As placas da Securitas, as insta stories do Seixal e o rácio dos tempos do Peyroteo (por Um Azar do Kralj)
Vasco Mendonça escreve sobre os jogadores do seu Benfica, depois de uma paragem que parece não ter feito bem a ninguém. A não ser, claro, a Jonas
Bruno Varela
A sua presença aparentemente confiante na baliza continua a ter o mesmo efeito dissuasor de umas placas da Securitas que eu pus nas entradas de minha casa. Espero que ninguém descubra que a porta se abre com um cartão Lisboa Viva.
André Almeida
Os dois maiores símbolos vivos do Benfica tiveram um dia não. A águia Vitória julgou ter ouvido uma sirene e fugiu. Já André Almeida teve uma das exibições mais apagadas desde que se tornou o melhor lateral direito português da actualidade.
P.S. - a piada sobre os símbolos vivos só funciona se ignorarmos que o Senhor José Augusto viu o jogo na tribuna.
Rúben Dias
Das duas uma: ou Rúben Dias tem uma cara de poker extraordinária ou é de facto a muralha de aço que se tem visto, um jogador que não se deixa afectar por rigorosamente nada. Quando já nada sobrar e todos os computadores, taças e funcionários tiverem sido levados pela PJ, quando todos os emails tiverem sido lidos e cartilheiros despedidos, Rúben Dias continuará a fazer a única coisa que lhe interessa: chegar primeiro ao lance.
Jardel
E por falar em autoridade suprema no jogo aéreo, há muitos anos participei num processo de recrutamento para controlador de tráfego aéreo. Se bem me recordo, o último teste em que participei durou uma hora e meia. O objectivo era coordenar as operações no aeroporto de Lisboa e fazer aterrar algumas dezenas de aviões. Vários candidatos entraram numa sala, colocaram uns auriculares e deram tudo o que tinham. Eu percebi que tinha corrido mal quando, à saída, vi que era o único com a camisa colada ao corpo por causa do suor. Felizmente chumbei e foi assim que se evitou a maior catástrofe da aviação moderna.
Grimaldo
Um absurdo excesso de misericórdia na cara de Miguel Silva impediu-o de marcar o segundo golo do jogo aos 49’. Como qualquer formando do Barcelona, Grimaldo é um estudante do jogo e sabe que precisa de melhorar neste capítulo. Deve por isso parar e analisar exaustivamente este lance, até porque não cometeu mais nenhum erro enquanto esteve em campo.
Fejsa
Histórico. Desde 2012 não falhava um passe para um colega no centro da defesa, mas aconteceu hoje aos 59 minutos. É estranho olhar para Ljubomir Fejsa e ver nele, afinal, um ser humano.
Zivkovic
Foi dos que mais procurou contrariar uma posse de bola dependente da pontaria de Jonas
Pizzi
Segundo um site na internet, a associação da letra z ao sono remonta a 1918, quando alguém resolveu descrever uma pessoa a ressonar com a expressão zzz. Pizzi juntou-se às celebrações do centenário desta onomatopeia com uma exibição que foi somando caracteres ao seu nome até perto do final, quando Pizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzi finalmente se lembrou que a equipa conta com ele para liderar o meio-campo rumo ao penta e, num laivo de pressão alta, libertou Jimenez para o momento mais bonito da noite.
Rafa
A paragem no campeonato fez-lhe mal. Acontece, em especial a esta nova geração. É gente com muito tempo livre e uma vida santa. A ausência de problemas reais faz com que caiam num estado de anomia combatido com um número excessivo de selfies, fotos banais de comida de outro país, opiniões pouco amadurecidas sobre todo e qualquer tema, e perdas de bola desnecessárias. Em vésperas de clássico, os benfiquistas precisam que Rafa volte ao essencial: fotos da nova tatuagem do Fejsa, instastories com peixe grelhado na cantina do Seixal, nada a dizer sobre aquela história da Compal e a acutilância que lhe vimos em jogos anteriores. Em suma: vê lá se atinas. Precisamos de ti.
Cervi
Só aceitou ser substituído aos 69 minutos depois de perceber que iria ceder o lugar a Jimenez. Uma pessoa anda tão mal habituada que até é capaz de dizer barbaridades como “fez uma exibição menos inspirada do que é tem sido habitual”. Enfim. Não sei onde é que o Expresso vai buscar estas pessoas.
Jonas
Enquanto alguns aproveitavam a pausa no campeonato para estar com a família, pôr as leituras em dia ou apagar a sua conta de Facebook, Jonas treinava a marcação de penalties. Ainda bem, porque alguns de nós não teriam sobrevivido a mais um falhanço. Não satisfeito, voltaria a marcar, desta vez meio golo (o cruzamento do Raul vale no mínimo outra metade). Se arredondarmos, soma agora 33 golos em 28 jogos, que parece um daqueles rácios estapafúrdios do tempo do Peyroteo, mas em relação ao Jonas ninguém duvida que ele marcou mesmo os trinta e três.
Jiménez
É agora o único jogador da Liga NOS a ter tido o privilégio de ver as suas chuteiras engraxadas pelo melhor jogador a actuar em Portugal, depois de André Almeida ter recusado a honra. Jimenez voltou a ser decisivo, combinando a já conhecida vontade de decidir jogos com a alegre resignação de quem sabe que jamais será titular e não quer saber. Tal como nós, Jimenez prefere pensar nisso depois de uma boa noite de copos no Marquês de Pombal.
Salvio
Uma opção acertada de Rui Vitória, que apenas peca por ter acontecido com 50 minutos de atraso e não ter sido o Rafa a sair para lhe dar o lugar. De resto, perfeito.
Seferovic
Entrou para o lugar de Zivkovic, protagonizando a primeira substituição da Liga NOS em rima esta época, um dado estatístico que nem a Goalpoint se atreverá a desmentir.
Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso
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