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sexta-feira, 30 de março de 2018

ATÉ QUANDO?


"Há muitos anos que uns quantos, poucos, têm chamado a atenção para a estrutura desequilibrada da maior competição desportiva nacional e consequências daí resultantes. Na verdade, a principal Liga de futebol sofre de um desequilíbrio tão a acentuado do ponto de vista económico-financeiro que torna impossível um equilíbrio desportivo real. Continuamos a não querer perceber que sem o aumento de receitas das equipas médias e pequenas não se consegue promover o desenvolvimento da competição. Em Portugal, as receitas dos direitos televisivos entre clubes grandes e médios é 15 vezes menor para os médios. Para os mais pequenos a diferença é ainda maior. Na Europa desenvolvida ninguém tem este desequilíbrio, no máximo 4,7 (Chipre) e no mínimo 1,2 (Áustria). Mantendo-nos orgulhosamente sós e sem centralizarmos os direitos televisivos.
Relacionando este quadro de receitas televisivas, as mais importantes para a maioria dos clubes, com as receitas proporcionadas com transferências de jogadores e as provenientes directamente dos adeptos, ainda mais aumenta o fosso entre os concorrentes. Se pelo lado dos maiores é possível resolver algumas situações pela perspectiva da despesa, isso torna-se impossível no caso dos mais pequenos. Estes só o conseguem pelo lado da receita. Receitá que está limitada por não existir uma negociação colectiva num negócio que se devia gerir como cartel e nunca como monopólio. Sem um entendimento nesta matéria, não é possível melhorar a qualidade da competição e do jogo; não temos condições estruturais para que isso aconteça. Há equipas que jogam a sua sobrevivência nesta altura da época, e que fazem dessa luta a sobrevivência do próprio clube. Estamos num círculo vicioso, tanto mais grave quando mais grave se torna o clima de violência verbal existente. Sem aumento de receitas para os que têm menos nunca se conseguirá melhorar a nossa Liga. A causa não é única, mas é a decisiva!"

José Couceiro, in A Bola

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