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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A "CIÊNCIA" DO SUCESSO


"Os factores associados à determinação do sucesso encontram, desde há muito tempo, grande receptividade nas mais diferentes áreas que estudam o comportamento humano.
De facto, uma rápida consulta às livrarias nacionais (online) revela uma montra de quase 1000 títulos - e, internacionalmente, acima de 200.000 - sobre o tema.
A atracção pelo sucesso que o ser humano aparenta ter, torna este assunto alvo de contínuas investigações e um êxito (quase) garantido de um top 3, num qualquer ranking de vendas.
Não considerando a bibliografia de inspiração quase "mágica", onde a aparente "mentalização do sucesso" se apresenta como uma ferramenta para o alcançar, vendida quase sempre como algo materializável a "curto prazo", de facto, observa-se uma tendência claríssima na constatação de que o sucesso resulta de uma construção sistematizada, maioritariamente, a médio-longo (às vezes, longuíssimo) prazo.
Senão, vejamos (a título de exemplo):
No livro Outliers, de Malcolm Gladwell, o autor discute, fundamentando, como a prática continuada e sistematizada de uma qualquer competência (ex: violino), pode conduzir à manifestação de talento acima da média. A partir deste exemplo, brinda-nos com um conjunto de outros exemplos, onde este tipo de fenómeno pode ser observado (como foi o caso dos Beatles, que tocavam ininterruptamente, anos a fio sem sequer fazerem pausas...).
Na realidade, este autor defende que o principal indicador de excelência, não é aquilo que é comummente reconhecido como talento inato mas antes, o que resulta de esforço continuado (no caso, o autor refere 10.000h de prática, como exemplo).
Corroborando esta tendência, o próprio Einstein defendeu que a Genialidade derivaria de 1% de talento e 99% de trabalho árduo.
Angela Duckworth, no seu livro GRIT (best seller), defende a mesmíssima ideia de que a Determinação (activada através da paixão e resiliência) seria a principal "culpada" pelo sucesso consolidado que pode ser observado em determinados indivíduos, independentemente do seu contexto de performance.
Para esta última autora, o SUCESSO (estudado pela sua equipa de investigação em variadíssimos cenários de top-performance) resultaria de uma fortíssima autodisciplina, combinada com a paixão dirigida a um propósito específico a longo termo, independentemente dos reveses que tenham que ser ultrapassados.
Por esta razão, seja pelo relato (ou exemplo) directo de grandes performers ou pelo resultado da investigação científica dirigida para este âmbito, o Sucesso, enquanto resultado consistente e consolidado, aparenta derivar de um esforço continuado, durante um período consideravelmente alargado e independentemente dos contratempos que possam surgir.
A superação das lesões e o retorno à top performance por parte do Nelson Évora ou da Telma Monteiro, são um bom espelho deste tipo de fenómeno.
Curiosamente, e apesar de toda a evidência científica, continuamos a lidar muito mal com a percepção de insucesso, invariavelmente enquadrada num time-line de curto prazo, inevitavelmente contaminado pelas emoções associadas à frustração resultante de um qualquer resultado pontual - frequentemente experenciado como um produto definitivo do nosso esforço.
Demasiadas vezes, é vivido como fonte de humilhação e de incompetência e, por essa razão, também demasiadas vezes se observa a adopção de um comportamento de evitamento (do "risco")... e assim, se "treina" a Motivação para Evitar o Fracasso e não o que se deveria de facto "treinar" - a Motivação para o Sucesso.
A gestão (emocional) do insucesso e do erro, emerge assim, estejamos a falar de contexto desportivo, empresarial ou académico, como um ponto fulcral que deve ser trabalhado... quando pretendemos, mesmo... ser bem-sucedidos(as).
Efectivamente, a única possibilidade de nos mantermos focados e motivados, face aos diferentes e inúmeros contratempos que irão surgir, resulta da integração do erro/insucesso como fonte de informação e aprendizagem, num percurso que se pretende de superação e especialização a longo-termo.
Por esta razão, o erro e o fracasso, se devidamente enquadrados, não são apenas um "mal-necessário", como um claro "laboratório" que alavanca o sucesso desejado.
Urge, assim, uma mudança de perspectiva, enquadrando o sucesso como o produto de uma "Maratona" e não de um "Sprint de 100m".
Urge "treinar" desafio (continuado) e não Medo."

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