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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

“É DIFÍCIL DERROTAR UM BENFICA FORTE E UNIDO”


FUTEBOL
O treinador do Benfica está “comprometido com o projeto” do Clube, garantiu que os jogadores estão “imbuídos no espírito” de vitória e deixou um apelo à nação benfiquista.
O treinador do Sport Lisboa e Benfica, Rui Vitória, fez a antevisão à receção ao Feirense, uma partida referente à 11.ª jornada da Liga NOS, agendada para as 18h00 de sábado, no Estádio da Luz.
Numa semana tão atípica, que começa com a eliminação do Benfica da Liga dos Campeões e que foi equacionada a sua saída do Clube, como é que viveu esta semana e preparou o jogo com o Feirense?
Vivi de forma intensa. Tivemos um jogo importante que não nos correu bem. Depois do que foi transmitido pelo presidente, depois da decisão, preparei o jogo com todo o afinco, o melhor possível, com a minha equipa técnica.
Sente que é um treinador a prazo?
Não sinto, não. Hoje era muito fácil para Rui Vitória e Luís Filipe Vieira não estar aqui e estar a apanhar o avião para outro lado. Depois de uma reflexão não estaria aqui, estaria outro. Comecei um projeto há três anos para ganhar. Ainda há muito trabalho para fazer, há muito para conquistar e não estou preocupado com prazos. Esta é a melhor solução.
Como interpreta as palavras do presidente quando diz que a equipa tem de “jogar à Benfica” e não “lento, lento, lento…”?
Dar os parabéns ao presidente pela franqueza. Percebo perfeitamente as suas palavras e revela o que é a pessoa. Até meados de outubro fomos a melhor equipa portuguesa, daí para a frente não fomos. Há quatro provas para disputar e para conquistar. Falando agora um pouco para os Benfiquistas: quem perdeu o orgulho pelo Benfica, vai voltar a ter esse orgulho. Quem tem alguma fraqueza a olhar para a equipa, vai ter certezas. Temos de estar unidos, é preciso que as pessoas entendam isso, de uma vez por todas. Só pode haver um Benfica. Se assim não for estamos a dar força aos nossos adversários. Quando o Benfica está forte e unido dentro e fora de campo é difícil ser derrotado.
Como fica a sua relação com a estrutura do Benfica, sabendo que houve elementos que quiseram a sua saída?
Muito claro em relação a isso. Trabalhamos de forma honesta e sincera. O meu compromisso é com o Benfica e não com pessoa A, B ou C. Esta reflexão foi conjunta e entendeu-se ser a melhor solução. Não foi por dinheiro que fiquei no Benfica, essa não é a minha forma de estar. O meu compromisso é com o projeto. Um dia vamos mostrar a forma como trabalhamos para verem a dimensão do que é o Benfica e o prazer enorme com que trabalhamos aqui.
Sente que os jogadores não têm dado o que esperava?
Ontem foi um dia importante para todos nós e hoje há mudanças. A mudança vai ser interior e todos os jogadores têm de sentir isso. Quem cá está, tem de saber o que é representar o Benfica. Foi difícil ganhar um Tetra e outros títulos. Quem ainda não percebeu isso, tem de o perceber rapidamente ou não está aqui a fazer nada.
Disse ao presidente que não tinha condições para ser treinador do Benfica?
Nunca disso isso ao presidente. Discutimos a situação em conjunto e a decisão foi conjunta, e demos um abraço forte e sentido.
Como sentiu o plantel no reencontro? Sentiu que há vontade de mudar este momento menos bom?

Sinto, e por isso é que estou cá eu e não outra pessoa. Sei os jogadores que temos, sei o que podem dar e as mudanças que têm de ser feitas. E as mudanças começam por mim. Esta é a primeira reflexão a fazer e os jogadores estão envolvidos e vão querer ganhar. E é já a partir de amanhã. Irei estar no campo, antes dos jogadores entrarem, em pé, no meu local de trabalho a bater-lhes palmas quando entrarem.
Que receção espera dos adeptos?
Os adeptos são livres de fazerem o que entendem. Importante é perceberem que quanto mais desligados estivermos, mais fortes estarão os nossos adversários. O Benfica unido é muito forte e têm de sentir o poder do Benfica.
O que é o que leva a acreditar que tudo pode mudar de ontem para hoje?
Porque há momentos nas organizações e na nossa vida que nos fazem refletir, pensar, mudar… É preciso haver uma tempestade para as coisas mudarem. Sinto essa energia. Temos cumprido o que me trouxe para o Benfica. Vamos continuar a ganhar, os jogadores estão imbuídos nesse espírito e eu senti isso. A dedicação, a disponibilidade e a abnegação são fortes.
Recebeu uma oferta de outro clube? A hipótese de receber indemnização esteve sempre descartada?
Isso é irrelevante. Nunca disse que contactos e convites tinha. Não é a questão financeira que me liga ao Benfica. Não vou dizer que clubes me queriam ou contactaram. Isto está rico em relação ao que se passou ontem. Amanhã vamos encontrar uma equipa organizada, com um bom treinador, equipa que vai complicar. O Feirense vem de um bom resultado e temos de estar fortes.
O presidente disse que iria treinar o Benfica até ao final da época. Foi vetado por elementos com quem trabalha, inclusive Tiago Pinto, que ficou perplexo. Não se sente um condenado a quem entregaram uma prenda envenenada?
Não sei se ficou perplexo. Não tenho essa informação. Em relação ao diretor-geral, estamos perante um profissional de grande categoria e qualidade. Se o Benfica o mantiver nos seus quadros, tem o trabalho garantido. A vida de treinador é isto. A equipa está envolvida nos objetivos.
Que mudanças é que vai fazer?
Não vou especificar. Há um conjunto de mudanças. Não é que não sejamos rigorosos e exigentes, mas temos de ser mais. Temos de estar mais fechados e mais unidos. Uma mudança operacional: para o jogo de amanhã [sábado] são 18 convocados. Não vão 20 ou 21.
O que acha que motivou o presidente a tomar essa decisão? Considera que há aqui um paralelismo com Jorge Jesus?
Em relação à decisão, é típico no presidente. A decisão foi conjunta, numa reunião entre os dois. Olhámos e vimos que era a melhor solução. Paralelismos? Não me conduzo pelo passado. Olho para a frente e vejo que estamos em quatro competições. Estou envolvido no projeto até à sua raiz e não vou abandonar.
Plantel muda em janeiro?
É possível que haja mudanças em janeiro. Não vou dizer quem entra ou sai. Mas pode haver saídas.

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