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domingo, 29 de outubro de 2017

MAIS TRANSPIRAÇÃO QUE INSPIRAÇÃO


"Benfica entrou forte, chegou ao golo e desapareceu. Algo se passa! E o Feirense cresceu.

Benfica entra forte... mas
1. Primeira parte com o Benfica a entrar muitíssimo bem, a jogar bonito nos primeiros 10/15 minutos, com dinâmica, agressividade, inspiração e, em virtude disso, a chegar com mérito ao golo. Viu-se, nesse período, um Benfica a querer ganhar o jogo, pois sabia que tinha pela frente um adversário que dificilmente se enervaria, disciplinado e onde só um erro permitiria um golo. E acabou por ser isso a acontecer, com Jonas a escapar à marcação e num gesto técnico perfeito a fazer o golo. A partir daí o Benfica... desapareceu do jogo. Algo se passa! O Feirense passou a controlar, não se enervando apesar de estar em desvantagem. No resto da primeira parte o Benfica foi equipa desconcentrada, dá a sensação de alguns jogadores não estarem fisicamente ao melhor nível. O Benfica dá espaço ao adversário no meio-campo, e tendo o Feirense também jogadores de qualidade nesse sector conseguiu complicar a vida ao Benfica. E, de resto, a equipa de Santa Maria da Feira podia ter marcado ainda na primeira parte.

Feirense domina
2. No segundo tempo o Feirense esteve muito melhor que o Benfica. Mais pressionante, criando oportunidades de golo, colocando o guarda-redes do Benfica à prova, e nesse sentido Svilar esteve muito bem, com duas ou três defesas de grande qualidade que permitiram ao Benfica segurar o resultado e a evitar o empate. Se o Feirense marcasse podia surpreender o Benfica no Estádio da Luz, tendo em conta que durante a segunda parte só em algumas perdas de bola do Feirense é que conseguiu originar situações de perigo, pois o Feirense dominou e controlou e podia ter levado outro resultado do Estádio da Luz.

Mais garra que técnica
3. Muitas vezes ganham-se jogos em que 90 por cento da partida é transpiração e os restantes dez são de inspiração. E foi um pouco isso aquilo que aconteceu ontem ao Benfica: teve mais transpiração do que inspiração. Mas é preciso ter a noção de que por vezes também se ganham campeonato assim. O Benfica está a atravessar fase em que é preciso mais garra, a força colectiva tem de funcionar mais que a parte individual. É certo que o Jonas apareceu bem a desbloqueou o resultado, mas houve mais transpiração do que inspiração. Há que dizer que a vitória é justa, mas se o Feirense tivesse marcado não sei quem ganharia a partida. Não jogando tão bem as equipas têm de se agarrar à garra para chegar às vitórias.

Falta pensador ao Benfica
4. Na parte táctica o Benfica manteve o mesmo sistema da última partida. Faltou um jogador cerebral, como Pizzi - em baixo de forma - costumava ser para dar apoio ao ataque. Nota para Diogo Gonçalves muito bem e dinamizar o ataque sobretudo na segunda parte, merece a titularidade, esteve muitíssimo bem. O Feirense povoou muito o meio campo, esteve superior nesse sector porque o Benfica dá aí muito espaço e o Feirense nesse sentido esteve impecável a defender e a contra-atacar."

Álvaro Magalhães, in A Bola

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