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sábado, 4 de maio de 2019
UM PENÁLTI DO TAMANHO DA TORRE DOS CLÉRIGOS
Se algum investigador de temas sociais perguntar a um adepto do Benfica ou do FC Porto ou do Sporting se prefere ver a sua equipa de sub-19 conquistar o título europeu do escalão ou se prefere ver ver a sua equipa principal ganhar o campeonato utilizando uma mão-cheia de miúdos provenientes da formação da casa, a resposta será breve e fulminante. "O que a gente quer é o campeonato!" E se o mesmo investigador perguntar a qualquer adepto dos trés grandes se prefere ser campeão nacional com jogadores contratados no exterior ou se prefere dispor de uma equipa com uma base de jogadores feitos na casa, uma equipa capaz de dar luta mas incapaz de ganhar o campeonato, a resposta seria, uma vez mais, telegráfica e letal:"O que a gente quer é o campeonato!". Vem esta conversa a propósito do título de campeã da Europa de sub-19 conquistado pela equipa do FC Porto no início da semana e que deu azo a uma espécie de campeonato de "comparações" entre a formação do Benfica, do FC Porto e do Sporting e respetivos resultados práticos. Houve jogadores e responsáveis do FC Porto, e também muitos comentadores afetos ao emblema, que, embalados pela vitória sobre o Chelsea na final em Nyon, proclamaram ser uma injustiça o fartote de palco mediático dado aos jogadores sub-19 do Benfica que, nestes últimos tempos, se afirmaram e afirmam na equipa principal da Luz quando, afinal, é o FC Porto o triunfador da UEFA Youth League. Sempre com o inimigo na mira, o próprio presidente do FC Porto aproveitou a boleia triunfal que lhe foi fornecida pelos seus sub-19 para, com juras de aposta na juventude, acalmar a dor dos adeptos portistas na semana em que viram o Benfica distanciar-se em dois curtos pontinhos no topo da tabela do campeonato. disse Pinto da Costa, discursando para os seus juniores e para o país que, "depois da conversa com Sérgio Conceição", não duvidava de que "a breve prazo alguns de vocês vão fazer parte dos quadros do FC Porto". Não demorou a responder-lhe o treinador que, refreando o ímpeto do do presidente, provou ser um homem de bom senso:"É preciso ter alguma calma". Conceição tem razão,. Se um investigador de temas sociais perguntasse a um adepto do FC Porto se trocava o título de sub-19 pelos trés pontos em Vila do Conde na semana passada, a resposta seria um sonoro"já". Tudo isto serve para concluir que cada golo, cada assistência, cada jogada mais ou menos mirabolante de João Félix ao serviço da equipa principal do Benfica é uma facada no rigor científico da formação do FC Porto. Félix marca muito, dá muito a marcar e obriga os adversários a cometerem faltas atrás de faltas. No último domingo, em Braga, o primeiro golo do Benfica surgiu de uma grande penalidade assinalada depois de Esgaio ter derrubado Félix na área proibida. O lance não teve nada de ridículo. Foi apenas um penálti do tamanho da Torre dos Clérigos.
Não adormeças, Benfica.
Leonor Pinhão
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