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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

VARANDAS CONTRA UM ESTADO PASSIVO


"Escumalha, foi o termo escolhido por Frederico Varandas para caracterizar aqueles que esperaram a chegada da equipa do Sporting a S. Miguel para ofenderem os jogadores e gritarem a grave provocação: «Alcochete sempre», perante polícias impávidos, com as mãos atrás das costas.
O presidente do Sporting lembrou, e bem, que se tratava de um apelo público à violência e à defesa de uma acção criminosa que, aliás, está a ser julgada em tribunal. E na sua declaração, legitimamente indignada, Varandas levantou a questão essencial, quando afirmou que este não é, apenas, um problema do Sporting, mas um problema da sociedade portuguesa, embora o Governo, apesar do discurso político de circunstância e da criação de uma, até agora, pasmada Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto continue a ser, mais do que tolerante, preocupantemente passivo.
Frederico Varandas pode ser acusado de eventuais erros na gestão do clube e do seu futebol profissional, mas é verdade que tem demonstrado coragem e tem sido firme na luta contra a marginalidade e a violência no futebol português, afrontando directamente sectores muito problemáticos das claques organizadas do Sporting. E tem razão quando lembra que este não pode ser visto como um problema particular, que competirá, apenas e só, ao Sporting resolver. Por isso tem vindo a pedir insistentemente atenção e acção do Estado. Cego, surdo e mudo, o Estado e as suas muitas organizações, às quais compete a segurança dos cidadãos e a defesa dos valores fundadores de um regime democrático, não tem dado a resposta que se exige."

Vítor Serpa, in A Bola

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