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quinta-feira, 7 de maio de 2020

DOMINGO DE CARNAVAL EM MAIO!


"A festa do Campeonato de 1970/71: cabeçudos a jogar à bola no relvado, jogadores sem camisola e duas invasões de campo.

18.º título nacional do Benfica ficou assegurado na penúltima jornada, na Póvoa do Varzim, mas só no Domingo seguinte, na Luz, poderia erguer-se o 'caneco'. Nesse derradeiro jogo o resultado era o que menos interessava, o Campeonato estava assegurado. Porém, ainda havia uma boa dose de emoção para ser vivida. É que Artur Jorge arriscava-se a conquistar a sua primeira Bola de Prata! Precisava de marcar apenas dois golos. Fácil.


Os momentos de folia sucederam-se no relvado antes da entrada da equipa: bandas filarmónicas, fanfarras, até um desfile de seis cabeçudos de figuras ilustres do Clube, entre eles Eusébio, que 'constituíram um excelente, número de alegria'. Até deram toques na bola!
Quando a equipa entrou no relvado atingiu-se o delírio. Os foguetes sucediam-se por todo o Estádio e as bancadas encheram-se de serpentinas. 'Era a continuação do «Carnaval» começado uma semana antes'. Aos oito minutos da primeira golo do Benfica saía dos pés de Eusébio. Aos 16 outro, desta vez de Nené. Artur Jorge foi muito solicitado, todos queriam ajudar o companheiro a conquistar o lugar de melhor marcador, passando-lhe constantemente a bola para os pés. Nervoso, falhou várias oportunidades.


Na segunda parte, a equipa entrou em campo com camisolas velhas. Como se previa uma invasão de campo no final, trocaram de equipamento, pois não queriam que as camisolas novas fossem rasgadas ou parar a parte incerta. Mal sabiam que a invasão chegaria antes do final.
Artur Jorge inicia a segunda parte mais confiante e focado no seu objectivo. A oito minutos do fim marca e faz o 4-1. O público fica ao rubro. Aos 89 dispara novamente e faz o 5-1. Acabara de se sagrar o melhor marcador do Campeonato Nacional naquela época. O público não se conteve e... invadiu o campo para congratular o jogador que, sem perceber como, depressa ficou sem camisola. Os companheiros fugiram para o balneário e só saíram quando os adeptos estavam fora do rectângulo, encostados às linhas laterais. O jogo podia prosseguir, mas não por muito tempo. Logo que o apito soou, o verde da relva foi substituído, novamente, por um gigantesco caudal humano. Agora sim a festa podia começar o terreno e muitas arrancaram pedaços de relva para levar para casa.
Podem saber mais acerca dos títulos nacionais conquistados pelo Clube na área 6 - Campeões Sempre, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Furtado, in O Benfica

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