"O fim do ano é normalmente uma altura propícia a balanços e Luís Filipe Vieira, a passar pelo momento menos confortável em quinze anos de presidência, deverá avaliar as circunstâncias que levaram o Benfica a estar distante do que devia, no âmbito desportivo, e a viver sob acosso, no campo judicial.
Quanto ao segundo, hoje ficar-se-á, finalmente, a saber se a SAD irá ou não a julgamento no caso e-toupeira. Sendo que a presunção de inocência é um direito inalienável, a decisão da juíza de instrução valerá sobretudo pela percepção que será criada e pelas ondas de choque num espaço mediático que o Benfica domina mal.
Do primeiro, vários considerandos serão válidos, nomeadamente sobre a política de contratações (quem avaliou Ferreyra e Castillo, cujos contratos oneram o clube em 40 milhões de euros e qual a explicação do treinador para não contar com eles? Quem decidiu emprestar Jiménez ao Wolverhampton?); sobre o longo processo de fragilização de Rui Vitória, cozinhado em lume brando pela entrada em cena, sem desmentidos oficiais ou oficiosos, do nome de Jorge Jesus; sobre a medíocre qualidade do futebol que vem a ser praticado; e, ao dia de hoje, sobre a transcendente importância do jogo de domingo, com o SC Braga.
É certo que Rui Vitória pode brandir os seis triunfos consecutivos que obteve desde que ressuscitou para o cargo de treinador do Benfica. Mas ninguém terá dúvidas de que o técnico encarnado vive sob tolerância zero e nunca terá dependido tanto de um só jogo como depende do que acontecer nos noventa minutos do próximo domingo, frente aos arsenalistas."
José Manuel Delgado, in A Bola
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