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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O ESTIGMA DO FATO DE TREINO


"Em conversa com uma pessoa amiga sobre educação física e desporto, fui chamado a atenção para o “estigma do fato de treino”. Alguns professores de educação física sentem-se diferentes por andarem de fato de treino no seu dia a dia nos estabelecimentos de ensino. Contaram-me também um episódio caricato: num almoço de convívio escolar um aluno cumprimentou todos os seus professores, excepto o professor de educação física. Chamado a atenção, o aluno disse que estava habituado a ver o professor de fato de treino, e não de outra forma, daí a dificuldade no reconhecimento do mesmo. Perante o fato, o professor em causa ficou muito aborrecido.
Que se deve este estigma? O ensino da educação física em Portugal, apesar das honrosas iniciativas, tardou a se generalizar. Foi desvalorizado! A disciplina e os professores foram considerados com um estatuto “periférico”, sobretudo em relação a outras disciplinas (português, matemática, história, físico-química, etc.). Muitos encaixaram socialmente ser os “parentes pobres” do ensino ou uma espécie de “segunda linha” de educadores. Quando alguém fala de educação física e desporto, não sendo da área, mas que estuda profundamente o fenómeno, muitos professores, que se consideram “herdeiros” da temática, chateiam-se e amuam. Outros, porque estão em lugares de poder, até impedem o alavancar de importantes iniciativas.
A criação de vários cursos na área da educação física e desporto, com ou sem qualidade, trouxeram uma divisão na classe e uma desorientação conceptual, metodológica e deontológica. A formação, no ensino superior (universitário e politécnico), tem dado origem a tensões e conflitos. Era importante fazer-se um estudo científico, procurando averiguar como os professores de educação física e desporto, de diferentes escolas de formação, são percepcionados pelos alunos, pelos professores de outros grupos disciplinares e por funcionários da escola."

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