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quinta-feira, 9 de março de 2017

DA BARDAM#$DA


"Meu caro Dr. Bruno de Carvalho:
Deixe-me contar-lhe a história: Portugal vivia, quente, no PREC - Pavic, o treinador que levara o Benfica a campeão, decidira deixar Lisboa, com um aviso agitado:
- Já passei por uma guerra civil, não quero passar por outra...
e Costa Gomes, o PR, retirou de Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves, o filho de Vítor Gonçalves que jogara na primeira selecção com Cândido de Oliveira e Ribeiro dos Reis e que, em 1935, fora o primeiro treinador a fazer do Benfica campeão nacional (sim, é um daqueles que você acha que não vale - e vale) - pôs Pinheiro de Azevedo no seu lugar. Percebendo a ilusão a fugir-lhe, comunistas (& afins...) engalfinharam-se em greves e manifestações, cercaram-lhe São Bento - e Pinheiro de Azevedo respondeu-lhes pondo o seu próprio governo em greve, com frase bombástica:
- Chega! Não gosto de ser ofendido, de ser sequestrado, pá, chateia-me...
Com trabalhadores da construção civil entrincheirados à porta da Assembleia, exigiu a Otelo que o COPCON desfizesse o certo a São Bento, Otelo não lhe obedeceu. 36 horas ficaram deputados à fome, os do PCP não: esses puderam entrar e sair, vitoriados, aclamados. Fora, gritava-se, em fervor e rebuliço:
- Pinheiro de Azevedo fascista...
e ele, explosivo, retrucou:
- Bardamerda para o fascista!
Andara nas candidaturas de Norton de Matos e Humberto Delgado, participara no Golpe da Sé, não admitia que lhe chamassem o que não era - e daí que a reacção ao uivo de quem o insultava, o atacava, tenha sido a que foi: em bardamerda!
Evocando-o, distorcido, como o evocou, o que você mostrou foi diferente: que pior do que não saber perder, é não saber ganhar. Mas mostrou ainda pior: que o presidente de um clube com a grandeza do Sporting ao dizer, em rasquice, o que você disse não se apequena a si mesmo, apequena o seu posto - e, isso, a grandeza do Sporting não merecia por mais ébria que fosse a sua euforia de vitória..."

António Simões, in a bola

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