"A competência dos treinadores portugueses de futebol é reconhecida pelo mundo fora e muita água passou já por baixo das pontes desde os tempos em que Artur Jorge (França), Manuel José (Egipto) e Henrique Calisto (Vietname) começaram a abrir portas fora de portas (sem esquecer a importância histórica do efeito Mourinho). Hoje há centenas de técnicos lusos a ensinar futebol lá por fora e é gratificante, a propósito do retumbante sucesso de Jesus no Brasil, verificar que Caixinha é nome de referência no México, Queiroz comanda a poderosa Colômbia, Rui Vitória é campeão da Arábia Saudita, Paulo Bento levou a Coreia do Sul à vitória na Taça do Este Asiático, Vítor Pereira já venceu o campeonato da China, Rui Águas treina Cabo Verde, Horácio Gonçalves venceu o Moçambola, Pedro Martins ou Abel Ferreira, um deles será campeão da Grécia, Luís Castro conquistará o título ucraniano, Villas Boas, Sousa e Jardim são respeitados em França, Fonseca ganha créditos em Roma, Nuno Espírito Santo é obreiro de um milagre em Wolverhampton e o special one dá cartas de novo, agora no Tottenham.
E como chegámos aqui? Por um lado, tendo a humildade de aprender com quem sabia mais do que nós (de Siska a Biri, de Szabo a Riera, de Scopelli a Guttmann, de Alisson a Hagan, de Otto a Eriksson); por outro, através de um rigoroso (por vezes até de mais...) processo de aquisição de competências. A estas duas vertentes adicionámos também uma muito portuguesa capacidade de adaptação a novos ambientes e culturas. Daqui para a frente, o único risco sério que corremos é o de pensarmos que já não precisamos de aprender mais nada com ninguém. Porque uma das grandes verdades da vida é traduzida pelo postulado, «quando mais sei, mais sei que menos sei»."
José Manuel Delgado, in A Bola
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