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segunda-feira, 15 de junho de 2020

BRUNO LAGE | 5 NOMES PARA UMA INEVITÁVEL SUCESSÃO

"“Há muita especulação, mas o que posso garantir é que só pensamos em ser campeões e que vamos lutar por isso até à última. Independentemente disso, Bruno Lage será treinador do Benfica na próxima época”. Palavra do Senhor Luís Filipe Vieira. Palavra que se tem desvalorizado imensamente nos últimos anos, sobretudo após o “caso da luz” (não o estádio, nem a praia algarvia de onde desapareceu Maddie. Mas sim a “luz” que Vieira havia visto, calculo que imediatamente antes de avistar o Pai Natal num cavalo alado com a cara de Eusébio – o cavalo, não o Pai Natal-, quando manteve Rui Vitória).
Não conheço o grau de confiança com que o (ainda) presidente do Sport Lisboa e Benfica atirou a frase de abertura deste texto, mas tenho a máxima certeza de que essa confiança desceu a pique… e regista agora níveis mínimos históricos. Se assim não for, num momento em que a equipa encarnada soma apenas uma vitória em 10 jogos, algo está muito mal.
Assim, e apesar de acreditar que o mais provável é Bruno Lage demitir-se em vez de ser demitido, a saída do técnico setubalense é quase certa. Como tal, aceitei o risco de me precipitar e elaborei uma lista de cinco treinadores que gostava de que viessem a suceder a Bruno Lage.

1. Leonardo Jardim – Qualidade, profissionalismo, disponibilidade. Leonardo Jardim possui, comprovadamente, todas estas características. Revelou-as sempre nos clubes que representou, da AD Camacha à AS Monaco, apesar dos poucos títulos conquistados (quatro: Ligue 1, Liga Grega, Segunda Liga Portuguesa e Taça da Grécia).
Antes das cinco épocas e meia em que esteve ao serviço dos monegascos, Jardim representou, sempre por uma época, o SC Braga, o Olympiacos e o Sporting CP, levando os arsenalistas a um terceiro lugar, os gregos ao título e os leões ao segundo lugar no primeiro campeonato do tetra benfiquista. 
Em França, mostrou ser capaz de travar equipas poderosas, conquistando o campeonato em que habita o PSG e alcançando as meias-finais da Liga dos Campeões na mesma época (16/17), ao leme de uma equipa com uma média de idades de… 24 anos. Nessa temporada de sucesso, Leonardo Jardim apostou em Mbappé (18 anos), Lemar (21 anos), Bernardo Silva (22 anos), Mendy (22 anos), entre outros jovens.
Como tal, apostar na juventude e ainda assim mostrar resultados não é um problema para o técnico luso, que já em Portugal, ao serviço do Sporting CP, havia apostado em jovens como Eric Dier, Cédric Soares, Marcos Rojo, Carlos Mané, João Mário, entre outros.
Com 45 anos e desempregado, Jardim quererá por certo alterar essa situação. A idade vai alterá-la no primeiro dia de Agosto, quando lhe adicionar um ano. Quanto a um novo clube…

2. Jorge Jesus – Não há muito a dizer nesta página. No que respeita à decisão de contratar um treinador, há três grandes cenários: um tiro certeiro, um tiro no pé ou um tiro no escuro. Jorge Jesus seria clara e indubitavelmente um tiro certeiro. Nas seis épocas em que representou o SL Benfica, venceu três campeonatos, levou a equipa a duas consecutivas finais da Liga Europa e devolveu o futebol de qualidade, o prestígio e o reconhecimento ao clube, que, antes da “Era Jesus”, havia conquistado apenas duas ligas em 18 épocas e havia visto o FC Porto ser tetra e penta-campeão.
Na sua já longa carreira, Jorge Jesus disputou cinco finais internacionais: venceu a Taça Intertoto pelo SC Braga e a Copa Libertadores pelo CR Flamengo e perdeu duas Liga Europa pelo SL Benfica e o Mundial de Clubes pelo clube carioca. Soma 18 títulos e é sobejamente considerado um dos melhores do Mundo na sua profissão.
Num momento em que a aposta na formação parece estar em stand-by e a aposta no mercado externo parece ser a preferência dos encarnados (na última partida, as águias começaram com um jogador da formação e acabaram com três, sendo que os dois que entraram vieram substituir titulares lesionados), Jorge Jesus seria uma escolha fantástica para assumir a equipa.
Contudo, a recente renovação com o CR Flamengo dificulta o seu regresso às águias.
É por isso que a minha primeira escolha é…

