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domingo, 1 de março de 2020

“PRESSÃO E AMBIÇÃO MÁXIMAS PARA VENCER”


FUTEBOL
Sem medo de perder ou de ganhar, o treinador benfiquista revelou o que norteia o Campeão Nacional para a primeira das 13 finais que faltam em 2019/20.
Bruno Lage anteviu o desafio da 23.ª jornada da Liga NOS, com o Moreirense, agendado para as 20h45 de segunda-feira no Estádio da Luz. O técnico perspetivou um jogo complicado, diante de "um adversário muito competente".
O treinador das águias revelou que Seferovic não está disponível fisicamente, garantiu que os problemas defensivos estão a ser trabalhados, afirmou que ainda não pode contar com Gabriel e esclareceu a situação de Samaris.
Ricardo Soares, treinador do Moreirense, disse na antevisão que não vinha à Luz jogar à defesa. Que adversário espera?
A carreira do Ricardo Soares tem sido feita dessa maneira. Conheço-o, esta época defrontámo-lo quando jogámos com o SC Covilhã [Taça da Liga], e naquela altura lutava pelos lugares cimeiros da II Liga. Espero um adversário muito competente a defender e a atacar. Nós também temos de ser competentes, temos de repetir o que fizemos no último jogo [Shakhtar] durante 60/70 minutos, em que fomos consistentes. A nossa atenção e motivação é olhar para as competições nacionais, para o Campeonato e fazer deste jogo uma final. Vencer, conseguir os três pontos e seguir na mesma posição.
No último jogo começou com Dyego Sousa no ataque e depois entraram Seferovic e Vinícius. Qual é que está mais fresco para jogar com o Moreirense?
O Seferovic está fora do jogo. Os outros dois estão em pé de igualdade. O Vinícius, para a Liga Europa, estava em risco em várias situações. É muito potente, temos trabalhado com ele, é um jovem que não estava habituado a trabalhar de uma determinada forma. Demora muito tempo a recuperar. Quando o tempo de recuperação é curto, temos de ter cuidado. Já o perdemos na época com uma lesão. Num mês em que a exigência foi sempre máxima com Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Liga Europa, fomos gerindo o Vinícius jogo a jogo. Avançou o Dyego Sousa porque está a trabalhar e a adaptar-se muito bem e fez o jogo que precisávamos.
Sente que o Benfica de hoje está mais pressionado para ganhar do que o Benfica do dia 8 de fevereiro [antes do clássico com o FC Porto]?
A pressão que coloco em mim é sempre máxima. Ainda agora ouviu que o treinador do Moreirense não vem jogar para defender. É o mesmo que o Benfica. Treinadores e jogadores têm uma pressão enorme, e a ambição de vencer o jogo seguinte tem de ser máxima.
Que erros estão identificados neste Benfica para poder melhorar? O facto de Ferro estar condicionado põe em causa essa melhoria?
A equipa aceita a crítica porque a nossa análise é constante. Os problemas estão identificados há muito tempo e estamos a trabalhar para os corrigir. Em determinados momentos não se notam tanto, mas o que é importante é sentir que trabalhamos diariamente para a equipa ser competente em cada jogo. Temos de melhorar a transição defensiva, temos de melhorar o nosso equilíbrio defensivo e a disputa nos duelos individuais. O Ferro está disponível.

