"Não há como confinar quando não se tem casa, nem como aquecer quando não se tem como. Este é seguramente o pensamento de muitas pessoas que, sem abrigo e sem calor, povoam as ruas de Lisboa nestas noites gélidas e nestes dias esvaziados de gente. A cidade está mais solitária e menos atenta aos mais frágeis e expostos a tudo, é certo. Cada um pensa mais em si e nos seus e olha menos à volta com olhos de empatia e vontade solidária. Mas, se nos dias se encolhem as gentes, tolhidas pelo frio, e nas noites se recolhe a maioria ao aconchego e segurança dos lares, também é certo que outros fazem percurso inverso, dia após dia, noite após noite, deixando casa e família para vaguear pela rua, levando comida, conforto, cuidados de saúde e companhia e centenas e centenas de lisboetas a quem a vida trocou as voltas. Falo, é claro, dos voluntários da Comunidade Vida e Paz, que anonimamente prestam um apoio humanitária insubstituível a um inestimável serviço à cidade.
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sábado, 23 de janeiro de 2021
DO FREIO SE FAZ CALOR
Na verdade, não podemos atravessar estes dias sem nos lembrarmos, uma e outra vez, da situação difícil que os sem-abrigo de Lisboa atravessam e sem reconhecermos o trabalho fantástico dos voluntários desta Comunidade. Mas somos Benfica, sentimos as dores do povo e identificamo-nos com ele. Sentimos e agimos porque é assim que somos desde que somos, há mais de um século. Deste modo, uma vz mais a Fundação Benfica resolveu apoiar de forma substancial a acção da Comunidade Vida e Paz nas ruas de Lisboa, entidade parceira com quem colaborarmos praticamente desde que o Sport Lisboa e Benfica instituiu a Fundação há doze anos. Desta vez a situação é grave e, como se costuma dizer, 'para grandes males, grandes remédios', por isso, oferecemos 450 kits conforto com sacos-cama, luvas e máscaras. Sabemos que, por seu intermédio, a mão solidária do Benfica chegará aos sem-abrigo, aquecendo-lhes o corpo com agasalhados e a alma com um enorme abraço de todos os befiquistas."
Jorge Miranda, in O Benfica
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