"De forma inédita na história, o Benfica foi o primeiro clube 'a nível mundial a poder orgulhar-se de ter uma sinfonia'.
Em 1992, Tony Britten fez um arranjo de 'Zadok the Priest' (1727), de Handel, para servir de hino para a UEFA Campions League. Nos palcos portugueses, a união entre o desporto e a música erudita veio a surgir no Coliseu dos Recreios quando, na noite de segunda-feira, 19 de Setembro de 2005, o maestro António Victorino d'Almeida regeu uma orquestra de 80 elementos para a estreia da sua primeira sinfonia, de nome 'Benfica'.
A orquestra foi criada de raiz pelo próprio maestro, que revelou que 'ninguém acreditava que fosse capaz' de o fazer. Ao criá-la, permitiu que todos os benfiquistas vencessem 'por 80-0'.
A obra resultou 'do amor que o maestro tem no Benfica', nas suas palavras, uma 'prodigiosa fábrica de sonhos bonitos que sempre foi e continuará a ser'. Aproveitando os 'cem anos de conquistas gloriosas', a inspiração adveio da conquista do Campeonato Nacional de 2004/05, para além de ser uma homenagem aos jogadores que, na véspera, tinham derrotado o União de Leiria por 4-0, na 4.ª jornada do Campeonato Nacional.
À estreia assistiram cerca de 900 pessoas, entre as quais os presidentes da câmara de Sintra e do Seixal. A representar o futebol benfiquista estiveram o director-geral, José Veiga, e o treinador, Ronald Koeman, cuja gravata verde arrancou exclamações!
Luís Filipe Vieira, presidente havia quase dois anos, compareceu acompanhando da mulher. Lendas do futebol como Eusébio, Artur Santos, José Henriques, Palmeiro Antunes, Shéu e José Augusto apareceram a relembrar, alegoricamente, que no relvado apresentaram 'grandes sinfonias por muitos palcos do Mundo', afirmação convergente com a definição do maestro sobre a obra, que 'representa, psicologicamente, uma ligação viva e a todos os títulos emotiva, a muito daquilo que o passado me deixou de melhor'.
A própria águia Vitória, acompanhada pelo tratador, 'adorou o espectáculo. Esteve muito atenta e relaxada com a música'. Chegando à barra dupla do último andamento, os presentes levantaram-se, aplaudindo entusiasticamente, gritando 'Benfica', acompanhados pelo maestro que tinha a águia no braço!
À sinfonia sucederam-se actuações da pianistas Ingebor Baldazti e de Carlos do Carmo, que interpretou obras de compositores benfiquistas como Fernando Tordo e Paulo de Carvalho. Esta celebração, entre o desporto e a cultura, relembrou a sua indissociabilidade e o valor de ambos ao serviço da sociedade.
Venha conhecer a contribuição do Clube na cultura portuguesa na área 16 - Outros Voos, no Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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