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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

CALENDARIZAÇÃO, MELHORAR É PRECISO


"Com serenidade, sem dramas nem insultos, há que concluir que a calendarização do futebol português deixou, esta época, muito a desejar, interrupções da Liga que obrigam os adeptos a um esforço de memória para recordarem o estado da classificação; horários que não servem o futebol, apenas agradando aos operadores televisivos; e, mais recentemente, esta jornada dupla dos quartos-de-final da Taça de Portugal (FC Porto-Varzim e Benfica-Rio Ave), encavalitada na ronda que fecha a primeira volta da Liga, por ser turno em cima da final four da Taça da Liga...
Para a temporada em curso não valerá a pena chorar mais sobre o leite derramado, mas já de olhos postos na próxima época fica a convicção de que é possível fazer bem melhor, de forma mais harmoniosa e equilibrada.
E enquanto não chega a centralização de direitos televisivos, instrumento de progresso em toda a parte onde foi aplicada, Itália é o caso mais recente de sucesso retumbante (por cá, creio que vai sendo melhor continuarmos a esperar sentados...), talvez não fosse pior respeitar mais o espectador que vai ao estádio, que é a alma do jogo e não merece ser tratado com partidas a desoras, condições de segurança periclitantes e preços exorbitantes para um ordenado mínimo que é metade do praticado nos países dos big five (Espanha à parte, onde é apenas 30 por cento mais alto). A elitização, pela segregação económica, dos estádios é um perigo que não pode ser desvalorizado. Ninguém tem o direito de esquecer que o futebol é o que é a nível planetário pela forma como se afirmou, apaixonando as classes trabalhadoras no pós revolução industrial."

José Manuel Delgado, in A Bola

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