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terça-feira, 2 de abril de 2019

ARBITRAGEM VIVEU UM SÁBADO NEGRO


"O presidente do Conselho de Arbitragem não tem por missão defender os árbitros mas defender a arbitragem. O que não é a mesma coisa...

A chegada ao futebol das ajudas tecnológicas aos árbitros, no sentido de minimizar os erros, teve efeitos vários e diversos: por exemplo, os adeptos, no estádio, não festejam da mesma maneira a entrada da bola na baliza, preferem aguardar pela confirmação do VAR para uma explosão de alegria ao retardador; os jogadores sabem que já não vale a pena o jogo subterrâneo que tantas vezes escapava a escrutínio das equipas de arbitragem e que, até, marcou uma era no futebol; e os árbitros viram esfumar-se a melhor das desculpas que tinham, a de que não tinham visto bem o lance.
Não creio subsistirem dúvidas da irreversibilidade do VAR e da sua extrema utilidade. O Mundial da Rússia teve arbitragem quase sempre perto da excelência e a Liga dos Campeões está a mostrar-nos uma significativa redução de erros. Mas, e aqui chegamos ao caso português, o que a tecnologia não consegue é transformar um mau árbitro num bom árbitro. Se o juiz de vídeo não percebe o jogo, usa mal as regras e não tem coragem para aplicar a lei, a única coisa que pode e deve ser feita é dar-lhe guia de marcha e convidá-lo a dedicar-se a outra actividade onde não cause danos ao futebol.
Depois de um fim de semana com jornada de selecções em que, pela ausência de VAR, Portugal se viu espoliado de duas grandes penalidades claras, o campeonato nacional regressou com um sábado negro para a arbitragem, em que houve incompetência, falta de bom senso e cobardia. E, na maior parte dos casos, o mal maior não esteve no árbitro de campo mas em quem, sentado na Cidade do Futebol, mostrou uma inépcia indesculpável. Sejamos absolutamente claros: se Manuel Mota, em Chaves, sofreu bloqueio quando foi ver as imagens e mesmo assim expulsou Ristovski, nada desculpa o VAR na grande penalidade cometida por Acuña sobre Paulinho (VAR, Vasco Santos); em Braga (VAR, António Nobre e P. Martins), o penálti não assinalado de Corona sobre Wilson Eduardo, aos 88 minutos, foi uma facada nas costas na verdade desportiva; e na Luz (VAR, Hélder Malheiro e Bruno Jesus) a grande penalidade cometida por João Pedro sobre Samaris, vista com clareza cristalina na televisão, devia dar despedimento com justa causa a quem tanto maltratou o futebol. Se um árbitro vê um lance daqueles e não age em conformidade, não merece outra cosia que não seja a porta da rua.

Ás
Haris Seferovic
internacional suíço, melhor marcador da Liga, regressou de lesão e não se sentiu afectado ou diminuído por ir para o banco. Quando chegou a hora de entrar, trabalhou como o mais humilde dos operários e tanto porfiou que matou caça, finalizando com um belo golpe de cabeça um cruzamento preciso de Grimaldo.

Ás
Marco Silva
O Everton de Marco Silva parece estar a ganhar a consistência que lhe faltava e está na corrida pelo sétimo lugar da Premier League, um objectivo para os 14 clubes que não são City, Liverpool, United, Tottenham, Arsenal ou Chelsea. No sábado, a equipa de Marco venceu o West Ham, em Londres, com clareza.

Duque
Sebastian Vettel
que se passou com o piloto alemão, muito afastado das perfomances sem mácula que o fizeram chegar ao tetracampeonato na Fórmula 1? Ontem, no Barém, desconcertante e errático, voltou a ser superado por um afinadíssimo Hamilton, que teria ainda tempo para vencer uma corrida com dobradinha Mercedes...

O coelho que comeu a cartola do mágico...
«Com a entrada de Seferovic, e depois de Taarbat e Jota, procurámos criar dificuldades ao Tondela para que baixasse o bloco»
Bruno Lage, treinador do Benfica
sucesso de Bruno Lage no Benfica deveu-se fundamentalmente ao regresso dos encarnados a princípios de jogo que andavam esquecidos e à escolha criteriosa de peças que se encaixavam na perfeição. Lage não deve afastar-se destas premissas. Andar a tirar demasiados coelhos da cartola, como fez no sábado, é perigoso e um dia pode dar com ela cheia de buracos.

Civilização
A festa foi bonita, o Presidente da República marcou presença, Moçambique recebeu, além da ajuda financeira, mais uma prova de que mora no nosso coração, e foi batido o recorde de assistência num jogo de futebol feminino em Portugal. Tudo porque a FPF tomou a iniciativa, o Belenenses ajudou e o Benfica e o Sporting estiveram à altura das circunstâncias, comportando-se como rivais históricos que se respeitam. Para o futebol português, cuja imagem, por culpa dos dirigentes, anda pelas ruas da amargura, foi um raio de luz que iluminou as trevas.

A arte da sedução, na versão Mourinho
Descartado o regresso ao Real Madrid, Mourinho tem sabido manter viva a chama noutros mercados, alguns deles que nunca explorou, como a França, onde teve direito a manchete do 'L'Équipe', e a Alemanha, que fala insistentemente no nome do sadino para o Bayern. Não é em vão que lhe chamam 'The Special One'."

José Manuel Delgado, in A Bola

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