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sábado, 5 de janeiro de 2019
E AGORA, TEMOS FERRARI OU NÃO?
João Félix foi lançado para o campo quando faltava um quarto de hora para terminar o jogo do Benfica com o Portimonense. O resultado cifrava-se num dois-a-zero a favor da equipa nipónica-algarvia. Perante as circunstâncias, caberia a João Félix a tarefa de provar a sua qualidade assinando um hat trick que conduzisse o Benfica à vitória. Isto se a mais nenhum dos seus companheiros lhe desse para reproduzir os anteriores lapsos de Rúben Dias e de Jardel naqueles instantes fatídicos em que bateram o estupefacto Odisseas Vlachodimos. Assim não aconteceu. Nem nenhum jogador do Benfica voltou a marcar na sua própria baliza nem João Félix conseguiu apontar um golo que se visse em Portimão. Mal por mal, antes assim.
Rui Vitória que ao serviço do Benfica ganhou 2 Campeonatos Nacionais, 2 Supertaças, , 1 Taça de Portugal e 1 Taça da Liga, não saiu pela porta grande como o seu currículo só por si o exigiria. Saiu pela porta pequena e não está isento de responsabilidades neste final a todos os títulos infeliz. Para o presidente da Associação Nacional de Treinadores, José Pereira, Rui Vitória acabou por sair do Benfica porque por portas travessas, não teve mãos nem, sobretudo, voz para lidar com a transformação do "Ferrari" que herdou num carrinho utilitário de cilindrada média. Pereira em declarações à Rádio Renascença, apontou culpas à SAD da Luz por ter criado a ilusão de que o "plantel" - palavra mais feia não há - construído para atacar a época corrente chegava e sobrava. É evidente que o presidente da Associação Nacional de Treinadores, não abdicando da solidariedade corporativa, o que só lhe fica bem, não se expressou exatamente com estas palavras, optando por um discurso de caráter generalista e indiferenciado. Mas foi precisamente isto que quis dizer - que andaram de facto, todos enganados.
Se foi aquilo que quis dizer, foi isto o que José Pereira disse à RR: "Esta situação resulta da ineficácia das direções e dos presidentes dos clubes, que não planificam as épocas de acordo com as suas aspirações e necessidades. É fácil fazer uma apreciação aos plantéis e verificar que uns beneficiaram mais com as contratações do que outros e, às vezes, os treinadores não são os responsáveis pelos reforços nas equipas. Há uma influência acentuada dos empresários dos clubes que, por vezes, não se coaduna com as ideias do treinador.". Eis um discurso marcado pelo dever da diplomacia.
O futuro vai agora trazer ao Benfica um treinador provisório a quem sucederá um treinador não-provisório - o que é uma contradição de termos porque não há nada mais provisório do que o trabalho de um treinador. Mas o futuro dirá quem tem razão, José Pereira, a SAD do Benfica ou os adeptos, que são quem sempre sofre mais nestes transes. Temos Ferrari ou não temos? - é a questão.
Leonor Pinhão
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