O Benfica das outras provas
1. Samaris de volta (estranheza na sua escassa utilização esta época, porém entende-se depois de uma primeira parte de baixo nível), Jota com oportunidade para se afirmar (pouca utilização, precisa de tempo de maturação), RdT ainda a aperfeiçoar o seu desempenho com o intuito de ser solução para a Europa (mas de facto, a pouca simplicidade prejudica-o). Um retorno à competição conta um Vizela ambicioso mas consciente que defrontava o campeão nacional. Os primeiros minutos revelaram um Vizela agressivo sem bola e muito objectivo na transição ofensiva, alcançando o golo num fantástico remate de Samu. O Benfica acordou e foi conseguindo que o Vizela recuasse aos poucos no terreno, principalmente através da colocação da bola em zonas vitais na profundidade (corredores laterais), já que o Vizela fechara o espaço interior, não permitindo que a linha média do Benfica ligasse o jogo.
Um exercício de transições
2. Demasiadas oportunidades para os dois lados, nos primeiros 20 minutos de jogo. Ambas as equipas optaram por um jogo de aproveitamento constante, onde o Benfica, por estar em desvantagem, não tomou as melhores decisões, e o Vizela, bem organizado, explorou as falhas existentes na linha média (precedentes de acções incongruentes - como por exemplo o timing de pressão defensiva dos dois avançados). Aos 25' a expulsão de Ericson (duas faltas num espaço temporal de 8') foi crucial para o Benfica conseguir respirar de alívio, ainda precocemente no jogo. Quando se tem menos um elemento na equipa, os treinadores avaliam momentaneamente o que fazer, pois as opções vão-se esgotando com o tempo. Isto se Francis Cann, Diogo Ribeiro e Kiki Bondoso não se tivessem encarregado de expandir a resiliência por todos os seus colegas, surpreendendo constantemente nas transições rápidas para o ataque. O Benfica demorou a perceber que o espaço para atrair os adversários estava fora, e subsequentemente encaminhar o jogo para zonas interiores.
Solucionar para passar
3. O Vizela não mudou, já o Benfica alterou (saída de um médio defensivo para a entrada de avançado - Vinícius).O Vizela continuou fiel à sua estratégia, estabilizando e coordenando a sua linha defensiva de forma eficaz, retirando soluções de continuidade pelo espaço interior e levando o Benfica para fora. Desta forma, Samu e Evrard conseguiam recuperar a sua posição e auxiliavam no equilíbrio defensivo da equipa. O Benfica com RdT e Vinícius foi mais perigoso e na única falha de Matheus e Aidara o jogo ficou em igualdade, numa situação de cruzamento.
Após empate, discernimento
4. O Vizela caiu drasticamente em termos físicos, o que promoveu inúmeras sequências ofensivas do Benfica, umas mais elaboradas, outras mais direccionadas. A incapacidade para responder face às dificuldades (com menos um jogador desde muito cedo) levou o Vizela a cometer um dos maiores riscos defensivos (linha defensiva acima do expectável para o contexto situacional emergente) quando se joga com equipas de um elevado nível. Quando a equipa mais forte está em vantagem numérica é usual possuir mais situações de bola aberta, ou seja, a definição do jogador não apresenta constrangimentos, tal como aconteceu com Caio Lucas, assistindo Vinícius para o segundo golo do Benfica, que valeu a vitória na eliminatória. O controlo emocional determina a qualidade para avaliar e decidir sob pressão, quer nos jogadores quer nos treinadores. Parabéns ao Vizela pela imagem que deixou do Campeonato de Portugal. O Benfica terá que demonstrar mais para ter na Europa o sucesso que todos os portugueses esperam."
Hugo Falcão, in A Bola
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