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sábado, 21 de agosto de 2021

BANCADOLÂNDIA

 


"A quadrilhice do século XXI, pelas narrativas conspirativas que inspira e desenvolve em diferentes quadrantes mediáticos, é, cada vez mais, um veneno que constrange as emoções espontâneas e instintivas nos relvados e nas suas principais zonas periféricas.

Dantes, a intriga barata, lembro-me, morava na casa da vizinha. Não importava onde, quando eu como, os mexericos de alcofa eram obra dela, mas tinham, bastas vezes, perna e validade curtas.
Com o advento das redes sociais, as tramas 'por nada e por tudo' entranharam-se, disseminaram-se, conquistaram audiências, motivaram seguidores e desaguaram numa moda que despreza a face benigna e expande, à náusea, o lado negativo.
Uns mais criativos, outros nem tanto; uns mais polidos, outros agarrados à pobreza da letra ou das berrarias, os promotores desta ordem reconstrutiva das ocorrências pelo perverso ângulo do 'voyeurismo' andam aí e modificam comportamentos nos jogadores, treinadores dirigentes e demais elementos que pisam as áreas de primeira linha de escrutínio 'no jogo'.
Pelo que observamos no espaço de análise do burgo lusitano, a expressão genuína de emoções no futebol jogado e treinado é recorrentemente posta em causa por quem, por exemplo, aproveita factos banais em momentos de stress competitivo ou manifestações mais expansivas por razões que a nossa razão desconhece para inventar o drama e a cisão. Escutámos a valsa das insinuações logo na 1.ª jornada do Campeonato 2021/22, no pós-Moreirense...
Tática, técnica, treino, modelos, sistemas, lances estudados... tudo ou quase varrido para debaixo do tapete, salvo exíguas exceções na dissecação do jogo jogado, porque os enredos privilegiados são os poluentes, das leituras torcidas ou distorcidas à medida da conveniência, e não os de cariz pedagógico.
Se um décimo do tempo de antena e da tinta gastos nestes 'exercícios' se convertesse em debates, reflexões, análises e procura de soluções de temas verdadeiramente, relevantes e transversais no futebol, talvez problemas (sérios) como o 'Cartão do Adepto0 já não o fossem..."

João Sanches, in O Benfica

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