Numa noite em que a superioridade do Benfica sobre o Sporting foi evidente, o resultado acaba por ser mau para os encarnados, mal menor para os leões e provavelmente o mais desejado pelos dragões, que viram os dois rivais perder pontos em noite de grande sofrimento na Feira.
O Benfica merecia mais do jogo. Falhou demasiado e poucas vezes terá sido tão superior frente ao Sporting. Ao de Jesus, então, nunca aconteceu tal diferença. Mas a verdade é que na conquista dos títulos são os resultados que contam. Jorge Jesus sabe-o bem. Perdeu um campeonato no Dragão da forma que se sabe e teve ajuda determinante para ganhar outro em Alvalade, quando arrancou um empate perto do final frente a Marco Silva. As ligas ganham-se com pontos.
Jesus falou disso no final da conferência e é verdade: não ficou na retina uma única grande defesa de Rui Patrício. Mas nem o Sporting defendeu sempre bem, nem o Benfica atacou mal. O futebol tem destas coisas e as unidades ofensivas do clube da Luz foram demasiado perdulárias. Se o Benfica tem de reclamar por causa dos pontos perdidos, pode fazê-lo com Hugo Miguel, é uma opção, mas também da sorte madrasta na hora do remate.
O Benfica fez, de longe, a melhor exibição da época. Que percentagem da superioridade encarnada pode ser atribuída ao recolhimento leonino após o golo? É difícil dizê-lo. Mas fica a ideia que JJ preferiu sempre tentar levar a vantagem mínima até ao fim do que arriscar numa outra abordagem, principalmente quando os anfitriões estavam todos virados para a frente.
Se as substituições de Rui Vitória foram todas a pensar no aumento do caudal ofensivo, correndo riscos até pouco habituais quando frente a um rival direto, já as de Jesus foram de um conservadorismo evidente. Por exemplo, Bas Dost ficou em campo até ao fim, provavelmente não pelo dinamismo que imprimia no ataque, mas pelas bolas altas que ganhava ofensiva e defensivamente. Com Doumbia e essencialmente Podence no banco, quem sabe a velocidade de um ou outro não poderia aproveitar a anarquia que se instalou no Benfica a partir da entrada de João Carvalho?
O Benfica teve momentos ofensivos deliciosos. Krovinovic foi fantástico. Mas não foi o único. Houve mais. E pela primeira vez esta temporada o Benfica conseguiu instalar o carrossel vertiginoso que soube massacrar tantas equipas no passado. E se fica uma ideia do dérbi de ontem, é que neste campeonato continua tudo em aberto. O emblema da águia está vivo e não são os 5 pontos que o separam do Dragão que levarão a equipa a atirar a toalha ao chão. E entre FC Porto e Sporting há apenas dois pontos de distância. O Benfica é o único que não depende de si para ser campeão mas mostrou que está vivo. E por alguns minutos esquecemos a podridão em que tem vivido o nosso futebol. Que quando apenas jogado é lindo.
QUESTÕES LATERAIS
Luz homenageou talento da equipa
O jogo acabava com um empate, resultado penalizador para o Benfica, mas os adeptos não regatearam aplausos à equipa. E bem. Os encarnados fizeram um pouco de tudo para marcar um golo. Esse desaparecido, acabou por chegar de penálti. Jonas não falhou. Um ponto terá sabido a pouco, mas a exibição e a superioridade mereceram aquela ovação. Bem as bancadas.
Boa aposta de BdC ao lado dos adeptos
Numa altura em que Benfica e Sporting estão de relações cortadas, marcou pontos com os adeptos o presidente leonino ao deslocar-se à Luz para apoiar a equipa ao lado deles. E, quem sabe, terá até ajudado a que a operação policial decorresse com menos demoras, sabendo nós hoje pormenores das deslocações que nos foram dadas a conhecer no caso dos emails. Um líder deve estar ao lado do ‘povo’ de quando em vez.
Há atitudes desnecessárias
Estava-se perto do final da 1.ª parte quando Fábio Coentrão armou um sururu motivado pelos papéis atirados pelos adeptos encarnados. É verdade que o público desrespeita os jogadores ao atirar-lhes as cartolinas, mas o gesto do lateral-esquerdo do Sporting não fez mais do que acicatar os ânimos. Uma atitude desnecessária e que o dérbi dispensava.
NOTAS DE RODAPÉ
5 - Krovinovic. É um caso sério. O jovem que o Benfica contratou em Vila do Conde encheu o campo na Luz. Importantíssimo na dinâmica ofensiva encarnada, foi ele quem comandou as tropas e ainda teve tempo para defender. Uma delícia.
4 - Acreditar até ao fim. O Benfica teve a capacidade e o mérito de ir à procura do resultado até aos últimos momentos. Empatou aos 90’ e ainda teve uma oportunidade clara nos minutos dados na compensação. Um grito de revolta.
3 - Coates e Mathieu foram segurando o que era possível segurar e quase iam conseguindo levar as suas redes a zero até ao fim, mas faltou ajuda de um meio-campo que nunca temporizou o jogo, nunca o esfriou. E ninguém faz milagres.
2 - A abordagem leonina. O Sporting apanhou-se a ganhar cedo e sem ter feito muito por isso e pareceu contentar-se com a vantagem até chegar o golo do empate. Nunca soube sair a jogar, pouco fez para ganhar, se não defender. Empatou...
1 - Falta de pontaria encarnada. Impressionante a incapacidade de materializar em golos a superioridade ofensiva patente. É que Rui Patrício não fez uma única defesa de golo. Foram mesmo os avançados do Benfica que falharam o impossível.
Bernardo Ribeiro, in Record
que filho da puta
ResponderEliminarÉ que Rui Patrício não fez uma única defesa de golo....pois não , tinha uma linha de defesas à sua frente que defenderem por ele, eh,eh,eh
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