Repara-se que pelo segundo ano seguido o Benfica é o único grande nas meias-finais, e aqui a Taça da Liga não faz mais que imitar a tendência da bem mais importante Taça de Porgual, que regista a mesma fórmula - um grande para três não grandes - em cinco das seis últimas meias-finais! (aqui não se podendo dizer que FC Porto e Sporting desdenham a competição...). Se olharmos para o quadro de semifinalistas das duas competições na última década (ver anexo) concluiremos que o tempo em que os três grnades não deixavam nada para os outros acabou. Nos últimos sete anos, Benfica, FC Porto e Sporting nunca estiveram em maioria nas meias (embora tenham ganho a maioria dos troféus)! Falta ver se ou qual dos três desafiantes - Moreirense, Braga, V. Setúbal - consegue evitar aquilo que parece inevitável: mais uma taça para o Benfica.
(...)

Soares, Pinto & Guedes
Se Soares é fixe para o FC Porto como foi em Guimarães, logo veremos. Parece reforço (avançado ágil, matreiro, esquivo, com faro de golo) mas a verdade é que a história portista recente (Ghilas, Suk, Marega, Depoitre...) apresenta demasiados tiros ao lado neste sector para podermos gritar «gol!». Ver para crer, mas acredito que o FCP, com Soares e com o talentoso Brahimi de volta 15 dias mais cedo que o esperado, pode ter ganho um alento importante para a 2.ª volta.
No Sporting: André Pinto é um bom central português e vai juntar-se a outros bons centrais portugueses (Rúben Semedo, Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo) num Sporting que tem mostrado agilidade a desfazer-se dos flops estrangeiros (Markovic, Meio e Elias na calha). Sobre o propalado interesse do Liverpool no campeão europeu William: há uma restrita elite de clubes a quem nuncase diz não. O Liverpool é um deles. Se William sair para Anfield honrará a tradição de Alcochete: as melhores pérolas saem para clubes verdadeiramente de topo.
No Benfica. Falhadas as vendas de Liindelof e Jiménez, calhou a Gonçalo Guedes ser a vítima da absoluta necessidade de dinheiro em caixa. De outra forma não se prestaria o presidente da instituição, qual Oliveira Figueira das aventuras de Tintin, a andar por esse Mundo fora na companhia de Jorge Mendes a tentar impingir os seus produtos - quem dá mais?, quem dá mais? - em vez de esperar no seu cadeirão presidencial pela chegada de propostas dos putativos interessados (até porque foi dito várias vezes que o Benfica não tinha necessidade de vender. Pois...). A confirmar-se a transferência por 30 milhões para o novo riquíssimo Paris SG - um clube da média-alta com aspirações de grandeza -, é mais um negócio mirabolante de Jorge Mendes, que assume importância transcendental na vida do Benfica. Nenhum outro empresário teria sido capaz de colocar um projecto de jogador por esta fortuna num clube onde não tivesse relações privilegiadas."

André Pipa, in a bola

PS: Isto é uma crónica escrita com uma grande azia de um lagarto assumido...

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