3. Renato Paiva – Janeiro de 2019. Rui Vitória não vence em Portimão num jogo em que o SL Benfica sofre dois golos, e abandona os encarnados no seguimento dessa partida. O então técnico da equipa B, Bruno Lage, assume de imediato o comando da equipa principal e estreia-se no jogo seguinte, frente ao Rio Ave FC. 
 Agora imaginem como o seguinte seria épico…
Junho de 2020. Bruno Lage não vence em Portimão num jogo em que o SL Benfica sofre dois golos, e abandona os encarnados no seguimento desse jogo. O então técnico da equipa B, Renato Paiva, assume de imediato o comando da equipa principal e estreia-se no jogo seguinte, frente ao Rio Ave FC.
Não, não queria Renato Paiva no comando técnico do SL Benfica só para efeitos de epopeia camoniana. Queria Renato Paiva ao leme da principal equipa por já ter demonstrado a sua qualidade. O albicastrense leva toda uma vida profissional ao serviço dos encarnados, grande parte dela passada a trabalhar com os juvenis (sub-17) do clube da Luz.
Nas seis épocas como técnico dos sub-17 A encarnados, Paiva conquistou três Nacionais de juvenis. As suas equipas revelaram sempre qualidade técnica e táctica, maturidade e mentalidade vencedora. Subjacente a tudo isso, está o trabalho notável do treinador de 50 anos, capaz de tornar grupos (diferentes de ano para ano) de jovens de 16/17 anos numa máquina bem oleada, elogiada em todos os torneios internacionais em que participava (em especial na Alkass International Cup 2018).
Ao serviço da equipa B, soma apenas 17 vitórias em 46 jogos. No entanto, creio que Renato Paiva já fez por merecer uma oportunidade. A médio/longo prazo, é difícil prever o que aconteceria, mas, a curto prazo, seria previsível que Paiva tivesse um impacto semelhante ao de Lage em janeiro de 2019, apostando mais em mais jovens e dando à equipa a tão discutida “ideia de jogo” de que está despojada.

4. Luís Castro – O primeiro português da lista tem ligação contratual ao FC Shakhtar Donetsk e ligação histórica ao FC Porto, pelo que, eventualmente, seria complicado convencer Luís Castro a abandonar o projecto que abraçou na Ucrânia para voltar a Portugal e orientar o principal rival dos dragões.
Como comprovado pela eliminatória da Liga Europa, na qual as águias defrontaram os líderes do campeonato ucraniano, de momento, o FC Shakhtar Donetsk tem melhores condições desportivas e financeiras para oferecer ao técnico de 58 anos.
No entanto, caso a direcção liderada por Luís Filipe Vieira avançasse em força para a contratação do vila-realense, os argumentos históricos do clube da Luz, o tão badalado projecto e as opções que Luís Castro teria à disposição (no plantel e na formação) poderiam convencer o ex-Porto, ex-Rio Ave, ex-Chaves e ex-Vitória SC a assumir o leme do SL Benfica.
Num momento da história dos encarnados em que a formação é como a de poucos clubes no Mundo, seria certamente uma relação simbiótica de sucesso a estabelecida com Luís Castro. Isto relembrando que ele que foi coordenador da formação do FC Porto durante sete anos e treinador da equipa B portista por quatro épocas e meia, tendo mesmo conduzido os azuis-e-brancos à conquista da Segunda Liga.
Trata-se de uma hipótese algo remota, mas creio que seria uma aposta acertada. No entanto, três outros homens seguem na frente do meu field pessoal de apostas.

5. Laurent Blanc – O antigo internacional francês não conheceu, como treinador, outros ares que não os de França. Após uma carreira de “saltimbanco” como jogador, na qual passou por clubes como FC Barcelona, O. Marseille, FC Internazionale Milano e Manchester United FC, Laurent Blanc assentou praça em França e orientou o FC Girondins de Bordeaux, a seleção francesa e o Paris SG FC, sempre com relativo sucesso.
De sabática há quatro anos, o antigo defesa campeão europeu e mundial pela selecção gaulesa decidiu, por fim, contratar Jorge Mendes como seu agente, com o intuito de voltar ao activo. De acordo com notícias recentemente veiculadas, Franck Passi, que comandava o Chamois Niortais FC da Ligue 2, já comunicou a sua saída do clube gaulês, que, em comunicado, refere que “ele deu a sua palavra ao Laurent Blanc para o acompanhar num projecto ambicioso desportivamente no verão”.
Tudo indica, assim, que o treinador que somou 236 vitórias em 363 jogos como técnico principal (percentagem de vitórias de 65%) tem já delineado um projecto. Ainda assim, se as águias decidissem apostar todas as fichas na qualidade e na experiência de clube grande do técnico francês, a ligação do mesmo a Jorge Mendes poderia facilitar o processo.
Ainda que não seja apologista da contratação de treinadores estrangeiros, dada a qualidade dos técnicos lusos, a ligação a Jorge Mendes, o estatuto de treinador livre e os três anos de PSG são factores que poderiam pesar a favor da escolha de Blanc como sucessor de Lage.
Todavia, seria preferível adquirir um técnico nacional, daí que (SPOILER ALERT) os restantes quatro nomes desta lista partilhem a nacionalidade portuguesa."

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