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domingo, 8 de agosto de 2021

MOREIRENSE 1X2 BENFICA: MUITO SOFRIMENTO NA ESCALA ENTRE MOSCOVO E LISBOA

 


"A Crónica: Um Jogo, Duas Partes
O SL Benfica foi vencer por 2-1 a Moreira de Cónegos, amealhando os primeiros três pontos na Primeira Liga 2021/22. Numa partida difícil como manda a tradição, as águias não deixaram fugir a vantagem que alcançaram, apesar do esforço e do golo dos visitados. Atentemos agora nas incidências da partida (marcada por uma expulsão e duas partes bem distintas).
Após oito minutos mornos, as águias voaram a pique para a baliza dos cónegos. No caso, foi a mais jovem águia a fazê-lo. Gonçalo Ramos desmarcou-se bem e conduziu a bola até à área dos visitados, sem conseguir, todavia, desfeitear Pasinato. Contudo, na sequência do canto originado, Lucas Veríssimo aproveitou bem um conjunto de ressaltos para empurrar com a cabeça a bola para as malhas do Moreirense FC.
Dois minutos depois, poderia ter surgido novo rude golpe para os minhotos, mas a expulsão de Artur Jorge foi revertida por Vítor Ferreira, após o juiz da partida ter visionado as imagens e ter percebido que o “4” dos cónegos havia tocado a bola antes de derrubar Waldschmidt (o alemão preparava-se para se isolar, bem solicitado por Taarabt).
Dez minutos volvidos após o primeiro tento, eis que o segundo se escreve. Desta feita, em alemão. Procurado e achado em profundidade por Veríssimo (que mantém a toada dos bons passes), Diogo Gonçalves consegue cruzar rasteiro, sem conseguir encontrar Ramos. Todavia, o esférico sobeja para Waldschmidt que, com o auxílio do seu pé predileto – o esquerdo -, fuzila as redes de Pasinato.
As peças do xadrez verde-e-branco tardaram a aparecer, mas quando o fizeram – à passagem da meia hora de jogo – alcançaram mesmo o golo da redução. Na sequência de um lançamento lateral, Yan Matheus encontrou muito bem Rafael Martins em profundidade. Já na área, o “99” do Moreirense FC contornou Vlachodimos e atirou para a baliza deserta.
Estava dado o mote para o ressurgir da fénix alviverde. Os pupilos de João Henriques granjearam confiança e cresceram no jogo nos minutos seguintes, tendo mesmo colocado o guardião encarnado à prova, que o grego passou com distinção. A lesão de Walterson veio travar o momento dos cónegos, não tanto pela preponderância do brasileiro, mas pelo “gelo” que veio colocar no encontro.
Não surpreendeu, assim, que as oportunidades de golo até ao intervalo tenham circundado apenas a baliza à guarda de Pasinato. Com Ramos endiabrado e irrequieto, as águias encostaram o adversário às cordas e desferiram vários golpes, nenhum para knockout, muito graças à boa prestação do guarda-redes dos da casa.


O início da segunda parte não foi disruptivo em relação ao início da primeira. O primeiro lance digno de registo no segundo tempo foi mesmo a expulsão de Diogo Gonçalves, por vermelho direto após entrada dura sobre Conté, que ficou lesionado e foi substituído. Num segundo tempo acidentado e mal jogado, as oportunidades de par a par foram escassas.
Vlachodimos ainda foi posto à prova (mais uma vez passou), Pasinato nem tanto (exceção feita a um lance já nos descontos, em que Gonçalo Ramos tentou picar a bola por cima do “14” alviverde, com o guardião a levar a sua avante). O resultado permaneceu inalterado até ressoar o apito final e o SL Benfica mantém viva a tradição recente de entrar a vencer na Primeira Liga Portuguesa.

A Figura
Gonçalo Ramos – A par de Rafael Martins, o melhor e mais irrequieto em campo. Ao contrário do homólogo do Moreirense FC, Ramos não marcou, mas trabalhou ainda mais do que o imenso que trabalhou Rafael Martins.
Também pela diluição da importância do golo de Martins pelo resultado final, o prémio segue para o olhanense que, por certo, terminou o encontro sem uma gota de água na parte de dentro do corpo. Kudos para o “99” do Moreirense FC, ainda assim.

O Fora de Jogo
Diogo Gonçalves – O lateral português ainda mostrou estar bem ofensivamente no primeiro tempo, mas apagou-se na restante partida. Quando ressurgiu, escolheu a pior forma para o fazer: num lance no primeiro terço ofensivo dos alviverdes, com Meïté no apoio e sem possibilidade de conquistar a bola, Diogo entrou duro sobre Abdu Conté, atingindo-o com os pitões no tornozelo e obrigando mesmo o “5” do Moreirense FC a abandonar a partida, deixando o SL Benfica a jogar 35 minutos em inferioridade numérica e em sobre-esforço.