Que comentário lhe merece o voto de confiança dado pelo Presidente Luís Filipe Vieira, que acredita na dobradinha?
Voto de confiança a quem? Eu e o Presidente falamos pessoalmente. Se não acreditasse na dobradinha, não estava aqui. Falamos pessoalmente, mas não lhe vou revelar as conversas privadas com o Presidente. Acredito, piamente, que temos condições para continuar a vencer.
O empresário de Weigl falou ao jornal "Record" e referiu que o jogador veio para construir jogo. Está satisfeito com o rendimento do jogador ou preferia que tivesse mais agressividade?
Conhecíamos o jogador. Fizemos uma análise exaustiva do que é a sua forma de jogar e, por isso, estou satisfeito. Tanto eu como o jogador queremos sempre mais.
Passado este tempo que decorreu sobre a ausência de Gabriel, há sinais de que possa regressar ainda esta época?
É uma questão que acompanhamos diariamente. Ele está cá, vem todos os dias trabalhar para evoluir, para que se ultrapasse o problema o mais rápido possível, mas ainda não está disponível para jogo. Não podemos antecipar, temos de ir vivendo dia a dia.
"Samaris e mais 10!"
E a situação de Samaris? Que comentário lhe merece?
É importante falarmos sobre o facto de estarem a pôr em causa a não utilização regular do jogador, apesar de eu ter defendido que é sempre a minha opção. Começámos a época com Florentino e Gabriel para, na minha opinião, dar construção, agressividade e equilíbrio defensivo. Começámos bem porque vencemos a Supertaça [5-0 ao Sporting]. No final desse jogo, o Gabriel lesionou-se. A primeira opção – porque nos tinha dado tanto na época passada – foi o Samaris. Primeira jornada com o Paços de Ferreira. Quem joga? Samaris. Segunda jornada com o Belenenses SAD. Quem joga? Samaris. Terceira jornada com o FC Porto. Quem joga e saiu ao intervalo para entrar o Taarabt? Samaris. Nesse jogo, o Adel [Taarabt] entrou bem, deu uma alegria e uma dinâmica que a equipa estava a precisar. Jogou bem, fomos a Braga, vencemos bem e o Adel foi considerado o melhor em campo. Florentino lesiona-se e o treinador tem de pensar e analisar. Entra Adel e Samaris ou, naquele momento, entra Fejsa? Um podia construir mais e o outro poderia dar um equilíbrio e uma transição defensiva mais forte. Um jogador que durante anos carregou esta equipa às costas, como foi o Fejsa... Optei pelo que achava mais lógico e justo.
É importante sentirem o reconhecimento que o Clube tem para com ele. No final da época passada – Samaris com 30 anos – o Clube renova quatro anos com o jogador. O reconhecimento e agradecimento que o treinador tem para com ele, porque ele e outros jogadores que entraram na equipa no último terço, quer o Ferro, quer o Florentino, quer o Seferovic, quer o João Félix, quer o Rafa, transformaram o Benfica para a Reconquista. O Samaris joga com o V. Guimarães, em nossa casa, para a Taça da Liga, num jogo que não lhe correu bem. Saiu aos 65 minutos para entrar Gabriel, que tinha vindo de lesão. Dois/três jogos depois faz o jogo com o Cova da Piedade [Taça de Portugal], porque sinto que temos de ter o Samaris a jogar. As outras opções estavam a jogar e estavam a corresponder, mas a todo o momento foram dadas oportunidades a Samaris: V. Guimarães na Taça da Liga, Cova da Piedade na Taça de Portugal e no dia 30 de outubro faz um grande jogo [4-0 ao Portimonense]. Já perspetivava porque, de todos os médios, é o que melhor joga quando enfrentamos uma linha de cinco defesas. Já era assim no passado.
Dois ou três dias depois ficou com gripe; ficou depois doente entre 19 e 21 de novembro. Vamos a Vizela [23 de novembro] e pergunto: "Samaris, como é?" E o Samaris respondeu: "Vamos a jogo!" Fez 45 minutos, talvez os piores que fez, porque vinha de doença. Quero que o Samaris tenha jogo, é importante para a equipa e é um jogador de equipa. Dias depois vamos para a Alemanha. Samaris apresenta uma lombalgia no dia 24, e no dia 25 uma dor de cabeça que o impede de jogar e de viajar. No dia 3 de dezembro vamos à Covilhã. Quem é que vai a jogo para ter minutos e para mostrar o que mostrou na época passada e com o Portimonense? O Samaris! O que quero é este Samaris, este Gabriel e este Florentino. Quero todos os jogadores no topo para, a qualquer momento, poder escolher o melhor onze. Jogou 60 minutos na Covilhã e foi substituído.
Depois – e vão concordar comigo – entre dezembro e janeiro fazemos dois meses fantásticos: 1-4 ao Boavista, 3-0 ao Zenit, 4-0 ao Famalicão, vencemos o SC Braga para a Taça de Portugal, fomos a Guimarães no início do ano, onde vencemos por 0-1, Aves, Rio Ave, Sporting e P. Ferreira... Foram dois meses fantásticos em que reinventei um meio-campo com Gabriel e Taarabt. Durante esses dois meses, Samaris esteve sempre connosco. Mesmo que, em determinado treino, tivesse uma dor de pescoço, tivesse uma dor de cabeça e vómito, tivesse uma lesão no tendão de Aquiles e eu tivesse de o tirar do treino. O Samaris esteve no banco porque preciso do jogador. Estão a fazer o mesmo que fizeram com o Jonas. Ele escreveu um livro e ficou tudo esclarecido. Não vai ser preciso o Samaris escrever um livro para entenderem isto. Acham que há algum problema entre o Samaris e o treinador? Coloco-o nos jogos e vocês – jornalistas – têm a informação. O boletim clínico é-vos fornecido. Que informação andam a passar aos nossos adeptos? O jogador está disponível, está aqui e entra quando é preciso para voltar a ser o Samaris que todos queremos. E ele está com a equipa. Quando é necessário jogar um minuto, vai lá para dentro e morre pela equipa. Não veem o mesmo que eu?
Sem dores e sem problemas, Samaris treina e joga muito bem com o Gil Vicente. Devido às alternâncias entre treinos e jogos, Samaris diz que não está fisicamente apto. As dores de costas, a cervical e o problema no tendão de Aquiles que se tem prolongado estão a limitá-lo. Diz-me que não está disponível para treinar, sente fadiga e diz-me que, num jogo tão importante para a equipa [Shakhtar], pode cometer um erro e comprometer. Pergunto se está disponível para estar no banco e para segurar o resultado caso esteja no 3-1. Ele responde: "Míster, e se um colega se lesiona aos 10 minutos? Eu não consigo fazer os 80 minutos." Tive de tomar uma decisão. Antes do jogo, perguntam-me pelo Samaris e respondi que não estava disponível. Nenhum jornalista ouviu a minha resposta à SIC? Ninguém vê a SIC? Jogámos às 20h00 de quinta-feira, no dia seguinte treinámos de manhã e ele esteve muito bem, num treino de muita intensidade. Ontem [sábado] a mesma coisa, hoje [domingo] a mesma coisa. Está animado, feliz. Querem capas de jornais? Amanhã [segunda-feira] é Samaris e mais 10.

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