"(...) evolução dos Activos Correntes consolidados da Benfica SAD. (...) a evolução dos Activos Não Correntes.
Que podemos retirar desta informação(...)?
Em primeiro lugar, há que fazer uma distinção entre os Activos Correntes e os Não Correntes. Essa distinção é feita sobre o carácter previsível de durabilidade de um Activo na empresa, neste caso, da empresa Benfica SAD numa perspectiva consolidada.
Em segundo lugar, a distinção de rubricas que é feita no âmbito dos Activos Correntes e muito menor que aquela que é feita no âmbito dos Activos Não Correntes. Por outras palavras, nesta última classificação, temos muitas mais rubricas.
Em terceiro lugar, os períodos de referência são as contas que respeitam aos exercícios de 2015/16 e 2016/17.
Em quarto lugar, tecer-se-ão algumas considerações sobre a distinção que é operada em termos de disponibilidade de curto prazo e disponibilidade de médio e longo prazo.
Nos Activos Correntes, temos, de forma mais imediata, os montantes de disponibilidade financeira mais disponíveis, como são os de caixa e os equivalentes de caixa. Estamos a falar de cerca de 13 milhões de disponibilidade imediata.
Mas essa disponibilidade também é quase imediata nas outras duas rubricas, de outros activos correntes, que representa cerca de 12 milhões, e na rubrica de clientes, que representa cerca de 67 milhões.
Como é sabido, uma situação é uma empresa possuir património, e outra totalmente distinta é uma empresa possuir disponibilidade financeira imediata.
Com um exemplo muito simples explica-se esta distinção.
Imaginemos que determinada pessoa tem dois imóveis e não tem dinheiro fresco. E imaginemos que os imóveis não se conseguem vender num curto espaço de tempo por falta de alguém que os compre.
Essa pessoa não deixa de ter património, o seu activo é superior ao seu passivo, mas não consegue arranjar dinheiro fresco para pagar as suas despesas correntes, como água, luz, alimentação, deslocações, escola do filho, etc.
Ora, só tem uma das soluções - ou não paga e assim entre em incumprimento com todas as consequências daí advenientes, ou, então, pede dinheiro emprestado.
O dinheiro que pode emprestado tem de pagar juros, pelo que, se continuar a não ter dinheiro fresco, acaba por não conseguir pagar esses juros e entra em incumprimento.
Ora, aqui começa a ter três soluções, - ou não paga e assim entra em incumprimento com todas as consequências daí advenientes, ou, então, pede mais dinheiro emprestado, o que o faz começar a entrar numa espiral de dividas, mas tem uma terceira hipótese - pode tentar vender um dos imóveis ao desbarato para arranjar liquidez.
Mesmo que o consiga fazer, com os atrasos e incumprimentos que teve, já perdeu muito dinheiro e ainda perderá parte do património que tinha, a diferença entre o que o imóvel valia e o valor pelo qual o teve de vender.
Geralmente esta situação, se não for compreendida pela pessoa e não for invertida, vai originar a médio prazo a insolvência por falta de liquidez.
Daí que seja importante equilibrar disponibilidade imediata e mediata, com património."
Pragal Colaço, in O Benfica
Sem comentários:
Enviar um comentário