"1. Diz-se que os futebolistas são por natureza egoístas porque a concorrência é muita e a carreira curta. Um ano a mais ou a menos no clube certo e o contrato certo poderão fazer toda a diferença no futuro. Daí a importância de determinadas decisões dos treinadores relativamente ao jogador X ou Y e que gerem sentimento de gratidão eterna. Recordo um exemplo: em 2013, Jesualdo Ferreira era o treinador do SC Braga e teve de tomar uma opção - ou aceitava a entrada de Luis Fariña, uma daquelas habituais contratações do Benfica para depois emprestar, ou apostava num miúdo contratado ao Feirense chamado Rafa. Optou, o actual técnico do Santos (um dos homens que mais sabem de futebol em Portugal) pelo português.
2. Os jogadores que depois se transformam em treinadores, como é o caso de João Pedro Sousa (carreira modesta, mas futebolistas durante mais de uma década) aprendem a observar o futebol de forma holística e há decisões individuais que são autênticos momentos eureka: tivesse continuado na equipa técnica de Marco Silva e poderia estar hoje sem clube em vez de dirigir o terceiro classificado da Liga ao final da primeira volta. Notável Famalicão.
3. Os adeptos também decidem e na última semana assistimos à mudança de presidente no V. Setúbal (e haver cinco candidatos é sinal de vitalidade em qualquer clube), numas eleições marcadas, também por distúrbios. Coisa normal, dirão uns (porque acontece noutras casas bem maiores), porque o futebol em Portugal é casado com as várias formas de violência. A mãe de todas as decisões teria mesmo de ser supra, numa lógica de tornar a Liga uma competição, moderna e apelativa do ponto de vista dos valores."
Fernando Urbano, in A Bola
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