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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

GUARDA-REDES, BEM TÃO PRECIOSO


"Surpresas José Sá e Svilar... diferentes. Numa há 'mistério' (até Janeiro?). A outra é consequência (feliz?) do desnorte pós-Ederson.

São tão importantes, os guarda-redes, que está na berra discutir porquê joga este e não aquele. Idêntico ênfase não se coloca sobre quem deve ser o defesa-direito, o médio mais ofensivo, o ponta-esquerdo, ou mesmo o ponta de lança.
Guarda-redes potenciam problema extra para o treinador. Desde logo, porque, no onze, só um pode estar (em todas as outras funções, adaptar é possível para alguém não sair da equipa: mais à esquerda ou à direita, mais à frente ou atrás). E também porque guarda-redes, quando erra, cai-lhe o mundo em cima (não fica assim terrivelmente marcado o defesa que faz autogolo, nem o avançado que, baliza escancarada, 2 ou 3 vezes no mesmo dia nela não consegue acertar). Sim, tenho especial respeito/admiração pelos guarda-redes, ora heróis, orá réus condenadíssimos. E é pura verdade: só esporadicamente pode haver equipa campeã sem estupendo guarda-redes - esse preciso bem que os treinadores tanto procuram porque... dão pontos. Por isso, muitíssimo estranho que, na cotação internacional - quer para máximos prémios, quer na bolsa do mercado de transferências -, eles sejam, por regra, desvalorizados face a médios e defesas.
De súbito, grandes surpresas no nosso futebol: o treinador do líder e o treinador de campeão decidiram mudar titularidade na baliza, entregando-a, num caso, a um jovem (24 anos) e, noutro, a um imberbe (18, recém-completados). Curiosamente, decisões simultâneas.

José Sá: surgir no lugar do prestigiadíssimo Casillas dá enorme brado, havendo carência de evidente explicação. Casillas vinha jogando normalmente bem e a sua queda para suplente nem sequer foi imediata ao jogo com o Besiktas... Bem depois, que terá ocorrido nas semanas sem campeonato? Estrear José Sá em casa do vice-campeão da Alemanha foi acto de coragem. E titular se tem mantido, inclusive na Taça da Liga, quando Sérgio Conceição optou por quase todos os habituais suplentes - daí se pode ler que José Sá é mesmo aposta nada ocasional (objectivo: dar-lhe rodagem), para além que atirar Casillas para esse jogo com o Leixões poderia soar a pouco menos do que desconsideração...
SAD e treinador não contavam que Casillas, altíssimo salário, accionasse cláusula de renovação. Janeiro é já ali; então veremos se Casillas decide partir...

Svilarcaso muitíssimo diferente. Sim, tem pinta! Mas a sua estreia na Champions, e perante Manchester United, aos 18 aninhos - antes do Benfica, nem um jogo fizera por equipa sénior! -, é, sobretudo, consequência do desnorte em busca do pós-Ederson. Tornou-se rábula até ao fecho do mercado. Bruno Varela, recuperado ao V. Setúbal, nunca terá sido visto como o tal. Num ápice titular, porque as lombalgias de Júlio César somaram e seguiram. Fez 8 jogos, mas, ao 8.º, por um frango, logo foi condenado, aos 22 anos (cruel!). Voltou Júlio César - na catástrofe dos 5-0 em Basileia, sem frango, foi, quando a mim, muito lento em 2 ou 3 golos. E eis que Svilar - tão miúdo, deveria ser-lhe dada prudente progressão - tem mesmo de saltar para titularidade (e bem firme: «jogará já de seguida», perentória garantia do treinador após o frangona Champions).
Svilar parece possuir potencial de características para excelente, quiça brilhante, futuro. Outro Oblak (aos 18 anos, rodava no Rio Ave), outro Ederson? Para já, foi o desnorte benfiquista que o colocou em inusitado altíssimo risco.

Greve dos árbitros anunciada para... final de Novembro. Não entendo, pois o clima contra eles não está pior do que estava há um mês, quiça pelo contrário. Subentendo: escolha da Taça da Liga visa primeiro aviso no claro confronto com a Liga, nomeadamente com o presidente Pedro Proença, um bocado esquecido de ser ex-árbitro...
VAR: como era previsível, desgraçadamente, nem esta importantíssima inovação escapa à desconfiança e, mais, a ser arma de arremesso. Claro que clamorosa persistência de Rui Costa no erro, em Alvalade, ajudou. Clamoroso também foi o erro de Nuno Almeida (e do árbitro auxiliar) no início da jogada rumo ao 2.º penalty do Aves - Benfica (aí sem VAR). Mas querer que o Conselho de Disciplina aja sobre falha, de tecnologia, que silenciou o VAR... passa das marcas! Vale tudo na surda guerra à FPF."

Santos Neves, in A Bola

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