"A curiosidade maior vem da prova de que uma chicotada psicológica numa equipa de futebol não precisa, necessariamente, de uma mudança de treinador. Basta uma mudança de rotinas, um agitar de águas, uma demonstração cabal da absoluta necessidade de diferença.
Não raras vezes, a chamada chicotada psicológica ocorre quando se muda de treinador. É a solução habitual para problemas que precisam de uma resolução mais drástica. Muitas vezes, o presidente do clube tem vontade de mudar todos os jogadores da equipa, mas sendo, tal hipótese, uma impossibilidade prática, decide mudar de treinador. Não porque o treinador que vem, mas porque a mudança, em si mesma, é um catalisador psicológico, um estremeção na quietude de um grupo que não valida a urgência de mudar de atitude e de ajudar a encontrar uma saída para o beco estreito.
O jogo do Benfica com o Feirense era, mais do que um jogo, um desafio e um comprometimento da equipa do Benfica com o futuro. Estava em jogo a força e a credibilidade do presidente e a liderança do treinador. A resposta dos jogadores foi conclusiva: queremos escrever o obituário da crise.
Vieira respirou fundo, Rui Vitória suspirou de alívio. Claro que poderia apanhar um avião para qualquer outro lado, mas, manifestamente, não era isso que queria. E, assim, Vieira pode manter acesa a luz que lhe apareceu e manter em aberto duas excelentes hipóteses de sobrevivência. Ou a coisa corre bem com Vitória e saí em ombros pela porta grande, ou não corre assim tão bem, mas ganha tempo para lançar o plano B com Jorge Jesus."
Vítor Serpa, in A Bola
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