Análise Tática – Moreirense FC
Sem receio de utilizar um bloco médio com tendência a bloco alto e sem medo de pressionar a primeira fase construção das águias – caindo sobre o portador da bola, sobretudo quando o mesmo era um dos médios (Meïté ou Taarabt), os comandados de João Henriques colocaram algumas dificuldades ao ataque posicional dos encarnados.
Todavia, quando os homens de vermelho conseguiam ludibriar esta pressão e encontravam um homem entre linhas (geralmente Taarabt, mas também – e com alguma supresa – Everton), eram os homens de verde e branco quem sofriam. Na construção, o Moreirense FC começava por apostar no seu bom jogo interior – graças ao bom trabalho de Fábio Pacheco e Filipe Soares -, procurando, numa fase mais avançada do processo, lateralizar o seu jogo.
Para tal, muito contribuíam as subidas dos homens dos corredores laterais e a entrega ao jogo dos homens da frente (Yan Matheus e Rafael Martins mais do que todos), que procuravam zonas mais próximas das linhas laterais para receber a bola e combinar entre si.
Eram também os homens da frente os primeiros e mais proeminentes elementos na pressão exercida pela turma alviverde, que se apresentou num 3-4-3 até aos últimos 15 minutos da partida. Com a entrada de André Luís e com a saída de Artur Jorge, o Moreirense FC passou a alinhar num 4-4-2, com Rafael Martins e André Luís em parceira na frente de ataque, procurando aproveitar o homem em falta do lado encarnado da contenda.

11 Inicial e Pontuações
Pasinato (7)
Artur Jorge (6)
Rosic (5)
Abdoulaye Ba (6)
Abdu Conté (6)
Fábio Pacheco (6)
Filipe Soares (6)
Walterson (5)
Felipe Pires (5)
Yan Matheus (6)
Rafael Martins (8)
Subs Utilizados
Ismael (5)
Gonçalo Franco (5)
Frimpong (5)
André Luís (5)
Galego (5)

Análise Tática – SL Benfica
Subvertendo as expetativas, Jorge Jesus manteve a aposta nos três centrais e no seu novo “brinquedo” – o 3-4-3. Com Gil Dias na ala esquerda e com Everton e Waldschmidt a ladearem Ramos (pela canhota e pela direita do ataque, respetivamente – ainda que alternando regularmente), o SL Benfica procurou ser dinâmico e móvel, fazendo uso dos movimentos interiores dos extremos de “pés trocados” e das subidas dos laterais com propensão ofensiva (ambos conhecem bem os terrenos mais avançados).
A capacidade demonstrada pelos três centrais para construir e o apoio sólido de Meïté (que funcionou como um “6” altamente fixo, possibilitando maior liberdade ao colega de meio-campo) permitiam que os restantes elementos canalizassem a maioria dos seus esforços no momento ofensivo e facultava-lhes a possibilidade de ocuparem espaços avançados mais tempo.
No momento de defender, eram notórias maiores dificuldades da dupla Meïté/Taarabt em relação ao evidenciado na quarta-feira em Moscovo pela dupla Weigl/João Mário (com bola estiveram bem).
Conhecida e reconhecidamente precipitado e pouco dado a rigores táticos, Taarabt precisava de uma companhia que estivesse mais entrosada no plantel. Não obstante, ambos mostraram vontade e agressividade (da boa) sem bola. Além disso, também a falta de capacidade para proteger as costas da linha defensiva ficou patente em alguns momentos ofensivos do Moreirense FC (em particular no golo cónego).
A expulsão de Diogo Gonçalves forçou as águias a alinharem o restante tempo em 3-4-2, com Everton e Ramos na frente, ficando o brasileiro a dar continuidade ao trabalho interior que havia feito durante a partida (nunca havia o “Cebolinha” alinhado tanto tempo por dentro ao serviço do SL Benfica).

11 Inicial e Pontuações
Vlachodimos (7)
Diogo Gonçalves (4)
Lucas Veríssimo (7)
Otamendi (6)
Vertonghen (5)
Gil Dias (6)
Meïté (7)
Taarabt (6)
Waldschmidt (6)
Everton (6)
Gonçalo Ramos (8)
Subs Utilizados
Gilberto (5)
Weigl (5)
Rafa (5)
Gedson (5)
Grimaldo (5)

BnR na Conferência de Imprensa
Moreirense FC
BnR: Fez três alterações aos 78 minutos. Pergunto-lhe: que leitura fez do jogo nessa altura e o que tentou alterar em termos táticos com essas substituições?
João Henriques: Tivemos a saída do Abdu Conté, tínhamos o Yan Matheus a pedir para sair. Decidimos arriscar e colocar dois avançados, passámos para o 4-4-2, porque também temos vindo a trabalhar nesse sistemas para soluções de recurso como era o caso. A substituição foi logo imaginada a partir dos 70 minutos e aquelas entradas foram para, precisamente, manter os dois alas para continuar a carregar, ter dois avançados. Decidimos colocar mais risco e mais gente na área, para ter mais oportunidades de concretizar.

SL Benfica
Não foi possível colocar questões ao treinador do SL Benfica, Jorge Jesus."

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