Cobardes e miseráveis. Nas vésperas de mais um dérbi da Capital foi deste modo que o presidente do Sporting batizou os presidentes dos demais clubes com exceção feita, naturalmente, ao presidente do FC Porto por uma questão de respeito. Tudo isto por ocasião da última assembleia geral da Liga de Clubes que aconteceu ontem. O presidente do Sporting, presume-se, ter-se-á sentido sabotado pelo "ensemble" associativo a quem chamou de miserável em geral e pelos homens presentes a quem chamou de cobardes em particular, salvaguardando, nunca é demais repetir, a figura referencial do presidente do FC Porto.
Tal como o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros veio a público afirmar que "o governo português não tem o poder para sabotar o pernil de porco" – referindo-se ao diferendo alimentar com o presidente Maduro da Venezuela –, deveria ter vindo imediatamente a público o presidente da Liga de Clubes dizer exatamente a mesma coisa, por outras ou até pelas mesmas palavras, se entendesse curial fazê-lo pela urgência de serenar os ânimos exaltados neste momento tão conturbado do futebol português. Para mais vem aí mais um derby.
Se, por analogia do momento, a assembleia geral da Liga de Clubes teve ontem o poder para sabotar o pernil de porco diligentemente confecionado pelo presidente do Sporting com os prestimosos temperos emprestados pelo presidente do FC Porto, fez bem o presidente do Sporting em protestar veementemente contra a ausência de cultura democrática que detetou entre os seus pares do dirigismo nacional sabendo-se – é da cultura geral – que não há nenhum par que lhe chegue aos calcanhares em matéria de cultura democrática.
Mas deixemos os calcanhares em paz. Não é por causa dos calcanhares que a vida associativa do futebol português chegou a este estado. Foi mais por causa do pernil de porco, em sentido figurado, que ontem os patrões da bola não só se viram batizados de cobardes como também se viram intempestivamente deixados ao abandono quando o presidente do Sporting bateu com a porta levando a sua pequena comitiva atrás. Por não estar "ali a fazer nada" – segundo as suas próprias palavras –, bateria também com a porta o presidente do FC Porto, uns minutinhos mais tarde, solidário com o presidente do Sporting na indignação contra o poder evidenciado pela assembleia geral da Liga no que tocou a sabotar o pernil de porco, em sentido figurado, obviamente.
E é nisto que estamos em vésperas de mais um derby da Capital. Antes da modernidade trazida ao futebol pelo presidente do Sporting, os dias que antecediam os dérbis eram passados num já secular, e talvez por isso mesmo pachorrento, arremesso de vitupérios exclusivo entre os dois lados da Segunda Circular. Era apenas uma coisa entre eles. Agora, com a chegada da modernidade e vai tudo a eito no que toca ao insultar. Oh, que cambada de lampiões!
Destaque:
É nisto que estamos antes de mais um derby da Capital.
É nisto que estamos antes de mais um derby da Capital.
Leonor Pinhão, in Record
Gostei do texto, mas devia deixar de escrever nesse pasquim
ResponderEliminarO +presidente da liga não fala, porque é daqueles não me comprometas.
ResponderEliminarA vencimento é bom cá fora não ganhava tanto e portanto à que defender não a actividade desportiva do futebol, mas sim o seu ordenado. Os do G15 que só têm que o substituir por uma personalidade mais idónea e mais corajosa para a defesa do associativismo desportivo.
Ah, grande Leonor!
ResponderEliminarOs porcos dão ao pernil e grunhem desalmadamente, e a caravana passa. Quando, 4ª feira, saírem da Luz com uma derrota às costas, é que vai ser grunhir!
MUITO BEM LEONOR PINHºAO, SOU SEU FÃ.
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