"Uma viagem atribulada, com incerteza da ida a Caracas, pedradas no intervalo do encontro e ameaças de rapto dos benfiquistas
Em 1965, o Benfica foi convidado a participar na Pequena Taça do Mundo, uma competição de carácter particular que se realizaria em Caracas, na Venezuela. Aproveitando a deslocação à América do Sul, o Benfica aceitou um convite do Vasco do Gama para um encontro particular, no Maracanã, agendado para 8 de Julho.
A caravana benfiquista saiu de Lisboa em 6 de Julho de 1965, em direcção ao Rio de Janeiro, mas ainda sem a confirmação da realização dos jogos em Caracas, dos quais se sabia, ainda, muito pouco. A principal dúvida da eventual ida à Venezuela prendia-se com uma exigência do Benfica, que tinha pedido que fosse efectuado um depósito bancário, para garantia das passagens de avião de regresso a Lisboa. A equipa já estava no Rio de Janeiro quando, de facto, se confirmou que viajaria até à capital venezuelana, a fim de defrontar o Atlético de Madrid.
Em 11 de Julho, o Benfica perdeu com os colchoneros, por 3-0. Ao intervalo, a partida esteve interrompida durante 28 minutos, devido ao arremesso de pedras e consequente invasão de campo, incidente que se saldou com, pelo menos, oito espectadores com cabeças partidas.
Mais tarde, soube-se que, para além das pedradas, a comitiva benfiquista esteve também em risco com uma ameaça de rapto aos jogadores. O episódio foi publicado ao jornal A Bola só quando a caravana se encontrava a escassas horas do regresso a Lisboa. Apesar de todos os cuidados que a equipa teve com a segurança dos jogadores e daqueles que os acompanhavam, na véspera da final do torneio, o chefe da caravana benfiquista, tenente-coronel Rodrigues de Carvalho, recebeu um telefonema que o informava de que 'se preparava o rapto de Eusébio e Costa Pereira'.
Redobradas as cautelas, tudo acabou por não passar apenas de um grande susto.
Em 17 de Julho, o Benfica venceu o Atlético de Madrid, por 1-0. Por serem jogados a pontos, os dois encontros disputados com os espanhóis deram em empate, pelo que, no mesmo dia, foi realizado um jogo de desempate de 30 minutos, tendo o Benfica vencido por 2-0 e conquistado o troféu em disputa.
A Taça Nieves M. de Gaubeka, que premiou o vencedor e foi trazida em segurança para Portugal, pode ser vista na área 12 - Honrar o País do Museu Benfica - Cosme Damião."
Marisa Manana, in O Benfica
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