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sexta-feira, 29 de março de 2019

"ISTO NÃO É PRESSÃO, É MOTIVAÇÃO"


FUTEBOL
No lançamento da receção ao Tondela, o treinador explicou o estado de espírito do Benfica, líder da Liga NOS, perante as oito finais na competição que o aguardam.
Estar no comando da Liga NOS à entrada das derradeiras oito jornadas, depois da recuperação de terreno empreendida nos últimos quase três meses da competição, é uma "oportunidade única" para o Benfica, que luta desde o primeiro segundo pela Reconquista. É assim que o treinador Bruno Lage lê a realidade.
"Temos de estar no nosso melhor", vincou o técnico das águias em conferência de Imprensa no Caixa Futebol Campus, perspetivando a primeira das finais, com o Tondela (27.ª jornada da Liga NOS), marcada para as 20h30 de sábado no Estádio da Luz.
Como perspetiva este jogo do Benfica com o Tondela e também o seu reencontro com Pepa, treinador do adversário?
Falar do Tondela é começar exatamente pelo reencontro. Até estivemos juntos há pouco tempo porque tirámos o IV Nível na mesma altura. Olhar para a equipa e olhar para o Pepa é quase a mesma coisa. Estamos a falar de uma pessoa que perdeu a oportunidade de fazer uma grande carreira como jogador por vários motivos que ele ao longo da sua vida tem explicado. Depois, agarrou-se às oportunidades que a vida lhe deu. Há cerca de 10 anos, estava nesta casa enquanto treinador adjunto dos Iniciados e fez um percurso brilhante até chegar à I Liga. Esse é o espírito da equipa do Tondela: viver o dia a dia, o jogo a jogo e apresentar-se de peito aberto para agarrar as oportunidades. Vamos sentir isso, porque temos pela frente uma equipa que quer pontuar, está a lutar pela sobrevivência. E lembro-me que na época passada venceu no Estádio da Luz. Encaramos um adversário extremamente difícil pela sua organização, pelo momento que atravessa, a necessitar de pontos. Como sempre, temos de estar no nosso melhor para ganhar os três pontos.
Como está a condição física de João Félix, Seferovic e Jardel? Podem ser opções para o jogo com o Tondela?
Estão a 100 por cento e podem ser todos opção.
A recente paragem para jogos das seleções nacionais foi uma pausa abençoada?
Depende. Para alguns, sim, porque tivemos oportunidade de trabalhar com eles; para outros, nem tanto, porque estiveram fora ao serviço das seleções. O mais importante foi tentarmos recuperar algumas coisas que não temos oportunidade de treinar quando se joga de três em três dias. Também deu oportunidade para um ou outro descansar, recuperar e poder estar mais fresco para estes dois meses de competição que faltam. Foi também uma oportunidade para toda a gente treinar e mostrar serviço. Aproveito para recordar aquilo que foi um dia bonito, uma promessa nossa de abrir o treino, para que as pessoas pudessem ver essencialmente os jogadores. Era importante sentirem a nossa forma de trabalhar, mas acima disso estava a possibilidade de verem a dedicação e o empenho que todos os jogadores colocam no treino.
Fez depender de uma avaliação se Taarabt poderia ter condições de estar na primeira equipa do Benfica e ser opção para a reta final da temporada. Poderá ser útil e utilizado?

No tempo em que estive a treinar a equipa B e ele esteve comigo, vi sempre um indivíduo disposto a dar a volta à sua vida, porque realmente tem perdido imenso tempo. Tem 29 anos e uma carreira brilhante até determinado momento. Depois perdeu imenso tempo com total responsabilidade dele, e ele tem consciência disso. Senti-o a trabalhar diariamente com uma vontade enorme de reencontrar um caminho. Quando surgiu a oportunidade de vir para a equipa A por necessidade, por vezes treinava connosco e eu vi nele uma vontade enorme, dando continuidade ao trabalho feito durante seis meses. Vendo a forma como ele trabalhou, sentimos que tínhamos de dar uma oportunidade. A partir daqui, depende dele. Tem tido algum tempo de jogo na equipa B e as oportunidades dependem dos jogadores. Jogar na equipa A do Benfica é muito fácil, é preciso ter duas coisas: treinar a mil, com uma intensidade muito alta, e ter rendimento quando as oportunidades surgem. As oportunidades só dependem dos jogadores.
No sábado, será adepto do Braga tendo em conta o jogo desta equipa com o FC Porto e a importância que o resultado poderá vir a ter no Campeonato? Outra questão: visto que o Benfica vai defrontar o Sporting no dia 3 de abril na Taça de Portugal, este cenário poderá condicionar as suas escolhas para a partida com o Tondela?
A minha resposta é um duplo não. Adepto do Benfica, e foi a olhar para dentro e para o que podemos fazer em campo que chegámos a esta posição. É a nossa maneira de estar: jogo a jogo, temos três pontos muito importantes para conquistar com o Tondela. Depois disso teremos tempo de preparar o jogo seguinte.
Após a pausa para os desafios das seleções nacionais, o Benfica entra num ciclo de oito jogos até ao fim de abril. Como se gere o plantel do ponto de vista físico, numa altura em que estamos já muito próximos do fim da época e há jogadores com mais de 40 e 50 jogos?
Para explicar ao detalhe tínhamos de estar aqui duas horas. É muito importante, primeiro, perceber o que é um atleta de 20 anos, 25, 30, 35... Segunda condição: as lesões. É muito importante perceber que lesões têm, crónicas ou não, que podem complicar e colocá-los em risco. Por fim, o volume de treino. Temos a capacidade de perceber como é que eles recuperam e depois fazemos a nossa gestão. Durante estes três, quatro dias houve muito isto: a nossa dinâmica de por vezes começar um treino com 22 ou 23 jogadores e terminar com apenas 15 ou 16, porque a gestão é diária. Há dias em que uns terminam mais cedo, no dia seguinte são outros, e eventualmente um ou outro até pode começar mais tarde (é importante não gastar tanta energia, mas pode ser relevante trabalhar determinada situação com a equipa). A gestão é de dia a dia e muito individual, mas nunca abdicando das nossas ideias em termos coletivos. As coisas têm corrido muito bem, no nosso entender.
O Benfica tem pela frente oito finais no Campeonato. Como se gere a pressão de ter de vencer?
Esta posição que alcançámos é uma oportunidade única. Isto não é pressão, é motivação. A pressão que colocamos no nosso trabalho em querer fazer as coisas bem é a nossa maior pressão. Amanhã [sábado] é irmos para dentro de campo, conquistar os três pontos, jogar bem, proporcionar um bom espetáculo, porque recebemos com agrado que o Estádio vai estar lotado. A nossa pressão tem de ser essa: muito focados na tarefa, no que podemos fazer com e sem bola, chegar ao jogo e replicar o que fazemos diariamente no treino.
Samaris jogou pouco no primeiro semestre da época, mas em 2019 tem sido um dos jogadores preponderantes da equipa. Estando ele em final de contrato, pergunto-lhe: gostava de contar com este atleta na próxima época?
É o dia a dia. Não discuto o que aconteceu no passado. Samaris aproveitou a oportunidade e correspondeu. Conto com ele, com Fejsa e Florentino. São três jogadores que podem desempenhar essa posição na perfeição. Samaris também pode jogar como segundo médio (no lugar de Gabriel) e ainda pode ser uma solução como defesa-central, como já aconteceu. O que mais me preocupa é o momento.

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