"É tentação, muitas vezes fatal, falar dos jogos de futebol tendo como base apenas os resultados. As vitórias tudo branqueiam, e se são expressivas ainda lavam mais branco, e as derrotas são pintadas em tons escuros, de drama e frustração. Esta abordagem está presente não só nos adeptos, mas também nos comentadores, arrastados pela corrente em inúmeras ocasiões, quando deviam ser mais frios e analíticos. Não digo que nunca sucumbi a esta tentação, que jamais abordei um jogo sem pensar sequer no desfecho. No entanto, ver para lá da mera expressão numérica final, deve ser o santo graal que todos os analistas do futebol devem perseguir, numa demanda que os tornará seguramente melhores.
Vem este introito a propósito dos dois últimos jogos do Benfica, uma goleada ao Belenenses e um nulo a Capital do Móvel, que foram lidos pelos adeptos (e não só) apenas à luz do desfecho.
No derby da Luz, os encarnados mereceram ganhar, é certo, assinando, contudo, uma exibição que me motivou muitas interrogações, nomeadamente pela forma como a equipa defendeu, em muitas ocasiões, demasiado atrás, como deixou partir o jogo e, sobretudo, como lidou mal, nas saídas de bola, com a mais pequena pressão dos avançados do Restelo. Porém, 4-0 deram para maquilhar quase tudo...
Em Paços de Ferreira, onde o Benfica empatou a zero, o tem dos adeptos (e não só) no fim do jogo foi, no mínimo, agreste, numa noite em que a equipa de Rui Vitória foi organizada, coerente e rigorosa, pecando, essencialmente, na finalização, frente a um adversário que se defendeu muito bem.
Ou seja, vendo tudo isto na perspectiva do treinador, Rui Vitória deverá ter matutado muito mais, creio, do ponto de vista do trabalho a fazer, depois dos 4-0 ao Belenenses do que após o empate em casa dos castores.
Mas há a equipa e as suas circunstâncias e o próximo jogo do Benfica fica indelevelmente marcado pelo empate sadino no Dragão. Pelo menos do ponto de vista anímico o FC Porto ofereceu uma vitamina importante aos tricampeões, um pouco à imagem do que sucedeu nos idos de Lopetegui, quando desperdiçou ocasiões para aproveitar escorregadelas do adversário. Ficam para a Luz as cenas dos próximos episódios, decisivos ou não, logo se verá...
(...)
ÁS
João Carvalho
Quis o destino que fosse um jogador emprestado pelo Benfica ao V. Setúbal a marcar, no Dragão, um golo que custou a liderança do campeonato ao FC Porto, em vésperas de viajar à Luz. João Carvalho é um talento emergente made in Seixal e está confirmar argumentos que irão fazê-lo passar de promessa a certeza.
DUQUE
Nuno Espírito Santo
Que balde de água fria! Na noite em que era proibido falhar, com o Dragão cheio e todas as legítimas expectativas de chegar ao primeiro lugar do campeonato depositadas no onze azul e branco, a equipa de Nuno Espírito Santo fraquejou, não aguentou a pressão e acabou por dar uma injecção de confiança ao Benfica.
José Mourinho e a sucessão de Alex Fergunson
«Ainda temos duas portas abertas para jogarmos na próxima época na Liga dos Campeões»
José Mourinho, treinador do Manchester United
Num clube gigantesco como o Manchester United, tem sido tarefa espinhosa substituir, à altura, Sir Alex Fergunson. Depois dos fracassos de David Moyes e Louis Van Gaal, o clube de Old Trafford parece começar a sentir-se confortável sob a liderança de José Mourinho. Longe da luta pela Premier League, o Special One vai fazendo pela vida, de olhos postos na Champions do próximo ano...
José Couceiro
O Vitória de Setúbal, que tem um dos orçamentos mais baixos da I Liga (há quem garanta que é mesmo o mais baixo...), 'tirou' quatro pontos ao FC Porto, cinco ao Benfica e afastou o Sporting (que ainda vai ao Bonfim para o campeonato) da Taça da Liga. Tivessem os sadinos a mesma qualidade competitiva contras equipas da segunda metade da tabela classificativa e andariam, por certo, nos lugares de luta directa pela Liga Europa. De qualquer forma, honra a José Couceiro, um dos melhores treinadores portugueses, com qualidades, mal aproveitadas no contexto nacional, que poderiam fazer dele um 'manager' de excelência...
Irlanda: Inglaterra depois dos 'all blacks'
A Inglaterra, já vencedora das Seis Nações, jogou em Dublin a hipótese de não só fazer o Grand Slam mas sobretudo de bater o recorde de vitórias seguidas de uma selecção de primeira nível (ia nas 18, empatando os all blacks). E não é que perdeu? A Irlanda, que tinha acabado com o recorde dos kiwis, fez o mesmo à equipa da rosa..."
José Manuel Delgado, in a bola
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