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sábado, 18 de setembro de 2021

WEIGL E JOÃO MÁRIO, CHARME COM BOLA



 "É natural que o leitor não saiba, mas a minha mãe é polícia. Isso significa que estou habituado a sentir-me em segurança desde criança. Porém, nunca me senti tão seguro como agora. Com uma dupla de meio-campo formada pelo Weigl e pelo João Mário, à noite nem tenho medo de dormir com a porta de casa aberta. Só não o fiz ainda, porque tenho dois patos e receio que fujam. Nenhum dos dois jogadores é soberbo e defender ou a atacar e, ao mesmo tempo, são ambos soberbos a defender e a atacar. Estranho, não é? Nem eu sei bem se o que acabei de escrever faz sentido, contudo é isso mesmo que eu sinto. Não precisam de recorrer à força do Javi Garcia, não têm as pernas compridas do Matic nem possuem a agressividade do Fejsa. Por outro lado, têm mais elegância do que a Georgina Rodriguez. O charme é tanto, que até os adversários se rendem quando o Weigl ou o João Mário se aproximam. Em vez de ser uma espécie de 'mãos ao ar, dá cá essa bola', é antes um 'com licença, caro colega, se não se importa, permita-me que me aproprie desse objecto redondo'. Quem tem coragem de recusar um pedido com tamanha gentileza? Para além disso, tanto um como outro têm uma capacidade de definição fora do vulgar. Parece que sabem sempre para onde é que o adepto está a pedir o passe. Encontram o espaço certo para a bola entrar com facilidade. Com a pequena diferença de não estarem sentados na bancada ou no sofá e assistir ao jogo com um plano de visão aéreo e cerveja na mão. O Weigl e o João Mário decidem tão bem, que eu próprio já ponderei perguntar-lhes se devo ou não pedir a minha namorada em casamento."


Pedro Soares, in O Benfica

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