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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O NOSSO TEMPO

 


"Queira-se ou não, goste-se ou não, o futebol é hoje, em todo o mundo, e à semelhança de tantas outras, uma actividade fortemente mercantiliada, na qual o dinheiro dita quase todas as leis. Isto exige dos clubes uma abordagem predominantemente empresarial, que muitas vezes entra em choque com as emoções dos adeptos - parte deles saudosista de um outro futebol, e de um outro tempo cada vez mais remoto.

Por isso mesmo, é pura demagogia criticar as vendas de jogadores num clube como o Benfica, enquadrado num campeonato periférico, sem visibilidade e com parcas receitas, como se tal fosse de alguma forma evitável ou correspondesse apenas a um capricho dos dirigentes. De facto, temos uma má notícia: o Benfica vende e continuará a vender jogadores, pois disso depende o seu modelo de negócio - único possível no contexto português. Pior do que isso, venderá precisamente os melhores, pois são esses que têm mercado e garantem receitas substanciais, além de que são também os que sentem o apelo de propostas salariais milionárias, irrecusáveis e impossíveis de acompanhar.
Rúben Dias é apenas o caso mais recente, em negócio realizado por números impressionantes, sobretudo se tivermos em conta uma conjuntura de de pandemia. Todos gostamos do Rúben, e lamentamos vê-lo sair. Cresceu no Benfica, chegou à equipa principal, brilhou, conquistou títulos, e agora deixa uma fortuna nos cofres do clube. Resta-nos aceitar, agradecer-lhe, desejar que seja feliz, e esperar que um dia, dentro de alguns anos, depois de uma brilhante carreira internacional, possa regressar a uma casa que será sempre a sua."

Luís Fialho, in O Benfica

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