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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

PORQUE VOTO EM BRANCO?

 


"Acima de tudo, porque a alternativa que teima em surgir, não me conseguiu convencer. Vou tentar explicar de uma forma simples e clara.
Nunca votei em Luís Filipe Vieira, porque tenho uma coisa que se chama memória. Estive em 2000, na fila que começava onde é hoje o Colombo, para tirar Vale e Azevedo do caminho que se preparava para trilhar no nosso clube. E não tive problema nenhum em votar em Vilarinho, com esse objetivo.
3 anos depois, Luís Filipe Vieira é eleito para Presidente do Sport Lisboa e Benfica e nunca mais deixou o lugar. E nas sucessivas eleições, o voto foi sempre da mesma cor: o branco. No sentido em que não reconheço a Vieira a capacidade de liderar de forma clara e sustentada o clube, entrando sempre numa espiral de contraditório e de falta de coerência que me assusta, para quem gosta mesmo muito do clube (conforme ele diz).
Em 17 anos, o Benfica mudou e mudou muito. E mudou positivamente, no sentido em que se adaptou ao mundo do futebol moderno, tornando-se uma empresa no sentido de gerir um clube de futebol, mas muitas vezes, não conseguindo fazer a diferença entre vencer no campo ou vencer nas contas. Em 17 anos, é fácil encontrar coisas boas, mas também más, que são essenciais e fulcrais para fazer o clube crescer e aprender, mas houve alturas, muitas, onde nós próprios, os sócios, deixámos a onda passar e ir e não intervimos.
A questão da alteração de estatutos foi uma, os campeonatos pós-primeira passagem de Jesus ao FC Porto outra, as prestações na Champions League, mas acima de tudo, o discurso, fosse ele do Presidente, do CEO ou de outros elementos da direção do clube e da SAD saia sempre ao lado do que realmente acontecia.
E por isso, mas por muito mais, nomeadamente na questão do sócio Luis Filipe Vieira, ou na sua condição de Presidente do Alverca, ou em várias medidas e maneiras que tinha em Assembleias Gerais faziam e fazem com que nunca lhe tenha dado os meus votos. Não vou falar sequer de negócios que envolvem o Benfica e pessoas do Benfica e que implicaram e implicam com o atual funcionamento do clube.
20 anos depois, muitos vociferam pelas redes sociais que é necessário voltar a fazer o mesmo percurso de 2000 e tomar a mesma iniciativa de mudar de Presidente? Mas a custo do quê? Não vou sequer contar com Rui Gomes da Silva, quanto mais não seja pelo passado político, mas acima de tudo pelo tempo enquanto esteve na direção do clube e nas alturas em que deveria ter empregue o seu estatuto de benfiquista, nunca o fez, preferindo o desejo pessoal de continuar a aparecer e a ter tempo de antena, em vez de assegurar que o Benfica e o benfiquismo que tanto apregoa estavam bem entregues.
Não conto também com Bruno Costa Carvalho, que ao longo dos anos, consegue ser como aqueles galos que avistamos nos telhados de algumas casas, onde o vento o encaminha consoante a vontade.
E o movimento “Servir o Benfica” só veio demonstrar na minha opinião que a procura pelo destaque era a principal razão de ser de um ex-proclamado (ou ainda será) presidente de uma associação de adeptos benfiquistas, como se houvesse melhor associação de adeptos benfiquistas que o Sport Lisboa e Benfica.
Cingo-me portanto, à real alternativa que já existe desde Junho e que será a principal concorrente ao atual Presidente do Benfica: João Noronha Lopes.
Antes de mais, é bom ver que muitas figuras se associam ao senhor. É sinal de que o Benfica tem essa facilidade. A divergência de opiniões deveria ser a norma e não a exceção. E por isso, e isto é um desabafo meu, espanta-me que as AG do Benfica continuem sempre com o mesmo número de presenças, onde as grandes exceções são sempre derivadas dos resultados desportivos do clube, nomeadamente no futebol.
Noronha Lopes teve o condão de aparecer com gente que nada tem a ver com futebol, mas sim com o clube, mas pecou numa questão essencial: como convencer a massa crítica do Benfica e fazer ver que o clube é hoje outro, completamente diferente daquele de 2000 e que seria realmente a verdadeira alternativa.
Na minha opinião, João Noronha Lopes tem falhado na comunicação com os sócios do clube e nos discursos que tem para a opinião pública benfiquista. O discurso continua inócuo e cheio de “ses”, de olhar para o futuro e depois decidir, de frases feitas e de apoios mediáticos, mas longe de chegar à essência do que é ser benfiquista.
A 3 dias das eleições, Noronha Lopes e a sua equipa não me conseguem convencer a votar neles, apesar de estar farto de Vieira, de achar que realmente o fim de ciclo está aí e de que é necessária uma nova atitude, mas acima de tudo, estratégia para o clube.
Não é evocar que não há debates, não é evocar que o Presidente faz o que quer, não é evocar que não há democracia e que o clube volta a ser dos sócios. O clube foi sempre dos sócios. Mas se calhar, os sócios (e aí há também mea culpa) não souberam e / ou não sabem que têm realmente o poder na mão.
E isso implica estarem mais perto do clube, e não de 4 em 4 anos (ou quando levamos 5 do Basileia na Champions), implica estarem nas AG para votarem orçamentos, implica perguntarem ao Presidente e aos restantes sócios o que querem para o futuro do clube. Implica participarem na vida ativa do clube e não apenas de 15 em 15 dias (em tempos normais, sem COVID).
É com esta falta de convencimento que o meu voto irá ficar em branco, porque a real oposição do Benfica tinha tudo, mas tudo, para convencer uma franja de sócios do Benfica a votar neles, se apresentassem as ideias reais e não ideias no sentido lato.
E assim sendo, não é mudar por mudar. Não é tirar Vieira só porque sim. Podemos olhar para o Benfica do futuro com a expectativa do que aí vem (Superliga Europeia, afastamento da Liga Portuguesa das Big 5, diferença ainda maior ao nível financeiro para competir na Europa). Podemos, devemos e teremos de olhar para o Benfica como membro de um estado periférico da Europa, mas com o potencial de crescimento que tem na Europa toda, nos PALOP e nos Estados Unidos, e por isso, esperava mais do que palavras vãs de candidaturas, que mais parecem políticas, do que desportivas.
Reforço o que já escrevi no meu texto anterior: dia 31 de outubro, o Benfica continua. Nós continuamos. E teremos de olhar para esse dia, como o primeiro dia do futuro do clube. Só com esse sentido, o mesmo se fortalecerá e continuará enorme e glorioso, como tem sido. Viva o Sport Lisboa e Benfica! Viva o Glorioso!"

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