"Nenhuma dos grandes em Portugal vive um momento particularmente exuberante, mas é natural que as interrogações sobre as exibições e resultados do Benfica ganhem expressão superlativa. Porque se trata do campeão em título e, fundamentalmente, por ser aquele que apresenta o maior contraste exibicional e de resultados relativamente a 2018/2019. Bruno Lage não foi apenas mais um campeão pelas águias; foi alguém que em apenas meio ano inverteu um destino, transformando um conjunto de homens aparentemente sem rumo numa das equipas que melhor futebol praticou nos últimos largos anos em Portugal. Mas em mesmo um treinador tão consensual resiste às sombras. Porque, na verdade, passou a ter mais exigência no último verão: os benfiquistas passaram a vê-lo não apenas como um técnico mas também um dos principais responsáveis pela composição do plantel. Se há eventuais lacunas, é também a Lage que se aponta o dedo, algo tão natural como os (justos) elogios que recebeu ao longo do primeiro semestre de 2019. A estas questões acrescentaram-se outras como a fraca dinâmica entre avançados, a maior previsibilidade de movimentos de Pizzi e Rafa, as mudanças constantes no onze ou o afastamento de Samaris, jogador esquecido por Rui Vitória, o antecessor que há um ano, na mesma paragem de competição, era líder (mas com menos um ponto) e apresentava números globais ligeiramente superiores aos actuais. Eis o novo desafio de Lage: lutar contra o passado e voltar a surpreender os adversários. Se a tarefa é mais ou menos difícil do que aquela que lhe caiu no colo em Janeiro, só o tempo o dirá."
Fernando Urbano, in A Bola
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